O protagonismo da ind\u00fastria no cen\u00e1rio do saldo de emprego nas 20 cidades que comp\u00f5em a RMC mudou a din\u00e2mica da economia da regi\u00e3o, que, no ano passado, esteve mais direcionada ao setor de servi\u00e7os e, em 2024, viu a produ\u00e7\u00e3o industrial crescer, o que impactou no consumo da popula\u00e7\u00e3o e gerou mais oportunidades de trabalho. [veja resumo no v\u00eddeo acima] Neste fim de ano, o g1 publica uma s\u00e9rie de tr\u00eas reportagens sobre o crescimento da ind\u00fastria em 2024 e a transforma\u00e7\u00e3o que a alta causou na estrutura da gera\u00e7\u00e3o de emprego da regi\u00e3o de Campinas (SP). Na primeira, \u00e9 poss\u00edvel conferir o aumento exato, as raz\u00f5es para isso e quais s\u00e3o os impactos desta mudan\u00e7a. Nesta reportagem voc\u00ea vai ver: Os n\u00fameros do emprego na RMC em 2024 e quanto a ind\u00fastria cresceu?Por que cresceu tanto?O que significa na pr\u00e1tica a mudan\u00e7a de estrutura? Quais os n\u00fameros do emprego na RMC em 2024 e quanto a ind\u00fastria cresceu? O Observat\u00f3rio PUC-Campinas faz an\u00e1lises econ\u00f4micas de dados relativos ao emprego e a renda da Regi\u00e3o Metropolitana de Campinas por meio de n\u00fameros do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). De acordo com o painel de informa\u00e7\u00f5es, a RMC teve, at\u00e9 outubro, saldo de 39,2 mil vagas abertas. O saldo de emprego contabiliza o n\u00famero que sobra da equa\u00e7\u00e3o entre funcion\u00e1rios demitidos e contratados. O \u00edndice registrado em 2024, mesmo ainda com a aus\u00eancia das vagas de novembro e dezembro, j\u00e1 \u00e9 26,5% maior do que os postos de trabalho abertos no ano passado. No entanto, a movimenta\u00e7\u00e3o ainda est\u00e1 abaixo de 2021 e 2022. Diante deste cen\u00e1rio, a ind\u00fastria ganhou destaque e passou de 2,6 mil vagas em 2023 para 9,1 mil em 2024, o que equivale a um aumento percentual de 248%. Ou seja, o n\u00edvel do emprego dentro do setor industrial foi quase quatro vezes maior do que no ano passado. Por que cresceu tanto? Em entrevista ao g1, a professora e economista respons\u00e1vel pelo estudo do Observat\u00f3rio, Eliane Navarro Rosandiski, atribuiu o protagonismo do setor a um cen\u00e1rio de seguran\u00e7a econ\u00f4mica gerada pela taxa de juros menor do que em 2023. Com a queda, as pessoas ganharam mais poder financeiro para consumir, aumentou a demanda de produ\u00e7\u00e3o e, consequentemente, as ind\u00fastrias precisaram contratar mais. Nesse ano de 2024 o que \u00e9 diferente de 2023? Foi quando o Banco Central come\u00e7ou com a redu\u00e7\u00e3o da taxa de juros, com a pol\u00edtica monet\u00e1ria menos restritiva. Ele afrouxou o garrote da pol\u00edtica monet\u00e1ria. Quem respondeu favoravelmente a isso? O setor industrial, que \u00e9 o setor gerador de emprego mais qualificado nessa economia \u2014 Eliane Navarro Ronsandiski De acordo com a economista, as ind\u00fastrias clamam para que a pol\u00edtica monet\u00e1ria do pa\u00eds n\u00e3o use a eleva\u00e7\u00e3o da taxa de juros para conter a infla\u00e7\u00e3o porque, apesar de frear o aumento dos pre\u00e7os, ela vai tamb\u00e9m deixar menos dinheiro na m\u00e3o das pessoas, o que sufoca a demanda, reduz o n\u00edvel de consumo das fam\u00edlias e enfraquece a capacidade de produ\u00e7\u00e3o industrial, gerando perda de vagas. “Se olharmos os dados do com\u00e9rcio e varejo, depois da Black Friday, foi o melhor ano do varejo. Mas por que? Porque as fam\u00edlias est\u00e3o com uma renda aumentando, voc\u00ea est\u00e1 gerando emprego, voc\u00ea est\u00e1 gerando demanda de consumo. Isso \u00e9 m\u00fasica para os ouvidos da ind\u00fastria, porque eles v\u00e3o fazer o que? Produzir”, completou. Eliane Navarro Rosandiski \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/EPTV