Ricardo Bortolotti Azolini, 50 anos, de Araraquara (SP), viajou mais de 2, 2 mil km at\u00e9 o Tocantins para relembrar uma viagem com o pai, de quem herdou o ve\u00edculo. Renan Felipe Modenez, 30 anos, de S\u00e3o Carlos (SP), se aprofundou em estudos sobre mec\u00e2nica e customiza\u00e7\u00e3o para ele mesmo consertar o ve\u00edculo quando precisar. Dia Nacional do Fusca: confira encontro dos carros em Araraquara O escrevente Ricardo tem praticamente a mesma idade do Fusquinha que est\u00e1 em sua fam\u00edlia h\u00e1 cinco d\u00e9cadas. Seu pai, Valdemar Azolini, comprou o ve\u00edculo 0 km em 1973, e desde ent\u00e3o Ricardo coleciona hist\u00f3rias e momentos inesquec\u00edveis. Um rol\u00ea memor\u00e1vel foi a viagem para Wanderl\u00e2ndia (TO), em 2018, para relembrar o trajeto realizado na inf\u00e2ncia com o pai. \u201cEu j\u00e1 tinha viajado para Tocantins com meu pai, porque ele gostava muito de pescar, e l\u00e1 tem o rio Tocantins e Araguaia, \u00e9 uma regi\u00e3o maravilhosa. Eu voltei para relembrar nossos bons momentos e decidi refazer a viagem que fiz com meu pai. Fui de Fusca para ser um desafio, a gente tinha ido de caminhonete antes\u201d, contou. Para encarar a longa viagem de 2.200 km, o carrinho estava totalmente revisado e preparado para a aventura. A viagem durou 4 dias, contando a ida e a volta. A \u00fanica lembran\u00e7a fotogr\u00e1fica que tem \u00e9 de um calend\u00e1rio de um posto onde trocou o filtro. A experi\u00eancia maior est\u00e1 guardada em sua mem\u00f3ria. \u201cMontei no carro que est\u00e1 sempre revisado, s\u00f3 troquei o \u00f3leo e fui embora. Eu, Jesus e meu anjo da guarda. S\u00f3 parei no posto Jap\u00e3o (Arraias-TO) para trocar o filtro de combust\u00edvel. Fui e voltei na paz\u201d, contou. Carro aguentou a viagem e o motorista s\u00f3 precisou trocar o filtro em um posto de Tocantins \u2014 Foto: Arquivo pessoal De volta \u00e0 Morada do Sol, Ricardo lembrou que um despachante comunicou espantado que ele havia levado uma multa em Bras\u00edlia e que o Fusca tinha sido clonado. \u201cNa viagem para o Tocantins eu acabei tomando uma multa em Bras\u00edlia, e o despachante n\u00e3o acreditava que eu mesmo tinha viajado para l\u00e1\u201d, disse rindo. Fusca viajou mais de 2 mil km at\u00e9 Wander\u00e2ndia (TO) para motorista reviver viagem que fez com o pai na inf\u00e2ncia \u2014 Foto: Arquivo pessoal Perrengues e cuidados Ricardo contou que tamb\u00e9m enfrentou uma situa\u00e7\u00e3o \u201ctensa\u201d enquanto dirigia na Via Expressa em Araraquara. Um caminhoneiro o alertou que sa\u00eda fuma\u00e7a do Fusquinha, e quando ele parou, percebeu que o motor pegava fogo. \u201cUma coisa que eu digo \u00e9 para nunca deixar a tampa do motor do Fusca trancada, porque na hora que pegou fogo, n\u00e3o consegui abrir a tampa, joguei o extintor nas labaredas que sa\u00edam, mas n\u00e3o extinguiu o fogo. Nisso, e o caminheiro veio e me ajudou com canecas de \u00e1gua, ele que conseguiu controlar. Mas o motor ficou completamente destru\u00eddo. At\u00e9 hoje eu ajudo qualquer caminhoneiro na estrada\u201d, disse. Ele aproveitou que teve que trocar o motor 1300 e colocou um mais potente, 1600. Super conservado, Ricardo ainda guarda o manual do carro, a chave reserva, a nota fiscal de compra e a placa original. E prometeu ao pai que cuidaria do carro o m\u00e1ximo poss\u00edvel para mant\u00ea-lo original. \u201cMeu pai me ensinou a conservar bem o Fusca e nunca fazer furos ou adapta\u00e7\u00f5es para que permanecesse o mais o pr\u00f3ximo do original. Mas como sempre foi um carro de uso di\u00e1rio, acabamos pintando com o tempo. Mas os sensores de alarme est\u00e3o no vidro para n\u00e3o ter que furar , e o som tamb\u00e9m adaptamos. A est\u00e9tica do carro \u00e9 igual de 50 anos atr\u00e1s. \u00c9 