{"id":44873,"date":"2024-12-16T03:00:00","date_gmt":"2024-12-16T06:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/o-brutal-assassinato-de-crianca-pelo-pai-que-chocou-a-inglaterra\/"},"modified":"2024-12-16T03:00:00","modified_gmt":"2024-12-16T06:00:00","slug":"o-brutal-assassinato-de-crianca-pelo-pai-que-chocou-a-inglaterra","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/o-brutal-assassinato-de-crianca-pelo-pai-que-chocou-a-inglaterra\/","title":{"rendered":"O brutal assassinato de crian\u00e7a pelo pai que chocou a Inglaterra"},"content":{"rendered":"

“Eu matei minha filha”, disse o homem ao telefone, aos prantos. “N\u00e3o era minha inten\u00e7\u00e3o mat\u00e1-la, mas bati demais nela.” Ele contou ao atendente da pol\u00edcia que sua inten\u00e7\u00e3o era apenas puni-la. “Sou um pai cruel”, acrescentou. O homem ao telefone era Urfan Sharif. Quando a liga\u00e7\u00e3o foi encerrada, o policial George Van Der Wart estava batendo na porta da casa da fam\u00edlia Sharif em Woking. \u26a0\ufe0f Aviso: esta reportagem cont\u00e9m descri\u00e7\u00f5es detalhadas de abuso f\u00edsico Em um quarto no topo da escada, ele encontrou o corpo da filha de Sharif, Sara, de 10 anos, na cama inferior de um beliche, sob as cobertas. Ao lado do travesseiro, havia um bilhete com a letra de Sharif, no qual ele dizia que havia espancado e matado a filha. “Eu perdi a cabe\u00e7a”, ele escreveu. Os exames de aut\u00f3psia mostraram que Sara havia morrido devido a uma s\u00e9rie de ferimentos e neglig\u00eancia. Seu corpo estava coberto de hematomas, ela tinha um traumatismo craniano, marcas de mordidas humanas e v\u00e1rios ossos quebrados. Ela havia sido queimada por um ferro de passar roupas dom\u00e9stico. Uma busca na casa e no jardim revelou, entre outras coisas, capuzes caseiros feitos de sacos pl\u00e1sticos e fita adesiva, al\u00e9m de um taco de cr\u00edquete com o sangue de Sara. Foi um desfecho brutal para a vida de uma menina lembrada por sua ex-professora como animada, ousada e esfuziante, cujo ref\u00fagio de felicidade era estar no palco. Sara adorava tocar viol\u00e3o e sonhava em participar do programa de calouros brit\u00e2nico “X Factor”. Sua cor preferida era rosa, e sua comida favorita era frango biryani. Espancada, queimada e mordida Sara cresceu em um lar onde a ‘cultura de viol\u00eancia’ era ‘normalizada’, disse o promotor ao tribunal \u2014 Foto: Arquivo pessoal Um j\u00fari do Tribunal Central Criminal, conhecido como Old Bailey, em Londres, considerou agora Sharif e a madrasta de Sara, Beinash Batool, culpados de assassinato. Seu tio, Faisal Malik, foi inocentado da acusa\u00e7\u00e3o de assassinato, mas considerado culpado de causar ou permitir a morte de uma crian\u00e7a. Durante o julgamento de oito semanas, foi apresentado o retrato de uma jovem que foi deixada na m\u00e3o pelas pessoas mais pr\u00f3ximas a ela \u2014 as pessoas em quem ela deveria ter podido confiar. Sara era retratada com frequ\u00eancia sorrindo em fotografias, mas em casa estava sendo espancada, queimada e mordida. O julgamento mostraria repetidamente como o conselho tutelar do condado de Surrey, a Pol\u00edcia de Surrey e sua escola estavam todos cientes das preocupa\u00e7\u00f5es relacionadas \u00e0 sua fam\u00edlia, mas