{"id":46319,"date":"2024-12-28T19:00:00","date_gmt":"2024-12-28T22:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/relembre-icones-do-esporte-e-da-cultura-brasileira-que-perdemos-em-2024\/"},"modified":"2024-12-28T19:00:00","modified_gmt":"2024-12-28T22:00:00","slug":"relembre-icones-do-esporte-e-da-cultura-brasileira-que-perdemos-em-2024","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/relembre-icones-do-esporte-e-da-cultura-brasileira-que-perdemos-em-2024\/","title":{"rendered":"Relembre \u00edcones do esporte e da cultura brasileira que perdemos em 2024"},"content":{"rendered":"
Rio de Janeiro<\/strong> <\/p>\n Veja algumas das personalidades brasileiras que nos deixaram no \u00faltimo ano, de Agnaldo Rayol a Ziraldo.<\/p>\n Cantor c\u00e9lebre por sua voz de bar\u00edtono<\/em><\/p>\n Cantor l\u00edrico de repert\u00f3rio rom\u00e2ntico, Agnaldo Coniglio Rayol come\u00e7ou a mostrar seu talento aos cinco anos, no programa Papel Carbono, da R\u00e1dio Nacional. Conhecido por sua voz \u00fanica e participa\u00e7\u00f5es na televis\u00e3o brasileira, Rayol teve a vida profissional marcada pela voz de bar\u00edtono.<\/p>\n Foi tamb\u00e9m apresentador de TV e ator, e participou de novelas da TV Record, como “As Pupilas do Senhor Reitor”, exibida em 1970. Na Globo, Rayol brilhou ao cantar can\u00e7\u00f5es italianas temas de novelas, como “Tormento d\u2019Amore”, de “Terra Nostra” (1999). M\u00fasicas religiosas tamb\u00e9m faziam parte de seu repert\u00f3rio.<\/p>\n Rayol era casado havia mais de 50 anos com Maria Gomes. Morreu em novembro, aos 86 anos, ap\u00f3s sofrer uma queda no apartamento onde vivia, em S\u00e3o Paulo.<\/p>\n Poeta e letrista que navegou o pop e o erudito <\/em><\/p>\n Um dos mais c\u00e9lebres poetas do pa\u00eds, Antonio Cicero era imortal da Academia Brasileira de Letras e esteve em sua sede, no Rio, em outubro. Na sess\u00e3o plen\u00e1ria, leu para os colegas um poema de Carlos Drummond de Andrade, “A Flor e a N\u00e1usea”. Era uma despedida.<\/p>\n Pouco depois, foi com o marido, Marcelo Pies, \u00e0 Su\u00ed\u00e7a submeter-se a um suic\u00eddio assistido \u2014l\u00e1 a pr\u00e1tica \u00e9 legalizada.<\/p>\n Antes de embarcar, Cicero escreveu uma carta de despedida, enviada por Pies a parentes e amigos ap\u00f3s sua morte. Ele contava que sofria de Alzheimer (o que j\u00e1 era sabido) e que sua vida havia se tornado insuport\u00e1vel.<\/p>\n Morreu em 23 de outubro, aos 79 anos. Deixou uma vasta obra po\u00e9tica, al\u00e9m de colabora\u00e7\u00f5es em can\u00e7\u00f5es como “Fullg\u00e1s” e “Charme do Mundo”, de sua irm\u00e3, Marina Lima, e “O \u00daltimo Rom\u00e2ntico”, hit na voz de Lulu Santos.<\/p>\n O “boa noite” inesquec\u00edvel do Jornal Nacional <\/em><\/p>\n \u00c9 imposs\u00edvel falar de Cid Moreira sem lembrar de seu ic\u00f4nico “boa noite”, dito com aquele vozeir\u00e3o por cerca de 8.000 vezes nos quase 27 anos em que ocupou a bancada do Jornal Nacional.