Maduro n\u00e3o apresentou provas de que venceu o pleito, ao contr\u00e1rio da oposi\u00e7\u00e3o, que realizou uma contagem paralela das atas eleitorais \u2014 reivindicando a vit\u00f3ria para o opositor Edmundo Gonz\u00e1lez Urrutia. “Ningu\u00e9m imp\u00f5e um presidente \u00e0 Venezuela”, disse em discurso. Ele criticou a oposi\u00e7\u00e3o e chamou o presidente da Argentina, Javier Milei, de “s\u00e1dico social”. Milei \u00e9 cr\u00edtico de Maduro. Maduro chega \u00e0 Assembleia Nacional para a posse \u2014 Foto: Gaby Oraa\/Reuters As elei\u00e7\u00f5es presidenciais na Venezuela ocorreram em 28 de julho de 2024. Antes mesmo da vota\u00e7\u00e3o, o regime de Maduro dificultava a participa\u00e7\u00e3o da oposi\u00e7\u00e3o, deixando claro que dificilmente o pleito seria livre. Venezuela: oposi\u00e7\u00e3o denuncia deten\u00e7\u00e3o da principal l\u00edder pela ditadura de Maduro No in\u00edcio de 2024, as autoridades eleitorais barraram a candidatura de Mar\u00eda Corina Machado, principal l\u00edder da oposi\u00e7\u00e3o a Maduro. Edmundo Gonz\u00e1lez surgiu como candidato surpresa, sendo um dos poucos a conseguir registrar-se para a disputa. A poucas semanas das elei\u00e7\u00f5es, o governo de Maduro revogou convites feitos a observadores internacionais, aumentando as suspeitas sobre o processo eleitoral. Barreiras tamb\u00e9m foram impostas contra fiscais da oposi\u00e7\u00e3o. Nicol\u00e1s Maduro faz juramento durante cerim\u00f4nia de posse para terceiro mandato \u00e0 Presid\u00eancia da Venezuela \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o Ap\u00f3s a vota\u00e7\u00e3o de 28 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro como vencedor, com pouco mais de 50% dos votos. Simultaneamente, a oposi\u00e7\u00e3o afirmou que Gonz\u00e1lez havia vencido com ampla vantagem, com base em atas eleitorais coletadas nos locais de vota\u00e7\u00e3o. Desde ent\u00e3o, iniciou-se uma disputa de narrativas que resultou em mortes e na pris\u00e3o de centenas de pessoas. Edmundo Gonz\u00e1lez foi exilado na Espanha, enquanto Mar\u00eda Corina Machado permanece escondida na Venezuela. Gonz\u00e1lez garantiu que tomaria posse na Venezuela nesta sexta-feira. Saiba como foi o processo eleitoral: O resultado das elei\u00e7\u00f5esOs protestos violentosO ex\u00edlio de Gonz\u00e1lez A rea\u00e7\u00e3o da comunidade internacionalA expectativa para a posse 1. O resultado das elei\u00e7\u00f5es Homem vota nas elei\u00e7\u00f5es presidenciais em Caracas, na Venezuela. \u2014 Foto: Maxwell Briceno\/REUTERS O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) demorou para publicar o resultado das elei\u00e7\u00f5es de 28 de julho. Durante a madrugada do dia seguinte, as autoridades eleitorais alegaram que o \u00f3rg\u00e3o sofreu um ataque hacker, o que teria atrasado a transmiss\u00e3o dos dados. Em seguida, foi anunciado que Maduro havia sido reeleito com 51,2% dos votos, contra 44,2% de Gonz\u00e1lez. Mesmo com a apura\u00e7\u00e3o em cerca de 80%, o CNE declarou que o resultado apresentava uma tend\u00eancia “irrevers\u00edvel”. A oposi\u00e7\u00e3o, que desconfiava de fraude, decidiu coletar todas as atas eleitorais impressas pelas urnas eletr\u00f4nicas. A opera\u00e7\u00e3o contou com a colabora\u00e7\u00e3o de fiscais partid\u00e1rios, eleitores e militantes. Com os dados das urnas em m\u00e3os, a oposi\u00e7\u00e3o afirmou que Gonz\u00e1lez havia vencido por ampla vantagem, com quase 70% dos votos. Todos os documentos foram disponibilizados em um site. Organiza\u00e7\u00f5es internacionais analisaram os arquivos e confirmaram que os dados eram leg\u00edtimos. Enquanto isso, o CNE se recusou a apresentar as