nenhum deles foi capaz de oferecer uma t\u00e1bua de salva\u00e7\u00e3o para Sara. Agora, ap\u00f3s o processo judicial acompanhado pela BBC News e outros meios de comunica\u00e7\u00e3o, podemos revelar muito mais detalhes sobre o envolvimento do conselho tutelar e das varas de fam\u00edlia na vida de Sara. Uma menina que, aos tr\u00eas anos de idade, j\u00e1 havia sido colocada duas vezes sob acolhimento familiar (medida de prote\u00e7\u00e3o para crian\u00e7as que precisam ser afastadas temporariamente da fam\u00edlia de origem). E que teve sua breve vida cercada de viol\u00eancia. Sara Sharif nasceu em 11 de janeiro de 2013 no Wexham Park Hospital, em Slough. Seu pai se mudou do Paquist\u00e3o para o Reino Unido para estudar. Ele se casou com a m\u00e3e de Sara, Olga Domin \u2014 que era polonesa e falava pouco ingl\u00eas \u2014 em Woking, em 2009. Antes mesmo de Sara nascer, a fam\u00edlia j\u00e1 era conhecida pela pol\u00edcia e pelo conselho tutelar. Os registros mostram que a pol\u00edcia se envolveu quatro vezes entre 2010 e 2012. O conselho tutelar do Conselho do Condado de Surrey estava em contato com eles desde 2010, enquanto as audi\u00eancias na vara de fam\u00edlia, em Surrey, come\u00e7aram pouco antes do nascimento de Sara. Isso se devia \u00e0s crescentes preocupa\u00e7\u00f5es relacionadas \u00e0 neglig\u00eancia e viol\u00eancia na fam\u00edlia, inclusive contra um dos irm\u00e3os de Sara, chamado no tribunal de “Z”. Em 2010, “Z” foi encontrado sozinho em uma loja com apenas tr\u00eas anos. Mais tarde naquele ano, Sharif foi preso por agredir Domin. Durante a briga, ele bateu em “Z”, deixando uma marca de m\u00e3o nas costas da crian\u00e7a. Em 2011, “Z” disse aos professores que o “papai me bateu” e, no ano seguinte, contou a eles que a “mam\u00e3e me bateu”. A crian\u00e7a foi achada com uma marca de queimadura, e foi novamente encontrada sozinha em p\u00fablico, desta vez no centro da cidade de Woking \u2014 a cerca de 800 metros da casa da fam\u00edlia. Os assistentes sociais observaram “les\u00f5es inexplic\u00e1veis” em “Z” e em outro irm\u00e3o de Sara, chamado no tribunal de “U”. Antes do nascimento de Sara, houve outras den\u00fancias de agress\u00f5es contra as crian\u00e7as, todas negadas. Depois houve um incidente em 2013, quando “Z” foi queimado por um ferro de passar roupas. Quando os assistentes sociais visitaram a casa da fam\u00edlia, n\u00e3o encontraram l\u00e2mpadas ou roupas de cama nos quartos das crian\u00e7as. Isso fez com que Sara fosse colocada sob uma ordem de prote\u00e7\u00e3o logo ap\u00f3s seu nascimento. Isso concedeu \u00e0 autoridade local responsabilidade legal por Sara e seus dois irm\u00e3os, e os assistentes sociais faziam visitas frequentes \u00e0 casa da fam\u00edlia. Ela foi colocada pela primeira vez sob acolhimento familiar por um curto per\u00edodo em novembro de 2014, quando tinha quase dois anos, depois que “Z” reclamou de ter sido mordido “com muita for\u00e7a” por Domin e “beliscado e socado” por Sharif. Os cuidadores notaram o que pareciam ser queimaduras de cigarro em Sara e em “U”. Domin e Sharif disseram que eram marcas de catapora. Em 2015, no meio da audi\u00eancia do processo de guarda, Domin acusou Sharif de bater nela e nos filhos, e de comportamento