<\/p>\n Tinha 41 anos quando come\u00e7ou no telejornal. Nessas quase tr\u00eas d\u00e9cadas de transmiss\u00f5es ao vivo, narrou todas as not\u00edcias mais relevantes do per\u00edodo e viveu momentos de sufoco engra\u00e7ados, como quando matou, no ar, uma mosquinha que insistia em entrar no seu nariz.<\/p>\n Em 1996, deixou o JN e passou a dedicar-se \u00e0 leitura de editoriais. Paralelamente, participou do “Fant\u00e1stico” desde sua estreia, em 1973. Leu salmos da B\u00edblia no YouTube e, em 2011, realizou o objetivo de grav\u00e1-la na \u00edntegra.<\/p>\n Cid Moreira morreu em outubro, aos 97 anos, de fal\u00eancia de m\u00faltiplos \u00f3rg\u00e3os.<\/p>\n Vampiro de Curitiba<\/em><\/p>\n N\u00e3o foi f\u00e1cil para os profissionais da imprensa ilustrarem as reportagens sobre a morte de Dalton Trevisan, em dezembro. Um dos maiores contistas do pa\u00eds, o escritor paranaense vivia recluso e n\u00e3o concedia entrevista desde a d\u00e9cada de 1970.<\/p>\n O Vampiro de Curitiba, apelido que lhe caiu \u00e0 perfei\u00e7\u00e3o e pelo qual era conhecido gra\u00e7as ao livro hom\u00f4nimo lan\u00e7ado em 1965, sa\u00eda pouco de casa \u2014mesmo se houvesse motivos enobrecedores para isso, como nas quatro vezes em que venceu o Pr\u00eamio Jabuti. Tamb\u00e9m ganhou (duas vezes) o pr\u00eamio Portugal Telecom, al\u00e9m do APCA, o Machado de Assis e o Cam\u00f5es, pelo conjunto da obra.<\/p>\n Entre 1945 e 2023, o escritor publicou cerca de 50 obras, entre elas um \u00fanico romance: “A Polaquinha”, de 1985.<\/p>\n Trevisan morreu no dia 9 de dezembro, aos 99 anos, em casa. A causa da morte n\u00e3o foi revelada.<\/p>\n Sumidade econ\u00f4mica da ditadura e na democracia <\/em><\/p>\n Economista, ex-ministro e ex-deputado, Antonio Delfim Netto era uma figura complexa. Homem-forte dos generais durante o regime militar (1964-1985) ele foi, quase duas d\u00e9cadas depois, um dos principais interlocutores de Lula em seus dois primeiros mandatos.<\/p>\n Sua proje\u00e7\u00e3o nacional come\u00e7ou em 1967, quando assumiu a pasta da Fazenda de Costa e Silva para s\u00f3 deix\u00e1-la em 1974, no fim do governo M\u00e9dici. Com ele, o pa\u00eds viveu de 1969 a 1973 o per\u00edodo conhecido como “milagre econ\u00f4mico”, com taxas de crescimento superiores a 9% ao ano. Poucos anos ap\u00f3s o fim do “milagre”, admitiu que o modelo adotado em sua gest\u00e3o n\u00e3o levara em conta a participa\u00e7\u00e3o da sociedade, agravando a desigualdade.<\/p>\n Depois de comandar a campanha vitoriosa de J\u00e2nio Quadros \u00e0 Prefeitura de S\u00e3o Paulo, foi eleito em 1986 deputado federal pelo PDS. At\u00e9 2007, atravessaria os governos Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula em cinco mandatos consecutivos por PDS, PPR, PPB, PP e PMDB.<\/p>\n Morreu em agosto, aos 96 anos, em decorr\u00eancia de complica\u00e7\u00f5es no seu estado de sa\u00fade, segundo nota de sua assessoria.<\/p>\n Fot\u00f3grafo que flagrou a viol\u00eancia do regime militar <\/em><\/p>\n Em quase sete d\u00e9cadas de carreira, Evandro Teixeira se tornou um dos principais nomes do fotojornalismo brasileiro. Seu olhar preciso, sagaz, malandro e destemido presenciou de tudo no Brasil e em parte do mundo \u2014ditaduras, Carnavais, celebridades e desvalidos.