um carro que n\u00e3o tem pre\u00e7o e n\u00e3o vendo\u201d, contou. Manual do Fusca intacto e nota fiscal da compra em 1973 s\u00e3o guardados pela fam\u00edlia de Ricardo Azolini de Araraquara \u2014 Foto: Arquivo pessoal Customizador esportivo O amor da fam\u00edlia por carros antigos aliado \u00e0 facilidade de desenhar foi crucial para Renan Felipe Modenez, 29 anos, de S\u00e3o Carlos (SP), se aprofundar em estudos sobre mec\u00e2nica e customiza\u00e7\u00e3o do ve\u00edculo. \u201cMinha fam\u00edlia teve alguns Fuscas. Mas no geral todos os modelos de carros customizados sempre me encantaram, principalmente os antigos. Um tio sempre me dava revistas sobre carros e minha m\u00e3e sempre me incentivou a desenhar. Assim, eu comecei a criar meus modelos tunados no papel, e sempre tive o sonho de quando crescer ter um carro antigo\u201d, contou. Renan segue a customiza\u00e7\u00e3o da Velha Escola Brasileira (VEB) que \u00e9 voltada para as d\u00e9cadas de 1960, 1970 e 1980. Ele est\u00e1 sempre atento a acess\u00f3rios e \u201cca\u00e7ando\u201d pe\u00e7as diferenciadas para o fusquinha. \u201cMeu Fusca \u00e9 customizado no estilo hoje chamado de VEB , uma \u00e9poca que n\u00e3o havia exporta\u00e7\u00f5es, ent\u00e3o as empresas nacionais come\u00e7aram a surgir com milhares de acess\u00f3rios esportivos como rodas, volantes, bancos, pe\u00e7as para motor em geral. Assim eu me aprofundei mais sobre o modelo mais amado do mundo \u201d, disse. Renan contou que j\u00e1 teve outros Fuscas e esse \u00faltimo, de 1973, est\u00e1 com ele h\u00e1 3 anos. “Foi um achado em um an\u00fancio do Facebook”, disse. Fusca foi um achado em um an\u00fancio do Facebook em S\u00e3o Carlos h\u00e1 tr\u00eas anos. Ao fundo o, Fusca azul que j\u00e1 foi vendido pelo propriet\u00e1rio \u2014 Foto: Arquivo pessoal O motorista s\u00e3o-carlense \u00e9 adepto do fa\u00e7a-voc\u00ea-mesmo e conserta o carro em sua garagem. \u201cSempre tive o interesse em mexer em casa, sou do fa\u00e7a voc\u00ea mesmo. Me aprofundei em mec\u00e2nica e tudo que \u00e9 poss\u00edvel mexo em casa, \u00e9 muito prazeroso. Customizar sempre esteve comigo, desde pequeno na \u00e9poca do tuning, Velozes e Furiosos, miniaturas e jogos de carro. Que crian\u00e7a n\u00e3o sonhava em ter um carro diferente ? Com aqueles jogos e filmes da \u00e9poca? O Fusca foi a melhor escolha que fiz pois sempre amei esse carrinho\u201d, contou. O s\u00e3o-carlense Renan Modenez \u00e9 adepto da Velha Escola Brasileira (VEB) e curte customizar o fusquinha \u2014 Foto: Arquivo pessoal Sobre o Fusca Em 1935, o alem\u00e3o Ferdinand Porshe fabricou o modelo Fusca com o nome de Typ I como um ve\u00edculo popular e econ\u00f4mico. Durante anos, o ve\u00edculo passou por moderniza\u00e7\u00f5es na mec\u00e2nica, est\u00e9tica e come\u00e7ou a ser utilizado para diversas finalidades, como uso pelo correio e at\u00e9 como ve\u00edculo militar durante a Segunda Guerra Mundial, em 1939. O carro se popularizou e teve mais de 21 milh\u00f5es de modelos produzidos no mundo, e tamb\u00e9m \u00e9 conhecido como Beetle, Bug, Carocha, Coccinelle, Escarabajo , K\u00e4fer, Type 1 e Maggiolino. J\u00e1 no Brasil, o ve\u00edculo come\u00e7ou a ser fabricado em 1959 e ganhou apelidos de \u201cFusquinha\u201d e \u201cFusc\u00e3o\u201d. Cores vibrantes e fortes como azul, verde-abacate e laranja eram produzidos e queridinhos dos motoristas. Em 1986, a produ\u00e7\u00e3o nacional foi paralisada, sendo retomada em 1993 pelo presidente Itamar Franco. Ap\u00f3s tr\u00eas anos, saiu de linha definitivamente e hoje \u00e9 motivo de muitas mem\u00f3rias, colecionadores e rel\u00edquias de fam\u00edlias. REVEJA V\u00cdDEOS DA EPTV CENTRAL: <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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