controlador e violento. Essas alega\u00e7\u00f5es nunca foram analisadas judicialmente, mas Sharif concordou em participar de um curso sobre viol\u00eancia dom\u00e9stica. C\u00e1rcere privado A Pol\u00edcia de Surrey tamb\u00e9m estava ciente de den\u00fancias anteriores de viol\u00eancia contra Sharif. Duas ex-namoradas o acusaram de c\u00e1rcere privado, em 2007 e em 2009. Ap\u00f3s o per\u00edodo inicial sob acolhimento familiar, no fim de 2014, Sara, que ainda n\u00e3o tinha completado dois anos, voltou para casa com “U”. Mas “Z” nunca voltou a viver com a fam\u00edlia, permanecendo sob acolhimento. No ano seguinte, Sara passou novamente um breve per\u00edodo sob acolhimento familiar, desta vez quando sua m\u00e3e saiu de casa alegando viol\u00eancia dom\u00e9stica. Quando seus pais se separaram formalmente, ela come\u00e7ou a morar com a m\u00e3e, inicialmente em um abrigo para mulheres. Sharif s\u00f3 tinha permiss\u00e3o para ter contato supervisionado com ela. Durante o julgamento de seu assassinato, o j\u00fari ouviu o depoimento de um dos assistentes sociais envolvidos no caso de Sara. Em suas anota\u00e7\u00f5es, ele registrou que quando Sharif se aproximou de Sara durante uma sess\u00e3o, ela gritou para ele “ir embora”. Ele tamb\u00e9m anotou que “U” disse que Sharif “bateu na boca da mam\u00e3e, e a fez sangrar”. Antes de Sharif se separar da m\u00e3e de Sara, ele conheceu outra mulher, Beinash Batool, que era cliente da sua empresa de t\u00e1xi. Nos anos seguintes, Sara continuou morando com a m\u00e3e, e as coisas pareciam ter se acalmado. Mas, na P\u00e1scoa de 2019, Sharif disse que Sara havia contado a ele que Domin tinha sido violenta com ela. Os documentos da vara de fam\u00edlia registraram como Sara afirmou que sua m\u00e3e havia tentado afog\u00e1-la e queim\u00e1-la com um isqueiro. Ela tamb\u00e9m disse que sua m\u00e3e havia dado um tapa nela, beliscado e puxado seu cabelo. Sharif gravou algumas das alega\u00e7\u00f5es em um v\u00eddeo. N\u00e3o est\u00e1 claro se ele havia incentivado Sara. Pela segunda vez desde o nascimento de Sara, os servi\u00e7os de assist\u00eancia social se envolveram, desta vez para avaliar com quem ela deveria morar. Apesar do hist\u00f3rico anterior de viol\u00eancia de Sharif, um assistente social recomendou que Sara e “U” voltassem a morar com ele. Em outubro de 2019, a vara de fam\u00edlia de Guildford concordou que Sara deveria voltar a morar com o pai e Batool, sua nova madrasta. O juiz que tomou a decis\u00e3o foi o mesmo que havia participado das audi\u00eancias de 2013 a 2015, e estava ciente de todas as den\u00fancias anteriores. Domin, que aceitou o acordo, deveria ter contato com a filha por duas horas todos os s\u00e1bados, supervisionada por Batool. Mais tarde, esse acordo foi rompido, encerrando o contato de Sara com a m\u00e3e. Nessa \u00e9poca, Sharif e Batool estavam morando em um apartamento pequeno localizado no t\u00e9rreo em West Byfleet, e Sara come\u00e7ou a frequentar a St Mary’s Primary School. Mas ficou claro para os moradores da rua que a situa\u00e7\u00e3o n\u00e3o era boa na casa. Uma vizinha do andar de cima, Rebecca Spencer, descreveu a fam\u00edlia como um “pesadelo”. Ela disse ao tribunal que ouvia batidas e gritos hist\u00e9ricos. Em