A rede municipal de educa\u00e7\u00e3o, que re\u00fane 65 mil alunos, vai implantar um protocolo antirracista a partir do primeiro semestre letivo de 2025, que inicia em fevereiro. A medida come\u00e7a com capacita\u00e7\u00e3o das equipes escolares (o que inclui professores) para reduzir, nelas, a reprodu\u00e7\u00e3o de pr\u00e1ticas racistas. A forma\u00e7\u00e3o ocorrer\u00e1 por meio de palestras que abordam as rela\u00e7\u00f5es \u00e9tnico-raciais e a valoriza\u00e7\u00e3o das culturas. “O prop\u00f3sito final \u00e9 a gente ter constru\u00eddo uma pol\u00edtica de educa\u00e7\u00e3o antirracista, que seria um conjunto de a\u00e7\u00f5es perenes que v\u00e3o permanecer impactando no processo educacional\u201d, explicou o secret\u00e1rio Adjunto de Educa\u00e7\u00e3o de Campinas, Luiz Marighetti. Marighetti afirma que o protocolo serve como uma cartilha que identifica e descreve o que s\u00e3o atos de racismo, al\u00e9m de apontar as a\u00e7\u00f5es que precisam ser realizadas do ponto de vista educacional. Como acontece o encaminhamento, a caracteriza\u00e7\u00e3o e se \u00e9 necess\u00e1rio dar tratamento criminal ou n\u00e3o. \u201cA gente pretende come\u00e7ar a discutir a quest\u00e3o da aprendizagem das crian\u00e7as de forma um pouco mais concreta, olhando para a realidade de escola por escola. Nesta tarefa que a gente est\u00e1 envolvido agora porque o prop\u00f3sito final \u00e9 que a gente construa uma escola para todos”, fala. Escolas da rede municipal de Campinas v\u00e3o implantar protocolo antirracista a partir de fevereiro. \u2014 Foto: Milton Michida\/A2\/Governo de S\u00e3o Paulo Trabalho minucioso nas escolas \u201cExiste um movimento de segrega\u00e7\u00e3o pedag\u00f3gica que muitas vezes \u00e9 desconhecido pelo professor. Isso n\u00e3o ocorre necessariamente porque o professor \u00e9 racista, mas muitas vezes porque ele n\u00e3o reflete se esse processo pedag\u00f3gico \u00e9 adequado para essas crian\u00e7as, considerando a sua origem social e as necessidades mais pessoais\u201d, secret\u00e1rio adjunto. Com o protocolo, a meta \u00e9 avaliar cada escola e entender como funciona a \u201cdistin\u00e7\u00e3o pedag\u00f3gica\u201d, que \u201ctamb\u00e9m n\u00e3o \u00e9 igual, n\u00e3o existe um padr\u00e3o\u201d. Depende de uma s\u00e9rie de aspectos espec\u00edficos de escola e local onde est\u00e1 inserida, afirma o subsecret\u00e1rio. \u201cExiste o aspecto de olhar para essa realidade um pouco mais pedag\u00f3gica, que tamb\u00e9m deve passar por um movimento onde todas as escolas. Cada uma, vai ter que olhar para dentro de si”. O protocolo O documento faz parte de uma das etapas do desenvolvimento da chamada cultura antirracista nas escolas. A previs\u00e3o da secretaria \u00e9 que o protocolo seja publicado no in\u00edcio do per\u00edodo letivo. J\u00e1 a constru\u00e7\u00e3o da cultura antirracista, que foi iniciada como pol\u00edtica p\u00fablica em 2023 com a cria\u00e7\u00e3o de um grupo de estudo, seja realizado at\u00e9 o fim de 2026. Segundo Marighetti, foram encontradas incoer\u00eancias em rela\u00e7\u00e3o aos dados de alunos matriculados no sistema de ensino municipal, al\u00e9m de lacunas de informa\u00e7\u00f5es no que se refere \u00e0 aprendizagem e \u00e0 quest\u00e3o racial. O grupo de estudo, que buscou entender o quadro do racismo dentro das escolas, se expandiu no ano seguinte com a cria\u00e7\u00e3o de grupos de trabalho para a\u00e7\u00f5es de identifica\u00e7\u00e3o do racismo tanto em situa\u00e7\u00f5es cotidianas como em atos de discrimina\u00e7\u00e3o. Para Marighetti, \u00e9 importante compreender e atacar n\u00e3o apenas o \u201cracismo mais concreto\u201d, mas entender e melhorar a forma como os alunos rendem dentro das 203 escolas da rede, al\u00e9m de outras com contrato de colabora\u00e7\u00e3o que chegam quase a 250 unidades administradas. \u201cA gente quer entender por que as crian\u00e7as negras s\u00e3o as que t\u00eam o menor rendimento. Esse \u00e9 o foco principal\u201d, conta. Lei que equipara o crime de inj\u00faria racial a racismo entra em vigor Grupos que sofrem preconceito As a\u00e7\u00f5es em desenvolvimento, segundo Marighetti, n\u00e3o buscam reduzir desigualdades apenas para crian\u00e7as negras, mas alcan\u00e7ar outros grupos que sofrem preconceitos, como jovens ind\u00edgenas e ciganos. “N\u00e3o adianta mais a gente n\u00e3o ter situa\u00e7\u00e3o de inj\u00faria racial na escola, mas as crian\u00e7as pretas continuarem n\u00e3o conseguindo se alfabetizar na idade correta. Ou os meninos negros, ao inv\u00e9s de levarem nove anos para concluir o ensino fundamental, levarem 13 anos\u201d. \u201cNo final das contas, uma pol\u00edtica antirracista \u00e9 efetiva n\u00e3o s\u00f3 se voc\u00ea n\u00e3o tem mais ato de racismo concreto, vamos dizer assim, de inj\u00faria. N\u00e3o, n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 isso. Precisa tamb\u00e9m que todas as crian\u00e7as continuem a aprender”, finaliza. V\u00cdDEOS: tudo sobre Campinas e regi\u00e3o <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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