{"id":46277,"date":"2024-12-28T06:00:00","date_gmt":"2024-12-28T09:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/como-o-conflito-entre-vontade-de-ensinar-e-inseguranca-profissional-desafia-carreira-de-professor\/"},"modified":"2024-12-28T06:00:00","modified_gmt":"2024-12-28T09:00:00","slug":"como-o-conflito-entre-vontade-de-ensinar-e-inseguranca-profissional-desafia-carreira-de-professor","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/como-o-conflito-entre-vontade-de-ensinar-e-inseguranca-profissional-desafia-carreira-de-professor\/","title":{"rendered":"Como o conflito entre vontade de ensinar e inseguran\u00e7a profissional desafia carreira de professor"},"content":{"rendered":"
A declara\u00e7\u00e3o \u00e9 de Ana Cl\u00e1udia Fid\u00e9lis, que h\u00e1 34 anos atua como professora na regi\u00e3o de Campinas (SP). Apaixonada pelo trabalho, ela reconhece que os baixos sal\u00e1rios e a falta de valoriza\u00e7\u00e3o desmotivam os docentes e, principalmente, os jovens que est\u00e3o iniciando na profiss\u00e3o. O resultado disso \u00e9 a queda no interesse pela licenciatura, como apontado por um levantamento realizado pela reportagem com dados da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Censo da Educa\u00e7\u00e3o Superior, pesquisa divulgada pelo Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o. Al\u00e9m da queda de inscritos no vestibular, o \u00edndice de evas\u00e3o nessas gradua\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m preocupa especialistas: a taxa de abandono nos cursos que formam professores \u00e9 de 54% enquanto nos demais o volume fica em 31% (confira o balan\u00e7o completo clicando aqui). Ao g1, professores relataram dificuldades vividas no dia a dia da profiss\u00e3o e pontuaram os desafios para o futuro da doc\u00eancia, uma vez que os jovens n\u00e3o t\u00eam se interessado mais por cursar licenciatura e aqueles que entram para a carreira n\u00e3o t\u00eam a perspectiva de segui-la por toda a vida. (Essa reportagem faz parte de uma s\u00e9rie que aborda a queda no interesse por cursos de licenciatura e como esse cen\u00e1rio pode afetar o estoque de professores da educa\u00e7\u00e3o b\u00e1sica no futuro). Motiva\u00e7\u00f5es e dificuldades Gabriel Garcia Caldas, de 28 anos, d\u00e1 aulas de l\u00edngua portuguesa e literatura h\u00e1 um ano em uma escola estadual e afirma que seu futuro na profiss\u00e3o \u00e9 incerto. Entre outros desafios, o jovem docente lida com a indefini\u00e7\u00e3o do emprego, por trabalhar em regime de contratos, sem um emprego fixo. Outra situa\u00e7\u00e3o refor\u00e7ada pelo professor s\u00e3o as horas de trabalho. “Em algumas escolas, o professor tem que dar aula, tem que fazer substitui\u00e7\u00e3o, tem que preparar diversos arquivos pedag\u00f3gicos. E, quando eu fazia isso, ficava de nove a dez horas dentro de uma escola e mesmo assim, tinha que levar coisa para fazer em casa e no final de semana”, fala. Yohan Macedo, de 30 anos, \u00e9 professor desde 2019 e leciona no ensino fundamental em uma escola p\u00fablica de Jaguari\u00fana (SP). Ele \u00e9 um dos jovens professores que se sentem desmotivados com a profiss\u00e3o. “Atualmente, o que me motiva a continuar \u00e9 uma pergunta dif\u00edcil, porque o professor lida com muitas coisas al\u00e9m da disciplina que est\u00e1 lecionando e isso desmotiva um pouco”, diz. Segundo Yohan, a baixa remunera\u00e7\u00e3o \u00e9 o principal fator que tem desencentivado jovens a seguir a doc\u00eancia \u2014 Foto: Estev\u00e3o Mam\u00e9dio\/g1 Para o profissional, a quest\u00e3o mais desmotivadora em ser professor atualmente est\u00e1 mesmo na baixa remunera\u00e7\u00e3o. Ele diz que a alta demanda de trabalho de um docente n\u00e3o \u00e9 recompensada atrav\u00e9s do sal\u00e1rio, desestimulando as pessoas a optarem pela profiss\u00e3o. “Um exemplo que eu posso dar, inclusive, que eu j\u00e1 vivenciei, \u00e9 