Ainda segundo a especialista, a taxa de juros mais baixa proporciona a combina\u00e7\u00e3o de dois fatores: a ind\u00fastria, que precisa produzir, consegue linhas de cr\u00e9dito mais f\u00e1ceis e contribui para o consumo, porque quem compra tamb\u00e9m consegue possibilidades de cr\u00e9dito amig\u00e1veis para fazer um parcelamento, por exemplo. “Se a economia est\u00e1 crescendo e voc\u00ea tira a moeda, voc\u00ea provoca um curto-circuito. \u00c9 como se voc\u00ea estivesse provocando um infarto nessa economia. Quem precisar da moeda, n\u00e3o vai ter mais acesso a ela, porque encareceu. Por que fazer isso? Porque tem infla\u00e7\u00e3o, mas eu ressalto: ter uma infla\u00e7\u00e3o \u00e9 um sinalzinho de alerta. Cabe tentar entender bem a causa dessa infla\u00e7\u00e3o, para voc\u00ea n\u00e3o matar o paciente junto com um rem\u00e9dio t\u00e3o forte”, pontuou. Veja no gr\u00e1fico a transforma\u00e7\u00e3o de cen\u00e1rio na ind\u00fastria de 2023 para 2024: O que significa na pr\u00e1tica a mudan\u00e7a de estrutura? A quest\u00e3o que fica, ao olhar para os n\u00fameros da ind\u00fastria, \u00e9: o que significa, na pr\u00e1tica, esse aumento e a transforma\u00e7\u00e3o de cen\u00e1rio na gera\u00e7\u00e3o de emprego para a economia da regi\u00e3o? Segundo a economista, o efeito \u00e9 positivo porque, em compara\u00e7\u00e3o com o ano passado, as vagas geradas, por conta da alta do setor industrial, possuem uma qualifica\u00e7\u00e3o melhor, o que eleva o n\u00edvel de sal\u00e1rios. O estudo do Observat\u00f3rio PUC-Campinas mostra que, em 2023, o vetor de impulsionamento do emprego na Regi\u00e3o Metropolitana de Campinas havia sido o de servi\u00e7os, especialmente os especializados que atendiam demandas de ind\u00fastrias ou outras empresas. Este universo, entretanto, apresenta uma “tend\u00eancia \u00e0 terceiriza\u00e7\u00e3o”, mant\u00e9m a m\u00e9dia salarial mais baixa e causa uma instabilidade no saldo de postos de trabalho, considerando que os contratos flex\u00edveis t\u00eam prazo para se encerrar e as pessoas que foram contratadas s\u00e3o demitidas ao final do acordo. J\u00e1 em 2024, com o triplo de vagas na ind\u00fastria do que as cidades da regi\u00e3o tinha no ano passado, al\u00e9m da estabilidade no n\u00edvel de emprego, j\u00e1 que a maioria destes funcion\u00e1rios \u00e9 contratada na modalidade CLT, a massa salarial de toda a economia da RMC aumenta porque os cargos que atendem a demanda da ind\u00fastria exigem maior qualifica\u00e7\u00e3o – muitas vezes com uso de tecnologia. Entenda abaixo a pir\u00e2mide salarial da regi\u00e3o de Campinas no setor de servi\u00e7os em 2023 e da ind\u00fastria em 2024, dividido por g\u00eanero e faixa et\u00e1ria. De acordo com a professora, o reflexo \u00e9 que a demanda fica mais consolidada. Na medida em que a massa salarial cresce, o consumo tamb\u00e9m aumenta e a ind\u00fastria acaba impactada positivamente. A partir disso, o setor de servi\u00e7os tamb\u00e9m se encaixa na nova din\u00e2mica porque ele vira um fornecedor de m\u00e3o-de-obra com vi\u00e9s mais qualificado e tecnol\u00f3gico. “O polo gerador \u00e9 a atividade industrial. \u00c9 o setor que gera valor, que gera riqueza, que vai gerar emprego, at\u00e9 dentro do segmento de mercado de trabalho, gera sal\u00e1rios maiores. Ent\u00e3o, ele d\u00e1 uma din\u00e2mica mais virtuosa para a atividade econ\u00f4mica que ela vai impactar positivamente os setores de servi\u00e7os e setores de servi\u00e7os mais qualificados”, finalizou Eliane. Ind\u00fastria na Regi\u00e3o de Campinas \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/EPTV V\u00cdDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Regi\u00e3o <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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