uma ocasi\u00e3o, quando a situa\u00e7\u00e3o chegou ao “\u00e1pice”, ela contou aos jurados que foi at\u00e9 o apartamento para perguntar se estava tudo bem. Batool disse a ela que “sim, sim” antes de “fechar a porta na minha cara”. Coberta de hematomas Sara come\u00e7ou a usar hijab para ir \u00e0 escola em 2022 \u2014 Foto: Divulga\u00e7\u00e3o\/Pol\u00edcia de Surrey Outra vizinha, Chloe Redwin, disse ao tribunal que ouvia tapas e gritos frequentes, al\u00e9m dos palavr\u00f5es de Batool. Segundo ela, o \u00fanico momento em que havia sil\u00eancio era quando eles sa\u00edam de f\u00e9rias. O tribunal ouviu que nenhum dos vizinhos estava preocupado o suficiente para chamar a pol\u00edcia ou o servi\u00e7o de assist\u00eancia social. Em dezembro de 2020, Batool enviou para uma de suas irm\u00e3s, Qandeela Saboohi, algumas fotos de Sara com hematomas graves nos bra\u00e7os e no rosto. Nos dois anos seguintes, ela enviou mensagens frequentes para suas irm\u00e3s sobre Sharif “espancar Sara”, deixando-a “coberta de hematomas” e incapaz de andar. Ela alegou que, em uma noite, Sharif manteve Sara acordada a noite toda fazendo abdominais. Em uma mensagem, ela disse que teve de empurrar Sharif para salvar Sara. Nem Batool nem suas irm\u00e3s chamaram a pol\u00edcia ou o servi\u00e7o social. Batool contou \u00e0 fam\u00edlia que Sara estava sofrendo bullying na escola. A professora dela, Helen Simmons, lembrou que Sara “n\u00e3o tinha muita facilidade para fazer amigos”, mas disse que ela “adorava estar no palco, cantar e se apresentar \u2014 esse era seu ref\u00fagio de felicidade”. Sara tamb\u00e9m gostava de ser membro do “Cool Carers’ Club”, para crian\u00e7as que assumem mais responsabilidades em casa. A diretora da escola, Jacquie Chambers, se lembrou de Sara como uma “tagarela absoluta” que sonhava em participar do “The X Factor”. “Sempre nos lembraremos dela como aquela garotinha muito confiante, muito sorridente, cheia de energia e vida. Ela tinha uma personalidade grandiosa e vibrante. E falava pelos cotovelos com qualquer um que quisesse ouvir.” As preocupa\u00e7\u00f5es com Sara aumentaram em junho de 2022, quando ela foi retirada da escola para ser educada em casa. “Isso foi motivo de preocupa\u00e7\u00e3o porque aconteceu de forma inesperada”, afirmou Simmons durante o julgamento. Sara voltou para o novo ano acad\u00eamico em setembro. Foi por volta dessa \u00e9poca que Sara come\u00e7ou a usar hijab (v\u00e9u isl\u00e2mico). Em um v\u00eddeo caseiro de julho de 2022, que foi apresentado ao j\u00fari, Sharif \u00e9 visto dando quatro tapas no rosto de Sara. Apesar de o hijab cobrir grande parte da sua cabe\u00e7a, em mar\u00e7o de 2023, Simmons observou ferimentos no rosto de Sara. Primeiro, em 10 de mar\u00e7o, ela viu um hematoma na parte inferior do queixo e outro na bochecha.. “N\u00e3o pareciam hematomas recentes”, ela afirmou. Sara disse que havia ca\u00eddo em cima de uns patins, mas seu relato parecia inconsistente. Ela contou a uma amiga da escola que havia ca\u00eddo de bicicleta. A escola ficou t\u00e3o preocupada que encaminhou o incidente para os servi\u00e7os de assist\u00eancia social. Pela terceira vez, o conselho tutelar do Conselho do Condado de Surrey se envolveu no caso de Sara. Ap\u00f3s