{"id":48452,"date":"2025-01-18T04:00:00","date_gmt":"2025-01-18T07:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/documentario-sobre-como-a-censura-afetou-o-punk-brasileiro-e-lancado-no-interior-de-sp-e-retoma-letras-vetadas-na-ditadura-militar\/"},"modified":"2025-01-18T04:00:00","modified_gmt":"2025-01-18T07:00:00","slug":"documentario-sobre-como-a-censura-afetou-o-punk-brasileiro-e-lancado-no-interior-de-sp-e-retoma-letras-vetadas-na-ditadura-militar","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/documentario-sobre-como-a-censura-afetou-o-punk-brasileiro-e-lancado-no-interior-de-sp-e-retoma-letras-vetadas-na-ditadura-militar\/","title":{"rendered":"Document\u00e1rio sobre como a censura afetou o punk brasileiro \u00e9 lan\u00e7ado no interior de SP e retoma letras vetadas na ditadura militar"},"content":{"rendered":"
Para contar essa hist\u00f3ria, o document\u00e1rio \u201cN\u00e3o \u00e9 Permitido: um recorte da censura ao Punk Rock no Brasil\u201d ser\u00e1 lan\u00e7ado neste s\u00e1bado (18), com exibi\u00e7\u00f5es em tr\u00eas cidades do interior paulista. A produ\u00e7\u00e3o resgata mem\u00f3rias de membros das bandas C\u00f3lera, Inocentes, Garotos Podres, Ratos de Por\u00e3o e Ulster, que passaram pela repress\u00e3o. – Acompanhe parte dos bastidores no “making of”, acima. Bandas do cen\u00e1rio do Punk Rock brasileiro participam do document\u00e1rio sobre como a censura afetou movimento durante ditadura militar \u2014 Foto: Nana Leme \ud83d\udcfd\ufe0fO material audiovisual estreia em Cosm\u00f3polis (SP) neste s\u00e1bado (18), chega a Piracicaba (SP) no dia 24 de janeiro e, em Americana (SP) no dia 25, antes de ser disponibilizado no Youtube. – Veja locais e hor\u00e1rios, ao final da reportagem. Com cerca de 35 minutos de dura\u00e7\u00e3o, o projeto contemplado pela lei de incentivo cultural Paulo Gustavo em Cosm\u00f3polis tem dire\u00e7\u00e3o de Fernando Calderan Pinto da Fonseca, Fernando Luiz Bovo, Matheus de Moraes e Renan Costa de Negri. O document\u00e1rio \u00e9 uma produ\u00e7\u00e3o do Coletivo Funderground. Pierre e Val da banda C\u00f3lera participam de document\u00e1rio sobre a censura no punk rock brasileiro \u2014 Foto: Nana Leme\/Reprodu\u00e7\u00e3o A ideia de gravar o document\u00e1rio veio a partir da pesquisa feita pelos diretores sobre a censura sofrida por diversas bandas do punk, com documentos resgatados da antiga Divis\u00e3o de Censura de Divers\u00f5es P\u00fablicas (DCDP). No document\u00e1rio, os entrevistados analisam os motivos pol\u00edticos, sociais e culturais por tr\u00e1s da censura. Participam da produ\u00e7\u00e3o: Jo\u00e3o Carlos Molina Esteves (J\u00e3o) \u2013 Ratos de Por\u00e3oVladimir de Oliveira (Vlad) – UlsterAriel Uliana Junior (Ariel Invasor) \u2013 Inocentes (\u00e0 \u00e9poca)Clemente Tadeu Nascimento – InocentesCarlos Mariano Lopes Pozzi (Pierre) – C\u00f3leraValdemir Pinheiro (Val) \u2013 C\u00f3lera e Olho SecoJose Rodrigues Mao Junior (Mao) \u2013 Garotos Podres Document\u00e1rio “N\u00e3o \u00e9 Permitido: um recorte da censura ao Punk Rock no Brasil” \u2014 Foto: Nana Leme \u274cLetras censuradas Renan contou ao g1 que ter encontrado a m\u00fasica Keeparologia \u00e9 Keeparologia, do Redson, \u00e9 important\u00edssimo para a hist\u00f3ria do punk. “Ela foi enviada em 1977, antes de ele formar as bandas C\u00f3lera e Olho Seco. As pessoas com quem falamos n\u00e3o a conhecem, nem mesmo seu parceiro de banda e irm\u00e3o, Pierre”, aponta um dos diretores do document\u00e1rio. “Com o encontro dessa m\u00fasica e de mais tr\u00eas do per\u00edodo, iniciamos, agora, uma busca por algu\u00e9m que tenha alguma grava\u00e7\u00e3o ou mem\u00f3ria sobre a can\u00e7\u00e3o. Pierre e Val falam um pouco sobre poss\u00edveis refer\u00eancias no document\u00e1rio. Mas, ainda estamos em busca de respostas”, esclarece. M\u00fasica ‘Keeparologia \u00e9 Keeparologia’, de Redson da banda C\u00f3lera, integra hist\u00f3ria do