<\/p>\n O baiano de “olhos iluminados”, nas palavras do escritor mineiro Otto Lara Resende, ficou conhecido especialmente por seus registros da ditadura militar no Brasil.<\/p>\n Quando esteve no Esp\u00edrito Santo em 1991 e l\u00e1 plantou uma muda de pau-brasil, o pr\u00edncipe Charles (hoje rei Charles 3\u00ba) ficou de costas para os fot\u00f3grafos. Evandro n\u00e3o teve d\u00favida. Gritou: “\u00d4, pr\u00edncipe, vira para c\u00e1, porra!” Com o susto, Charles virou. Foto feita.<\/p>\n Evandro era assim. Aliava a intui\u00e7\u00e3o e senso de oportunidade ao espantoso talento natural, al\u00e9m de esbanjar aud\u00e1cia. Morreu em novembro, de fal\u00eancia de m\u00faltiplos \u00f3rg\u00e3os, aos 88 anos.<\/p>\n Peso-pesado no boxe e no carisma <\/em><\/p>\n Maior boxeador peso-pesado do Brasil, Adilson “Maguila” Rodrigues foi tamb\u00e9m um dos mais carism\u00e1ticos atletas do pa\u00eds. “O cara era uma fera”, era quase um bord\u00e3o, repetido \u00e0 exaust\u00e3o ap\u00f3s suas vit\u00f3rias, nos anos 1980 e 1990.<\/p>\n Em seguida, mandava abra\u00e7os para todos, at\u00e9 o a\u00e7ougueiro que caprichava na carne para ele ficar forte. H\u00e1 controv\u00e9rsias se Maguila era genuinamente simpl\u00f3rio ou um g\u00eanio do marketing. Talvez.<\/p>\n Ap\u00f3s pendurar as luvas, em 2000, foi comentarista econ\u00f4mico do programa popular Aqui Agora. Com vocabul\u00e1rio simples, explicava, maguilamente, manchetes do notici\u00e1rio que poderiam mexer no bolso dos trabalhadores brasileiros.<\/p>\n Maguila surpreendeu muita gente em 1992 quando, na TV, pregou respeito aos homossexuais. Seu filho J\u00fanior Ahzura, assumidamente gay, compartilhou o v\u00eddeo ap\u00f3s a morte do pai, em outubro. “Orgulho ter um pai que sempre me aceitou e respeitou!”, escreveu.<\/p>\n Maguila morreu aos 66 anos, de encefalopatia traum\u00e1tica cr\u00f4nica, ou dem\u00eancia pugil\u00edstica.<\/p>\n Guru econ\u00f4mica da esquerda e cr\u00edtica contumaz <\/em><\/p>\n Refer\u00eancia central nos estudos sobre crescimento e planejamento econ\u00f4mico no pa\u00eds, Maria da Concei\u00e7\u00e3o Tavares formou tr\u00eas gera\u00e7\u00f5es de economistas brasileiros e teve papel crucial no debate sobre a economia brasileira \u2014sobretudo no per\u00edodo da redemocratiza\u00e7\u00e3o. Foi uma personalidade marcante da \u00e1rea, tanto por suas ideias quanto por sua figura teatral.<\/p>\n Portuguesa naturalizada brasileira, foi professora, escritora, deputada federal e assessora econ\u00f4mica do PT. Descrita como “forte e intensa” por amigos e advers\u00e1rios pol\u00edticos, ela combateu a pol\u00edtica econ\u00f4mica do regime militar e ficou conhecida por sua oposi\u00e7\u00e3o aos planos liberais.<\/p>\n Suas explos\u00f5es em p\u00fablico a tornaram mais conhecida, e a apresentaram \u00e0s novas gera\u00e7\u00f5es: Concei\u00e7\u00e3o acabou virando meme.