Conforme voc\u00ea se movimenta, surgem imagens abstratas e coloridas acompanhadas de diferentes sons, que variam de acordo com a intensidade e a fluidez das a\u00e7\u00f5es. Resumidamente, \u00e9 assim que funciona uma tecnologia desenvolvida na Unicamp que busca unir arte e ci\u00eancia na reabilita\u00e7\u00e3o de pacientes com sequelas neurol\u00f3gicas e motoras, como pessoas que tiveram acidente vascular cerebral (AVC). Criado pela music\u00f3loga Elena Partesotti em parceria com a docente Gabriela Castellano, o BehCreative estimula processos art\u00edsticos e criativos para promover bem-estar f\u00edsico e psicol\u00f3gico. A ideia \u00e9 que o ambiente d\u00ea ao participante liberdade para escolher os movimentos que deseja realizar, conduzindo o pr\u00f3prio tratamento. \u201c O BehCreative s\u00e3o instrumentos digitais musicais estendidos. Basicamente, em poucas palavras, o seu corpo vira um instrumento musical \u201d, explica Elena Partesotti. \ud83d\udd0e Como funciona? A tecnologia, cujo nome deriva da express\u00e3o \u201cbehave creatively\u201d (comporte-se criativamente, em ingl\u00eas), utiliza um sistema de realidade virtual e aumentada composto por um computador, rastreador de gestos, projetores e caixas de som. A intera\u00e7\u00e3o ocorre a partir dos movimentos corporais do participante, que controlam sons e imagens projetados no ambiente. Segundo Partesotti, a proposta inicial era explorar os potenciais criativos e terap\u00eauticos do projeto no contexto da musicoterapia, especialmente em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 regula\u00e7\u00e3o emocional e \u00e0 express\u00e3o criativa. “\u00c9 o que eu chamo de empoderamento criativo, que \u00e9 um conceito que est\u00e1 ligado com a filosofia do corpo, que \u00e9 uma parte da filosofia muito importante que fala do fato que a gente \u00e9 o resultado da experi\u00eancia no ambiente. Esse \u00e9 um ambiente perfeito para voc\u00ea poder entender isso. Se voc\u00ea gosta do que voc\u00ea faz, mais voc\u00ea quer fazer”, explica Partesotti. Cores e sons se alteram de acordo com a fluidez dos movimentos \u2014 Foto: Bianca Garutti\/ g1 \ud83d\udcda Estudos e primeiros resultados Estudos preliminares realizados com um grupo de pessoas saud\u00e1veis mostraram que o projeto despertou altera\u00e7\u00f5es na conectividade cerebral em regi\u00f5es associadas \u00e0s emo\u00e7\u00f5es e \u00e0 criatividade. Segundo as pesquisadoras, em pacientes com acidente vascular cerebral (AVC), os estudos mostraram aumento de conectividade em \u00e1reas motoras. “O que a gente v\u00ea s\u00e3o altera\u00e7\u00f5es relacionadas ao que a gente chama de conectividade cerebral que \u00e9, basicamente, como as diferentes \u00e1reas do c\u00e9rebro conversam entre si, ent\u00e3o as \u00e1reas relacionadas \u00e0s emo\u00e7\u00f5es tiveram mais altera\u00e7\u00f5es”, explica Castellano. O uso no tratamento de pacientes segue em fase de testes. Durante os experimentos, que acontecem no N\u00facleo Interdisciplinar de Comunica\u00e7\u00e3o Sonora (Nics) da Unicamp, eles utilizam o equipamento por at\u00e9 10 minutos, enquanto passam por avalia\u00e7\u00f5es de eletroencefalografia para medir altera\u00e7\u00f5es no funcionamento cerebral. Elena Partesotti mostrando o funcionamento do BehCreative \u2014 Foto: Bianca Garutti\/ g1 \ud83c\udfb5 Benef\u00edcios da terapia musical Segundo Partesotti, a musicoterapia oferece benef\u00edcios para a promo\u00e7\u00e3o da sa\u00fade f\u00edsica e mental, podendo estimular a produ\u00e7\u00e3o de horm\u00f4nios como ocitocina e dopamina, conectados a sentimentos de prazer e bem-estar. A pesquisadora tamb\u00e9m destaca que essas pr\u00e1ticas contribuem para a neuroplasticidade do c\u00e9rebro \u2013 a capacidade do sistema nervoso central de se adaptar a novos est\u00edmulos \u2013 e para a reabilita\u00e7\u00e3o de fun\u00e7\u00f5es motoras e cognitivas. Para Partesotti, a tecnologia oferece uma forma de aliar esses benef\u00edcios ao tratamento de pacientes com sequelas neurol\u00f3gicas e motoras. \u201c\u00c9 uma forma descontra\u00edda de trabalhar movimentos e criar espa\u00e7os acolhedores, onde o paciente \u00e9 protagonista do seu pr\u00f3prio tratamento\u201d, conclui. *Estagi\u00e1ria sob supervis\u00e3o de Gabriella Ramos. <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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