punk. \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Arquivo Nacional Documento enviado pelos pesquisadores mostra que muitas m\u00fasicas da banda Ulster foram vetadas em 1982. \u201cA banda Ulster, mesmo modificando parte das letras buscando ludibriar a censura, foi uma das mais censuradas\u201d, diz Negri. A faixa \u201cCorrup\u00e7\u00e3o\u201d, assinada por Jarbas Alves (conhecido como Jab\u00e1), ent\u00e3o baixista dos Ratos de Por\u00e3o, tamb\u00e9m recebeu o carimbo \u201cVetado\u201d. A composi\u00e7\u00e3o re\u00fane versos como \u201cA corrup\u00e7\u00e3o est\u00e1 acabando com a na\u00e7\u00e3o\u201d, e \u201cO \u00edndice de desemprego est\u00e1 crescendo \/ e eles fingem n\u00e3o estar vendo\u201d, por exemplo. Mao da banda Garotos Podres \u00e9 entrevistado durante document\u00e1rio sobre censura contra punk rock no Brasil \u2014 Foto: Nana Leme\/Reprodu\u00e7\u00e3o Documento de 1982 da Divis\u00e3o de Censura de Divers\u00f5es P\u00fablicas, do Departamento de Pol\u00edcia Federal, aponta que \u201cCorrup\u00e7\u00e3o\u201d e outras faixas de Jarbas Alves foram vetadas porque apresentam \u201cprotesto social, incitamento \u00e0 viol\u00eancia, protesto pol\u00edtico, o que caracteriza a filosofia punk, a que o grupo pertence. […] Deixa vis\u00edvel que a censura n\u00e3o queria letras de protesto\u201d, afirma a um dos produtores do document\u00e1rio, Fernando Bovo. \u201cMis\u00e9ria e Fome\u201d, da banda Inocentes, tamb\u00e9m foi vetada originalmente e aprovada ap\u00f3s algumas altera\u00e7\u00f5es. A can\u00e7\u00e3o tem o mesmo nome do material que o grupo lan\u00e7aria em LP. Entretanto de acordo com os pesquisadores, nove das 12 m\u00fasicas foram censuradas, fazendo com que o n\u00famero de m\u00fasicas lan\u00e7adas fosse reduzido e condensadas num EP. M\u00fasica ‘Corrup\u00e7\u00e3o’ da banda Ratos de Por\u00e3o \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Arquivo Nacional A faixa \u201cBatman\u201d, da banda Garotos Podres, recebeu carimbo referente ao impedimento no dia 4 de outubro de 1988. Assim, de acordo com os pesquisadores, \u00e9 poss\u00edvel que a m\u00fasica tenha sido a \u00faltima censurada. \u201cNo dia 4 de outubro, o diretor do \u00f3rg\u00e3o resolveu manter o veto \u00e0 m\u00fasica mesmo sabendo que no pr\u00f3ximo dia, 5 de outubro, ele seria revogado com a promulga\u00e7\u00e3o da Constitui\u00e7\u00e3o Federal de 1988\u201d, aponta Fernando Calderan, respons\u00e1vel pelas pesquisas junto com Renan. Clemente e Ariel da banda Inocentes \u2014 Foto: Nana Leme\/Reprodu\u00e7\u00e3o Pesquisas e origens \ud83d\udcc3 Renan Costa de Negri, um dos diretores do document\u00e1rio, falou ao g1 sobre o processo de “nascimento” das pesquisas que deram origem ao projeto. A ideia, segundo os produtores, \u00e9 a de que todo o material coletado seja transformado tamb\u00e9m em um livro em algum momento. O interesse pelo tema da censura ao punk surgiu ainda na pandemia, quando Renan e Fernando Calderan encontraram os arquivos de parte das bandas que aparecem no document\u00e1rio. A primeira foi o Ratos de Por\u00e3o, em seguida vieram Inocentes, Ulster, Camisa de V\u00eanus, Replicantes e tantas outras. Lista de m\u00fasicas da banda Ulster, vetadas pela censura brasileira em novembro de 1982 \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Arquivo Nacional As pesquisas passaram n\u00e3o s\u00f3 pelo Divis\u00e3o de Censura de Divers\u00f5es P\u00fablicas (DCDP), mas tamb\u00e9m pelo Sistema de Informa\u00e7\u00f5es do Arquivo Nacional (SIAN). Renan conta que n\u00e3o foi uma tarefa f\u00e1cil resgatar m\u00fasicas e documentos atrav\u00e9s desses meios. “A pesquisa pelo SIAN tem suas peculiaridades. No primeiro momento, fomos por palavras-chave como punk, anarquia e revolta. Depois, come\u00e7amos um processo mais detalhado de busca por meio da pesquisa do nome de artistas e das m\u00fasicas presentes em \u00e1lbuns e shows da \u00e9poca”, disse. Document\u00e1rio apresenta documentos