<\/p>\n Sempre teve o respeito de seus pares. Sua festa de 80 anos, em 2010, no Rio, contou com a presen\u00e7a de v\u00e1rios nomes relevantes da pol\u00edtica nacional, entre eles dois candidatos \u00e0 Presid\u00eancia na \u00e9poca, Dilma Rousseff e Jos\u00e9 Serra. Morreu em junho, aos 94 anos, enquanto dormia.<\/p>\n \u00cdcone rebelde do cinema nacional<\/em><\/p>\n Um dos grandes nomes da cultura brasileira, Paulo C\u00e9sar Pereio atuou em mais de 60 filmes e encarnou a transgress\u00e3o nas telas, do cinema novo \u00e0 pornochanchada, passando pelas trag\u00e9dias e com\u00e9dias tipicamente cariocas. Brilhou tamb\u00e9m no teatro, com Jos\u00e9 Celso Martinez Corr\u00eaa, em montagens de “Roda Viva” e “As Bacantes.”<\/p>\n Seus pap\u00e9is de cafajeste \u2014\u00e0s vezes com cora\u00e7\u00e3o, muitas vezes n\u00e3o\u2014 e frases como “eu te amo, porra” lhe garantiram uma aura m\u00edtica, principalmente em filmes das d\u00e9cadas de 1960 a 1980, em que foi dirigido por Glauber Rocha, Hector Babenco, Arnaldo Jabor, Hugo Carvana, Ruy Guerra e Neville D\u2019Almeida, entre outros, em obras fundamentais da cinematografia nacional.<\/p>\n Mestre do bom mau humor, Pereio cristalizou uma figura de homem grosseiro, sem modos. “N\u00e3o sou mal-educado, sou escroto mesmo”, gostava de se definir.<\/p>\n Sua passagem pela TV inclui novelas e miniss\u00e9ries como “Gabriela”, “Roque Santeiro” e “Carga Pesada”. Ligado \u00e0 pol\u00edtica, se tornou a voz oficial do PDT de Leonel Brizola. Paulo C\u00e9sar Pereio morreu em maio, aos 83 anos, ap\u00f3s ser internado para tratar uma doen\u00e7a hep\u00e1tica avan\u00e7ada.<\/p>\n Astro internacional da m\u00fasica brasileira<\/em><\/p>\n Sergio Mendes foi um dos grandes “exportadores” da m\u00fasica brasileira para o mundo. O pianista, compositor, arranjador e nome mai\u00fasculo do samba-jazz ajudou a divulgar a bossa nova e o samba pelo planeta e colecionou recordes nas paradas americanas.<\/p>\n Nascido em Niter\u00f3i (RJ), come\u00e7ou na carreira ao lado de nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell, a quem conheceu no Beco das Garrafas, reduto da bossa nova, em Copacabana.<\/p>\n Na d\u00e9cada de 1960, viveu seu momento mais produtivo. Lan\u00e7ou oito discos e criou, em 1966, o grupo Brasil\u2019 66, apresentado ao mundo com o LP “Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brazil 66”. Vendeu mais de um milh\u00e3o de c\u00f3pias. Ele j\u00e1 morava em Los Angeles, para onde se mudou em 1964, fugindo da persegui\u00e7\u00e3o da ditadura militar.<\/p>\n Entre as m\u00fasicas do \u00e1lbum, est\u00e1 sua vers\u00e3o de “Mas Que Nada”, de Jorge Ben Jor, sucesso mundial at\u00e9 hoje regravado por diferentes bandas e artistas. Sergio Mendes ganhou dois Grammys Latino, um Grammy, e foi indicado ao Oscar em 2012 por “Real in Rio”, da trilha sonora da anima\u00e7\u00e3o “Rio”. Ele morreu em setembro, aos 83 anos, de insufici\u00eancia respirat\u00f3ria aguda.