Em n\u00fameros absolutos, a metr\u00f3pole ganhou 45 mil novos apartamentos, 12 mil casas e apresentou uma diminui\u00e7\u00e3o de 8 mil terrenos no per\u00edodo analisado. Tend\u00eancia que reflete a crescente verticaliza\u00e7\u00e3o da cidade e acompanha as mudan\u00e7as no uso do solo e na demanda habitacional. O levantamento foi realizado com base no registro do IPTU no in\u00edcio de cada ano, abrangendo casas, apartamentos e terrenos. Em 2015, Campinas contava com 112.813 apartamentos, n\u00famero que saltou para 155.644 em 2025. Enquanto isso, o n\u00famero de casas passou de 159.878 para 171.654, e os terrenos ca\u00edram de 90.586 para 82.929. [veja gr\u00e1fico abaixo] O g1 conversou com dois especialistas em urbanismo para entender o fen\u00f4meno de verticaliza\u00e7\u00e3o da cidade e os desafios relacionados \u00e0 infraestrutura e ao planejamento urbano. Gisela Cunha Viana Leonelli, arquiteta e urbanista, professora livre-docente do IAU-USP no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP – S\u00e3o CarlosJo\u00e3o Verde, professor aposentado da PUC Campinas; presidente da AREA – Associa\u00e7\u00e3o Regional de Escrit\u00f3rios de Arquitetura de Campinas; diretor do IAB-Campinas – Instituto de Arquitetos do Brasil, n\u00facleo Campinas; diretor do Pr\u00f3 Urbe – Pensando Campinas e Conselheiro do Condepacc- Conselho de Defesa do Patrim\u00f4nio Cultural de Campinas. Imagem a\u00e9rea do Centro de Campinas (SP) \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o EPTV Tend\u00eancia de verticaliza\u00e7\u00e3o? Para os urbanistas, o aumento em maior propor\u00e7\u00e3o de apartamentos na metr\u00f3pole \u00e9 uma tend\u00eancia mundial que vem ocorrendo em cidades de m\u00e9dio e grande porte. Ainda assim, ressaltam que o fen\u00f4meno n\u00e3o possa ser visto de forma generalizada, pois depende de v\u00e1rios contextos. A professora Leonelli aponta alguns motivos que favoreceram a intensifica\u00e7\u00e3o da verticaliza\u00e7\u00e3o de Campinas no per\u00edodo pesquisado: Per\u00edodo prolongado com juros baixos para financiamento de constru\u00e7\u00e3o e amplia\u00e7\u00e3o de cr\u00e9ditos;Otimiza\u00e7\u00e3o das incorporadoras que diminu\u00edram o prazo de execu\u00e7\u00e3o e entrega dos empreendimentos;Altera\u00e7\u00e3o do zoneamento a partir do Plano Diretor de 2019 que favoreceram a verticaliza\u00e7\u00e3o de bairros centrais como Cambu\u00ed e Nova Campinas. O professor Jo\u00e3o Verde complementa com outros pontos. Ele diz que tamb\u00e9m \u00e9 preciso levar em conta o valor das casas em \u00e1reas centrais que \u00e9 muito mais alto que apartamentos e a sensa\u00e7\u00e3o de maior de seguran\u00e7a. Leonelli complementa, que existe um fator comportamental relacionado a transi\u00e7\u00e3o demogr\u00e1fica que o Brasil vive atualmente. Ela comenta que a popula\u00e7\u00e3o do pa\u00eds est\u00e1 envelhecendo e a base da pir\u00e2mide et\u00e1ria revela uma diminui\u00e7\u00e3o significativa no n\u00famero de crian\u00e7as e jovens. \u201cA composi\u00e7\u00e3o familiar mudou […] A fam\u00edlia do comercial de margarina, pai, m\u00e3e, filhos e cachorro em frente da grama do condom\u00ednio tem ficado desbotada”, fala Leonelli. Tal fen\u00f4meno impacta tamb\u00e9m na escolha pelo tipo de moradia, e as pessoas acabam por priorizar