resgatados que mostram a repress\u00e3o sofrida pelas bandas punk no Brasil nas d\u00e9cadas de 70 e 80 \u2014 Foto: Nana Leme Durante o processo de garimpo por documentos e evid\u00eancias, foram encontradas m\u00fasicas e diversos casos de altera\u00e7\u00e3o de letras devido \u00e0 censura. “Hav\u00edamos identificado casos de mudan\u00e7a de letras da banda Ulster para tentar driblar a censura, mas com a entrevista, percebemos que muitas outras can\u00e7\u00f5es tiveram a letra mudada. Isso n\u00e3o adiantou muito, a banda teve mais da metade das m\u00fasicas censuradas.” J\u00e3o, da banda Ratos de Por\u00e3o, participa do document\u00e1rio “N\u00e3o \u00e9 Permitido: um recorte da censura ao Punk Rock no Brasil” \u2014 Foto: Nana Leme A import\u00e2ncia do movimento punk \ud83e\udd1f Ao entrevistar os artistas, Fernando Calderan conta que puderam ter uma dimens\u00e3o maior do que foi a persegui\u00e7\u00e3o por aqueles que escolhiam n\u00e3o se calar durante a \u00e9poca de repress\u00e3o. A partir dos relatos, foi poss\u00edvel lembrar que a censura era s\u00f3 uma forma oficial de repreens\u00e3o. “Na escola, em casa e nas ruas suas ideias e express\u00f5es eram constantemente reprimidas. Ariel e Clemente destacaram que os pais tinham medo que os filhos sofressem com a persegui\u00e7\u00e3o do Estado e suas piores consequ\u00eancias”, relembra. Matheus de Moraes, da equipe de dire\u00e7\u00e3o e produ\u00e7\u00e3o do document\u00e1rio, estabelece com clareza que o punk \u00e9, na verdade, uma “forma de viver”, e que mudou a vida de todos que fizeram, e fazem, parte do movimento. “M\u00fasica \u00e9 a arte que nos faz pulsar a vida”, afirma. Decis\u00e3o da censura sobre letras da banda Ratos de Por\u00e3o reproduzida no document\u00e1rio \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Arquivo Nacional O diretor explica que \u00e9 necess\u00e1rio falar sobre censura e repress\u00e3o, em especial sendo parte de um movimento que \u00e9 constantemente atacado e tratado de forma preconceituosa. “O movimento punk possui artistas capazes de criar an\u00e1lises interessant\u00edssimas do Brasil em suas m\u00fasicas, textos e a\u00e7\u00f5es. E, pensando na valoriza\u00e7\u00e3o desse g\u00eanero t\u00e3o importante na desconstru\u00e7\u00e3o de valores preconceituosos, decidimos registrar parte da hist\u00f3ria ainda n\u00e3o contada sobre essas bandas e artistas que sempre andaram pelo underground”, afirma Renan. Vlad da banda Ulster em entrevista para document\u00e1rio ‘N\u00e3o \u00e9 Permitido – Um recorte da censura do Punk Rock no Brasil’ \u2014 Foto: Nana Leme\/Reprodu\u00e7\u00e3o Exibi\u00e7\u00f5es \ud83d\udcfd\ufe0f\ud83c\udfb8 A primeira exibi\u00e7\u00e3o do document\u00e1rio ocorre \u00e0s 20h deste s\u00e1bado (18), no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) Andorinhas de Cosm\u00f3polis (SP). O endere\u00e7o \u00e9 Rua Luiz Vaz de Cam\u00f3es, n\u00ba 114, no bairro Parque Residencial das Andorinhas. \ud83c\udfabA entrada \u00e9 gratuita, com retirada de ingressos pelo site. Para saber mais, clique \ud83d\udc49aqui. O document\u00e1rio tamb\u00e9m ter\u00e1 outras duas exibi\u00e7\u00f5es. No pr\u00f3xima sexta-feira, dia 24 de janeiro, em Piracicaba (SP) e no s\u00e1bado (25) em Americana (SP). Al\u00e9m dos pesquisadores, a equipe de produ\u00e7\u00e3o do document\u00e1rio \u00e9 formada por Gabriel Albertini, Jean Novaes, Jo\u00e3o Soave, Nana Leme, Henrique Lopes de Oliveira, Carol Verza, Gabriel Barsottini e J\u00e9ssica Pedroso. ***Sob supervis\u00e3o de Claudia Assencio M\u00fasica ‘Batman’ da banda Garotos Podres pode ter sido a \u00faltima letra do punk rock nacional a ser censurada um dia antes da promulga\u00e7\u00e3o da Constitui\u00e7\u00e3o brasileira \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Arquivo Nacional V\u00cdDEOS: Tudo sobre Piracicaba e regi\u00e3o <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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