<\/p>\n Criador de bord\u00f5es do futebol nacional <\/em><\/p>\n Era dif\u00edcil n\u00e3o ficar de “olho no lance” ao acompanhar uma partida de futebol narrada por Silvio Luiz. O bord\u00e3o fazia parte de um extenso repert\u00f3rio de frases bem-humoradas. Com sua voz rouca, popularizou express\u00f5es como “foi, foi, foi ele! o craque da camisa…”, para exaltar o autor de um gol, e “pelas barbas do profeta”, quando algum atleta cometia uma barbaridade.<\/p>\n Silvio era filho de Elizabeth Darcy, apresentadora e garota propaganda da extinta TV Tupi. Sua carreira na comunica\u00e7\u00e3o teve influ\u00eancia direta dela e da irm\u00e3, a atriz Verinha Darcy, morta aos 32 anos, v\u00edtima de feminic\u00eddio.<\/p>\n Em mais de 50 anos dedicados \u00e0 cobertura esportiva, exerceu sua paix\u00e3o pelo esporte at\u00e9 os \u00faltimos dias de vida. Sentiu-se mal durante a transmiss\u00e3o da final do Campeonato Paulista entre Palmeiras e Santos, no Allianz Parque, em abril. Foi hospitalizado, teve alta, mas voltou a ser internado em maio. Morreu no dia 16 daquele m\u00eas, aos 89 anos, de fal\u00eancia de m\u00faltiplos \u00f3rg\u00e3os.<\/p>\n Fundador do SBT e mito da TV<\/em><\/p>\n \u00c9 tudo muito curioso na longa e vitoriosa hist\u00f3ria de vida de Silvio Santos, uma das figuras mais relevantes e carism\u00e1ticas da hist\u00f3ria da TV brasileira. Dono de uma trajet\u00f3ria singular (que ele mesmo ajudou a mitificar), o apresentador n\u00e3o se cansava de contar que, ainda imberbe, aos 14 anos, foi camel\u00f4 nas ruas do Rio. Nunca ficou claro se fez isso por exig\u00eancia familiar ou desejo precoce de independ\u00eancia.<\/p>\n Silvio contava, por exemplo, que um fiscal da prefeitura, em vez de reprimi-lo quando era ambulante, encantou-se por sua voz e o levou para um teste radiof\u00f4nico, onde tudo come\u00e7ou. Assim ele dava vida a um personagem com uma mitologia pr\u00f3pria, lapidada ao longo de d\u00e9cadas.<\/p>\n O que n\u00e3o diminui a sua relev\u00e2ncia. Em seis d\u00e9cadas falando com o pa\u00eds, ele inventou um jeito \u00fanico de entreter os telespectadores, aliando enorme faro para o com\u00e9rcio e gigantesco talento para a comunica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Foi por quase cinco d\u00e9cadas apresentador e propriet\u00e1rio de sua emissora de televis\u00e3o. Pai de seis filhas \u2014C\u00edntia, Silvia, Daniela, Patricia, Rebeca e Renata\u2014, Senor Abravanel, o Silvio Santos, morreu em agosto, aos 93 anos, de broncopneumonia.<\/p>\n Jornalista marcante da Folha <\/strong>e colunista do F5<\/em><\/p>\n Mais do que ter prazer em trabalhar, Tony Goes sentia necessidade de “estar sempre escrevendo”, como ele mesmo contava. O jornalista, que marcou a cobertura de cinema e televis\u00e3o da Folha, n\u00e3o s\u00f3 produzia, em escala industrial, textos brilhantes sobre os mais variados assuntos ligados ao entretenimento, como tamb\u00e9m criava roteiros, pe\u00e7as teatrais, participava de podcasts e programas de TV.