atas eleitorais das urnas. O \u00f3rg\u00e3o, controlado por Maduro, informou que uma revis\u00e3o dos documentos seria realizada pela Suprema Corte, tamb\u00e9m composta por aliados do regime chavista. Em agosto, a Suprema Corte declarou que os resultados que deram vit\u00f3ria a Maduro estavam corretos e que a decis\u00e3o era “inapel\u00e1vel”. Contudo, as autoridades mantiveram as atas em sigilo e proibiram a sua divulga\u00e7\u00e3o. 2. Os protestos violentos Protestos ap\u00f3s reelei\u00e7\u00e3o de Maduro ser proclamada na Venezuela \u2014 Foto: Reuters\/Samir Aponte O resultado das elei\u00e7\u00f5es provocou uma onda de protestos na Venezuela. J\u00e1 no dia seguinte \u00e0 vota\u00e7\u00e3o, milhares de pessoas foram \u00e0s ruas. Manifesta\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m foram registradas nas principais cidades do mundo. Na Venezuela, os protestos foram marcados por viol\u00eancia e repress\u00e3o autorit\u00e1ria. Testemunhas relataram que agentes do governo atiraram contra manifestantes e lan\u00e7aram bombas de efeito moral. Apenas nas primeiras 24 horas, onze pessoas morreram e 700 foram presas. Maduro e o Minist\u00e9rio P\u00fablico da Venezuela acusaram Edmundo Gonz\u00e1lez e Mar\u00eda Corina Machado de organizarem as manifesta\u00e7\u00f5es. O procurador-geral, Tarek William Saab, afirmou que a l\u00edder da oposi\u00e7\u00e3o deveria responder criminalmente pelas mortes. Os protestos continuaram nos meses seguintes. At\u00e9 o fim de dezembro, balan\u00e7os compilados por ONGs indicaram 28 mortes e 2,4 mil presos. Desse total, o governo anunciou a liberta\u00e7\u00e3o de mais de 1.000 detidos. Ainda assim, a oposi\u00e7\u00e3o denuncia regularmente pris\u00f5es arbitr\u00e1rias de cr\u00edticos ao regime Maduro, classificando-as como sequestros. Uma das v\u00edtimas mais recentes foi o genro de Gonz\u00e1lez, detido por homens encapuzados na segunda-feira (6). “Eles tiraram nossas roupas, nos agrediram e nos insultaram, gritando ‘terroristas’. Era proibido levantar o rosto e olhar para os carcereiros; t\u00ednhamos que manter o rosto voltado para o ch\u00e3o”, relatou. “Eles nos davam comida apodrecida. \u00c0s vezes, serviam pele com arroz picado, o mesmo que se d\u00e1 para as galinhas ou para os cachorros. Outras vezes, eles nos davam sardinhas que j\u00e1 estavam vencidas.” Tamb\u00e9m h\u00e1 relatos de presos que ficaram feridos ou doentes e tiveram atendimento m\u00e9dico negado. 3. O ex\u00edlio de Gonz\u00e1lez Edmundo Gonz\u00e1lez \u2014 Foto: REUTERS\/Juan Medina Um m\u00eas ap\u00f3s as elei\u00e7\u00f5es, a Justi\u00e7a da Venezuela emitiu um mandado de pris\u00e3o contra Edmundo Gonz\u00e1lez. O opositor foi acusado de crimes como usurpa\u00e7\u00e3o de fun\u00e7\u00f5es da autoridade eleitoral, falsifica\u00e7\u00e3o de documentos oficiais, incita\u00e7\u00e3o a atividades ilegais, sabotagem de sistemas e associa\u00e7\u00e3o criminosa. Ap\u00f3s a assinatura, Gonz\u00e1lez foi colocado em um avi\u00e3o e enviado para a Espanha, onde recebeu asilo pol\u00edtico. Na Europa, o opositor disse acreditar que ser mais \u00fatil permanecer livre e fora do pa\u00eds do que preso e impossibilitado de lutar pelo resultado das elei\u00e7\u00f5es. “Eu fiz isso pensando na minha fam\u00edlia e em todas as fam\u00edlias venezuelanas neste momento de tanta tens\u00e3o e ang\u00fastia”, disse em setembro. No final de 2024, Gonz\u00e1lez anunciou sua inten\u00e7\u00e3o de retornar \u00e0 Venezuela para tomar posse como presidente na cerim\u00f4nia marcada para esta sexta-feira (10). A declara\u00e7\u00e3o irritou Maduro e o regime venezuelano, que reagiram emitindo avisos de que o opositor continuava sendo procurado pela pol\u00edcia. 