que comparando de um ano com o outro eu tive quatro turmas com cerca de 20 alunos e no outro ano eu tinha quase 40 alunos em cada turma, ou seja, a minha quantidade de alunos dobrou, mas meu sal\u00e1rio n\u00e3o mudou”, conta. J\u00e1 a professora Layne Silva, de 24 anos, explica que os motivos que a mant\u00e9m motivada a continuar sendo professora \u00e9 a possibilidade de reverter cen\u00e1rios, principalmente em escolas localizadas em periferias. “Hoje eu penso em como, atrav\u00e9s da licenciatura, compartilhar conhecimento com as pessoas que vivem uma realidade muito parecida com a minha”. “E \u00e9 muito por entender essa necessidade tamb\u00e9m de reverter um pouco essa situa\u00e7\u00e3o, porque, eu sou a primeira da minha fam\u00edlia a fazer faculdade, s\u00f3 que eu sei que eu n\u00e3o vou ser mais a \u00faltima, porque minha fam\u00edlia tem uma outra vis\u00e3o sobre a import\u00e2ncia do estudo”, diz. Orgulho de ser professor Caio Campos sofreu cr\u00edticas dos familiares quando saiu do emprego na Receita Federal para se formar como professor \u2014 Foto: Arquivo pessoal Apesar das dificuldades profissionais, ainda h\u00e1 quem busque a doc\u00eancia como forma de realiza\u00e7\u00e3o pessoal. H\u00e1 13 anos, Caio Campos \u00e9 professor de matem\u00e1tica Campinas (SP) e acredita que os desafios sempre v\u00e3o existir em todas as profiss\u00f5es. O docente enfrenta uma “luta di\u00e1ria” por conta das condi\u00e7\u00f5es salariais e de emprego e, mesmo assim, afirma que a carreira valeu a pena. Caio tem encontrado sua maior motiva\u00e7\u00e3o na capacidade que o professor tem de “mudar a vida de algu\u00e9m atrav\u00e9s da educa\u00e7\u00e3o”. “Tem uma quest\u00e3o crucial que \u00e9: ser professor \u00e9 uma das profiss\u00f5es que mais exige voc\u00ea gostar do que voc\u00ea faz, porque a gente lida com 30 crian\u00e7as, 35 por sala, todo dia. Eles passam cerca de seis horas do dia conosco. Ent\u00e3o, a gente acaba se tornando uma refer\u00eancia e se a gente t\u00e1 ali s\u00f3 pra pagar as contas, tudo fica mais dif\u00edcil”, pontua. A professora Ana Cl\u00e1udia Fid\u00e9lis defende que \u00e9 preciso um reajuste no cen\u00e1rio da profiss\u00e3o no Brasil \u2014 Foto: Estev\u00e3o Mam\u00e9dio\/g1 A professora e coordenadora pedag\u00f3gica Ana Cl\u00e1udia Fid\u00e9lis compartilha da mesma vis\u00e3o de Caio, quanto ao orgulho de exercer a profiss\u00e3o, mas sem deixar de lado as quest\u00f5es que tem levado a baixa procura por cursos de forma\u00e7\u00e3o de docentes. Ela conta que a possibilidade da descoberta e da transforma\u00e7\u00e3o por meio da educa\u00e7\u00e3o a mant\u00e9m na carreira que escolheu aos 17 anos. “Eu sou muito apaixonada pela doc\u00eancia. Ent\u00e3o, eu sou suspeita para falar da doc\u00eancia, porque eu sempre vou defender o ser professor, embora eu n\u00e3o tenha uma vis\u00e3o poliana, romantizada sobre o assunto. Eu sei de todas as dificuldades, eu vivo elas, elas s\u00e3o reais”, reitera. Futuro sem professores? Segundo uma proje\u00e7\u00e3o do Sindicato das Entidades Mantenedoras do Ensino Superior (Semesp), divulgada em 2022, o Brasil pode viver um d\u00e9ficit de 235 mil professores em 2040. No mesmo ano, um estudo do INEP afirmou que o pa\u00eds j\u00e1 est\u00e1 vivendo uma “car\u00eancia de professores na educa\u00e7\u00e3o b\u00e1sica”. Ao g1, a coordenadora de pol\u00edticas educacionais da ONG Todos Pela Educa\u00e7\u00e3o, Nat\u00e1lia Fregonese, afirmou que para isso n\u00e3o acontecer o cen\u00e1rio precisa ser revertido a partir da cria\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas de valoriza\u00e7\u00e3o da carreira que a tornem mais atrativa. *Estagi\u00e1ria sob supervis\u00e3o de Yasmin Castro. V\u00cdDEOS: Tudo sobre Campinas e Regi\u00e3o <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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