<\/p>\n Nesses \u00faltimos, costumava ser um convidado de luxo, opinando sobre assuntos que dominava, sem perder a ironia fina jamais \u2014caracter\u00edstica marcante tamb\u00e9m de suas colunas, publicadas tr\u00eas vezes por semana no F5. Ele ainda encontrava tempo para participar das reuni\u00f5es de pauta semanais do site, o que n\u00e3o era fun\u00e7\u00e3o de um colunista especializado. Mas Tony gostava de dar palpites, ajudar os colegas e contar o que estava produzindo.<\/p>\n Carioca radicado em S\u00e3o Paulo, formou-se em publicidade, mas sempre deixou claro que queria ir al\u00e9m dos an\u00fancios. Por isso, se especializou na ind\u00fastria da televis\u00e3o, para onde escreveu s\u00e9ries de humor e programas de variedades. Tony tratava um c\u00e2ncer no intestino desde 2021 e morreu em fevereiro, aos 63 anos.<\/p>\n Autor de campanhas publicit\u00e1rias geniais <\/em><\/p>\n O rumo que a publicidade brasileira vinha tomando deixava Washington Olivetto desgostoso. Dono de um curr\u00edculo que o premiou por cria\u00e7\u00f5es delicadas e inteligentes, como o “Garoto Bombril”, a campanha do primeiro suti\u00e3 para a Valis\u00e8re e “Hitler”, para a Folha, ele se irritava com a falta de originalidade reinante na sua \u00e1rea. “O pessoal est\u00e1 muito preocupado com m\u00e9tricas, deixando de lado as grandes ideias”, afirmou, em 2021.<\/p>\n Grandes ideias nunca faltaram ao mais premiado publicit\u00e1rio do pa\u00eds \u2014s\u00f3 os Le\u00f5es conquistados no Festival de Cannes s\u00e3o mais de 50, apenas na categoria filmes.<\/p>\n Propaganda pol\u00edtica, nunca fez. Podia at\u00e9 dar pitacos para amigos, nada al\u00e9m. Sequestrado por 53 dias em 2001, chamava o sequestro de “mico” e preferia deixar o assunto de lado.<\/p>\n Vivia em Londres desde 2017, mas mantinha um apartamento no Rio, na praia de Ipanema. A cidade o deixava embasbacado. “\u00c9 um lugar em que mesmo num dia feio, \u00e9 bonito”. Foi em um domingo cinza de outubro que Washington Olivetto morreu, de fal\u00eancia de m\u00faltiplos \u00f3rg\u00e3os, num hospital de Copacabana.<\/p>\n Era um dia feio e ao mesmo tempo bonito na cidade que ele tanto amava.<\/p>\n Homem-lenda do futebol brasileiro<\/em><\/p>\n O futebol \u00e9 uma f\u00e1brica de \u00eddolos e marcas invej\u00e1veis, mas uma \u00fanica pessoa pode bater no peito e dizer que participou ativamente de quatro t\u00edtulos de Copa do Mundo: Mario Jorge Lobo Zagallo. Em duas delas estava em campo, jogando (Su\u00e9cia-1958 e Chile-1962). Some-se a isso mais uma como treinador (M\u00e9xico-1970) e outra como auxiliar t\u00e9cnico (EUA-1994).<\/p>\n Zagallo foi sempre associado \u00e0 sua supersti\u00e7\u00e3o. N\u00e3o havia reportagem sobre o assunto em que ele n\u00e3o fosse ouvido. Era um expert.<\/p>\n Vestiu 37 vezes a camisa da sele\u00e7\u00e3o brasileira atuando como jogador. Como t\u00e9cnico do Brasil, foram 154 partidas (110 vit\u00f3rias, 33 empates, 11 derrotas e a famosa frase “Voc\u00eas v\u00e3o ter que me engolir!”).<\/p>\n Em 35 anos como t\u00e9cnico, dirigiu, entre outros, Botafogo, Vasco e Fluminense. Em campo, considerava-se um jogador-maratonista. Sua forma f\u00edsica n\u00e3o o deixava mentir: ele n\u00e3o parava nem para ajeitar o mei\u00e3o.