uma maior mobilidade e acesso a servi\u00e7os e comodidades do entorno. Facilidades encontradas nos centros urbanos, e assim, aumentam a procura por apartamentos que s\u00e3o maioria nessas localidades. \u201cFam\u00edlias menores e a maior mobilidade da nova gera\u00e7\u00e3o explicam, em parte, o desinteresse por casas. No entanto, isso n\u00e3o significa que a verticaliza\u00e7\u00e3o deva ser total. \u00c9 poss\u00edvel preservar bairros de casas t\u00e9rreas com pol\u00edticas que incentivem a qualidade urbana e a conviv\u00eancia de usos residenciais e comerciais”, explica Leonelli. Imagem a\u00e9rea do centro de Campinas \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/EPTV Impactos e desafios Tanto a professora Leonelli, como o professor Jo\u00e3o Verde, concordam que a verticaliza\u00e7\u00e3o da regi\u00e3o central de Campinas \u00e9 inevit\u00e1vel e refor\u00e7am a necessidade de planejamento urbano integrado, que considere infraestrutura, mobilidade, qualidade ambiental e a preserva\u00e7\u00e3o de \u00e1reas residenciais tradicionais. Jo\u00e3o Verde diz que a verticaliza\u00e7\u00e3o pode minimizar problemas de planejamento urbano, sendo inclusive mais eficiente e sustent\u00e1vel do que a expans\u00e3o para novos loteamentos. No entanto, ele precisa ser realizado com aten\u00e7\u00e3o a altura dos edif\u00edcios. “Talvez n\u00e3o tivesse necessidade de edif\u00edcios t\u00e3o altos, como est\u00e3o sendo feitos aqui em Campinas com 40 pavimentos, mas n\u00f3s poder\u00edamos muito bem ter pr\u00e9dios com 20 pavimentos at\u00e9 25 pavimentos […] se a gente tiver uma cidade mais mista com muitas atividades comerciais e de servi\u00e7o nos bairros, as pessoas passam a usar menos o autom\u00f3vel”, analisa Jo\u00e3o Verde. O urbanista cita Paris e Barcelona como exemplos de cidades que possuem alta densidade urbana, mas onde a proximidade entre moradia, com\u00e9rcio e trabalho facilita o deslocamento a p\u00e9 ou por transporte p\u00fablico. A professora Gisela Leoneli, tem uma vis\u00e3o cr\u00edtica \u00e0 verticaliza\u00e7\u00e3o que ocorre em Campinas, pois atende frequentemente a interesses do mercado imobili\u00e1rio e oferece poucas contrapartidas urban\u00edsticas adequadas. “O planejamento deve direcionar o mercado imobili\u00e1rio, e n\u00e3o ser direcionado por ele […] a altera\u00e7\u00e3o de qualquer par\u00e2metro urban\u00edstico de uso e ocupa\u00e7\u00e3o do solo tem que estar vinculada a altera\u00e7\u00e3o\/adequa\u00e7\u00e3o\/melhoria da infraestrutura de tr\u00e2nsito, transporte p\u00fablico e saneamento”, ressalta a professora Gisela Leonelli. Ainda assim, ao se referir aos poss\u00edveis impactos ambientais, Gisela afirma que o aumento de apartamentos pode ser positivo quando conduzido adequadamente, mas ele deve vir acompanhado de novas \u00e1reas verdes e de lazer. \u201cO adensamento vertical, ainda mais para alta renda como no Cambu\u00ed e Nova Campinas, deve estar vinculado a uma contrapartida urban\u00edstica. No caso poderia ser um novo parque, novas \u00e1reas verdes, tanto no pr\u00f3prio bairro ou nas \u00e1reas mais vulner\u00e1veis para cidade\u201d, finaliza. V\u00cdDEOS: tudo sobre Campinas e regi\u00e3o <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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