4. A rea\u00e7\u00e3o da comunidade internacional Reuni\u00e3o da OEA discute situa\u00e7\u00e3o da Venezuela, em 16 de agosto de 2024 \u2014 Foto: OEA As elei\u00e7\u00f5es na Venezuela surgiram de um acordo firmado em 2023, quando Nicol\u00e1s Maduro assinou, em Barbados, um documento que estabelecia garantias para que o pleito presidencial fosse justo e democr\u00e1tico. O Brasil desempenhou um papel central na negocia\u00e7\u00e3o do acordo, que tamb\u00e9m levou ao al\u00edvio de san\u00e7\u00f5es econ\u00f4micas impostas pelos Estados Unidos contra a Venezuela. A comunidade internacional passou a desconfiar que Maduro n\u00e3o iria cumprir com acordo quando Mar\u00eda Corina Machado foi impedida de participar das elei\u00e7\u00f5es. Depois, outros opositores tiveram dificuldades em se candidatar. Diante disso, os EUA reestabeleceram as san\u00e7\u00f5es contra a Venezuela. Ap\u00f3s as elei\u00e7\u00f5es, os pa\u00edses passaram a pressionar o governo venezuelano a publicar as atas das urnas eleitorais. O objetivo seria comparar os resultados com os dados que a oposi\u00e7\u00e3o havia divulgado \u2014 que indicam a vit\u00f3ria de Gonz\u00e1lez. At\u00e9 hoje, as atas oficiais continuam sob sigilo. Diversos \u00f3rg\u00e3os internacionais tamb\u00e9m apontaram falta de transpar\u00eancia e ind\u00edcios de fraude no pleito. O Centro Carter, um dos principais observadores eleitorais do mundo, analisou as atas da oposi\u00e7\u00e3o e afirmou que Gonz\u00e1lez, de fato, venceu as elei\u00e7\u00f5es. A press\u00e3o internacional fez com que Maduro se isolasse ainda mais. Ele rompeu rela\u00e7\u00f5es diplom\u00e1ticas com pa\u00edses como Argentina e Paraguai. O venezuelano tamb\u00e9m passou a trocar farpas com Lula, que era seu aliado. O presidente brasileiro n\u00e3o reconheceu a vit\u00f3ria de Maduro. Nos \u00faltimos meses, pa\u00edses como Estados Unidos, Espanha, It\u00e1lia, Argentina e Chile reconheceram Edmundo Gonz\u00e1lez como presidente eleito. O Brasil n\u00e3o adotou uma posi\u00e7\u00e3o oficial sobre quem venceu as elei\u00e7\u00f5es e afirma aguardar a divulga\u00e7\u00e3o das atas. 5. A expectativa para a posse Presidente da Venezuela, Nicol\u00e1s Maduro \u2014 Foto: REUTERS\/Maxwell Briceno Maduro deve ter uma posse esvaziada, com a presen\u00e7a de poucos chefes de Estado. Aliados de longa data, como os presidentes de Cuba e da Nicar\u00e1gua, devem comparecer. Alguns primeiros-ministros africanos tamb\u00e9m foram confirmados. No caso do Brasil, o pa\u00eds deve ser representado pela embaixadora Gliv\u00e2nia Maria de Oliveira. No entanto, o governo Lula resolveu reavaliar o envio da diplomata ap\u00f3s o ataque envolvendo Mar\u00eda Corina Machado. Ainda em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 Am\u00e9rica Latina, Col\u00f4mbia e M\u00e9xico ser\u00e3o representados pelos embaixadores que j\u00e1 est\u00e3o na Venezuela. J\u00e1 outros pa\u00edses da regi\u00e3o, como Argentina, Chile, Paraguai e Peru, n\u00e3o enviar\u00e3o delega\u00e7\u00f5es. R\u00fassia, China e Belarus, que s\u00e3o aliados da Venezuela, tamb\u00e9m enviar\u00e3o representantes. No entanto, nenhum dos presidentes desses tr\u00eas pa\u00edses deve comparecer \u00e0 posse. No caso da R\u00fassia, o enviado ser\u00e1 o presidente do Parlamento, Vyacheslav Volodin. A cerim\u00f4nia de posse est\u00e1 prevista para come\u00e7ar por volta das 13h, pelo hor\u00e1rio de Bras\u00edlia. Maduro deve discursar duas vezes. V\u00cdDEOS: mais assistidos do g1 <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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