<\/p>\n Zagallo s\u00f3 descansou em janeiro, quando morreu de fal\u00eancia de m\u00faltiplos \u00f3rg\u00e3os, aos 92 anos.<\/p>\n Pai do Menino Maluquinho<\/em><\/p>\n Cartunista e mestre da literatura infantil, pode-se dizer que Ziraldo Alves Pinto come\u00e7ou sua carreira aos seis anos. Foi com essa idade que ele viu seu primeiro desenho estampar as p\u00e1ginas de um jornal. A ilustra\u00e7\u00e3o havia sido enviada por sua m\u00e3e \u00e0 extinta Folha de Minas.<\/p>\n Dono de uma imagina\u00e7\u00e3o fervilhante, talvez com os mesmos “macaquinhos no s\u00f3t\u00e3o” que o Menino Maluquinho, um de seus personagens mais amados, Ziraldo criou nos anos 1960 o saci-perer\u00ea da primeira HQ brasileira, “A Turma do Perer\u00ea”. Com seu amigo ind\u00edgena e uma patota de bichos, Perer\u00ea introduziu temas como consci\u00eancia ecol\u00f3gica e sentimento de brasilidade em seus jovens leitores.<\/p>\n Antes de virar um fen\u00f4meno editorial com mais de 10 milh\u00f5es de livros vendidos e publicados em v\u00e1rios idiomas, foi por meio de seu trabalho no jornal O Pasquim que ele se tornou uma figura conhecida no pa\u00eds, peitando com intelig\u00eancia e perspic\u00e1cia o regime militar durante a ditadura.<\/p>\n Em 1999, criou mais uma revista: a Bundas. Tratava-se de uma par\u00f3dia da revista Caras. Era o avesso do avesso da publica\u00e7\u00e3o, com cr\u00edticas pol\u00edticas bem-humoradas e pessoas fora do padr\u00e3o est\u00e9tico da \u00e9poca, posando em cen\u00e1rios simples. “Quem mostra a bunda em Caras n\u00e3o sai com a cara em Bundas”, brincou o artista, morto em abril, aos 91 anos, de fal\u00eancia m\u00faltipla de \u00f3rg\u00e3os.<\/p>\n Akira Toriyama<\/strong>, japon\u00eas criador de “Dragon Ball”<\/p>\n Alain Delon<\/strong>, ator franc\u00eas<\/p>\n Alberto Fujimori<\/strong>, ditador do Peru<\/p>\n Alexei Navalni<\/strong>, ativista russo<\/p>\n Alice Munro<\/strong>, escritora canadense ganhadora do Pr\u00eamio Nobel<\/p>\n Anouk Aim\u00e9e<\/strong>, atriz francesa<\/p>\n Anthony Epstein<\/strong>, patologista ingl\u00eas<\/p>\n Antonio Sk\u00e1rmeta<\/strong>, escritor chileno<\/p>\n Beatriz Sarlo<\/strong>, escritora argentina<\/p>\n Bill Viola<\/strong>, videoartista americano<\/p>\n Bob Newhart<\/strong>, comediante e ator americano<\/p>\n Daniel Kahneman<\/strong>, psic\u00f3logo israelense, ganhador do Nobel de Economia<\/p>\n Dikembe Mutombo<\/strong>, jogador de basquete congol\u00eas-americano<\/p>\n Donald Sutherland<\/strong>, ator canadense<\/p>\n Eleanor Coppola<\/strong>, cineasta americana<\/p>\n Fran\u00e7oise <\/strong>Hardy<\/strong>, cantora francesa<\/p>\n Frank Stella<\/strong>, artista pl\u00e1stico americano<\/p>\n Frans de Wall<\/strong>, primat\u00f3logo holand\u00eas<\/p>\n Frederic Jameson<\/strong>, cr\u00edtico liter\u00e1rio americano<\/p>\n Gena Rowlands<\/strong>, atriz americana<\/p>\n Iris Apfel<\/strong>, designer e modelo centen\u00e1ria americana<\/p>\n Ismail Kadar\u00e9<\/strong>, escritor alban\u00eas<\/p>\n James Earl Jones<\/strong>, ator americano<\/p>\n Jim Abrahams<\/strong>, diretor e roteirista americano<\/p>\n John Amos<\/strong>, ator americano<\/p>\n Juan Arias,<\/strong> jornalista espanhol<\/p>\n Juan Izquierdo<\/strong>, jogador de futebol uruguaio<\/p>\n Kiingi Tuheitia<\/strong>, rei maori da Nova Zel\u00e2ndia<\/p>\n Kris Kristofferson<\/strong>, m\u00fasico, cantor e ator americano<\/p>\n Liam Payne<\/strong>, cantor ingl\u00eas<\/p>\n Louis Gossett Jr<\/strong>, ator americano<\/p>\n Lynn Conway<\/strong>, pioneira da computa\u00e7\u00e3o e ativista trans americana<\/p>\n Maggie Smith<\/strong>, atriz inglesa<\/p>\n Manmoham Singh<\/strong>, primeiro-ministro indiano<\/p>\n Marisa Paredes<\/strong>, atriz espanhola<\/p>\n Michel Gu\u00e9rard<\/strong>, chef franc\u00eas<\/p>\n Morgan Spurlock<\/strong>, documentarista americano<\/p>\n O.J. Simpson<\/strong>, jogador de futebol americano e r\u00e9u c\u00e9lebre pela morte da mulher<\/p>\n Paolo Taviani<\/strong>, cineasta italiano<\/p>\n Paul Di\u2019Anno<\/strong>, m\u00fasico ingl\u00eas<\/p>\n Peter Higgs<\/strong>, f\u00edsico ingl\u00eas ganhador do Pr\u00eamio Nobel<\/p>\n Phil Donahue<\/strong>, apresentador de talk show americano<\/p>\n Philip Zimbardo<\/strong>, psic\u00f3logo americano<\/p>\n Quincy Jones<\/strong>, produtor e compositor americano<\/p>\n Ratan Tata<\/strong>, empres\u00e1rio indiano<\/p>\n Richard Lewis<\/strong>, comediante e ator americano<\/p>\n Richard Serra<\/strong>, escultor americano<\/p>\n Richard Simmons<\/strong>, guru fitness americano<\/p>\n Roberto Cavalli<\/strong>, designer de moda italiano<\/p>\n Roberto Linguanotto<\/strong>, italiano inventor do tiramisu<\/p>\n Roger Corman<\/strong>, cineasta americano<\/p>\n Ruth Westheimer<\/strong>, sex\u00f3loga alem\u00e3-americana<\/p>\n Sebasti\u00e1n Pi\u00f1era<\/strong>, presidente do Chile<\/p>\n Shannen Doherty<\/strong>, atriz americana<\/p>\n Shelley Duvall<\/strong>, atriz americana<\/p>\n Susan Wojcicki<\/strong>, empres\u00e1ria (YouTube)<\/p>\n Sven-Goran Eriksson<\/strong>, sueco t\u00e9cnico da sele\u00e7\u00e3o inglesa de futebol<\/p>\n Tony Todd<\/strong>, ator americano<\/p>\n Vladimir Shklyarov<\/strong>, bailarino russo<\/p>\n<\/p><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Rio de Janeiro Veja algumas das personalidades brasileiras que nos deixaram no \u00faltimo ano, de Agnaldo Rayol a Ziraldo. 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Cid Moreira (1927-2024)<\/h2>\n
Dalton Trevisan (1925-2024)<\/h2>\n
Delfim Netto (1928-2024)<\/h2>\n
Evandro Teixeira (1935-2024)<\/h2>\n
Maguila (1958-2024)<\/h2>\n
Maria da Concei\u00e7\u00e3o Tavares (1930-2024)<\/h2>\n
Paulo C\u00e9sar Pereio (1940-2024)<\/h2>\n
Sergio Mendes (1941-2024)<\/h2>\n
Silvio Luiz (1934-2024)<\/h2>\n
Silvio Santos (1930-2024)<\/h2>\n
Tony Goes (1960-2024)<\/h2>\n
Washington Olivetto (1951-2024)<\/h2>\n
Zagallo (1931-2024)<\/h2>\n
Ziraldo (1932-2024)<\/h2>\n
\nEstrangeiros que perdemos em 2024:<\/h2>\n