uma investiga\u00e7\u00e3o de seis dias, o conselho informou \u00e0 escola que nenhuma medida adicional seria tomada, mas pediu que a escola “monitorasse” a situa\u00e7\u00e3o. Isso aconteceu apesar de o conselho conhecer o longo hist\u00f3rico de den\u00fancias de viol\u00eancia na fam\u00edlia e o envolvimento da pol\u00edcia desde 2010. A escola tamb\u00e9m registrou que Batool foi vista falando palavr\u00f5es bastante expl\u00edcitos e abusivos em punjabi durante a sa\u00edda da escola, segundo o tribunal. Em 28 de mar\u00e7o, Sara chegou \u00e0 escola com outro hematoma. Batool disse a Simmons que o ferimento havia sido causado por uma caneta. Tudo isso foi novamente registrado meticulosamente pela escola. No m\u00eas seguinte, a fam\u00edlia finalmente se mudou do pequeno apartamento de dois quartos em um conjunto habitacional, em West Byfleet, para uma casa geminada maior em Woking, tamb\u00e9m de propriedade do Conselho do Condado de Surrey. Faisal Malik, tio de Sara, j\u00e1 estava morando com a fam\u00edlia h\u00e1 cerca de quatro meses, e tamb\u00e9m se mudou para a casa nova. A partir deste momento, Sara nunca mais voltou para a escola. Sharif escreveu um e-mail superficial para a St Mary’s Primary School dizendo que a filha estava sendo educada em casa novamente. Qualquer chance de a escola monitorar Sara j\u00e1 havia acabado. ‘Ele a espancou loucamente’ Judy Lozeron morava ao lado dos Sharif em Woking. Ela costumava observar Sara no jardim, cuidando tranquilamente do beb\u00ea da fam\u00edlia enquanto as outras crian\u00e7as brincavam. “Ela parecia muito apegada ao beb\u00ea”, ela disse. Mas ela nunca viu nenhum sinal de ferimento e nunca ouviu nenhum grito ou discuss\u00e3o na casa ao lado. A \u00fanica coisa que ela notou foi o comportamento de Sara. “N\u00e3o via ela sorrir, e acho que isso \u00e9 estranho, mas n\u00e3o havia motivo para suspeitarmos de outra coisa.” Em 25 de maio, outra mensagem de Batool sobre Sara para a irm\u00e3 dizia: “Ele a espancou loucamente. O n\u00edvel de oxig\u00eanio dela caiu muito, ela est\u00e1 com dificuldade de ficar acordada. Ela est\u00e1 respirando muito, muito r\u00e1pido”. Com o passar do ver\u00e3o, a tortura de Sara se intensificou, em grande parte fora do alcance do olhar ou ouvido dos vizinhos. Em suas \u00faltimas semanas de vida, ela foi mordida, marcada com um ferro nos gl\u00fateos, e encapuzada com sacos pl\u00e1sticos presos com fita adesiva. Sharif admitiu ter batido nela com um taco de cr\u00edquete e com uma viga branca de metal que fazia parte de uma cadeira alta. Ele tamb\u00e9m acertou ela na cabe\u00e7a com um telefone celular. Mas as marcas de mordidas em seu corpo n\u00e3o correspondiam \u00e0 arcada dent\u00e1ria de Sharif, segundo foi informado no tribunal. Ele negou ter queimado Sara com um ferro de passar roupa. Sara havia come\u00e7ado a vomitar, e estava usando fralda porque estava se sujando. Em suas \u00faltimas semanas de vida, ela sofreu pelo menos 25 fraturas e uma les\u00e3o cerebral por traumatismo. Em nenhum momento, ela foi levada ao hospital. Em uma tarde no in\u00edcio de agosto, Fiona Mellon, cujo jardim dos fundos dava para a casa dos Sharif, ouviu um grito agudo que foi subitamente interrompido. No domingo, 6 de agosto de 2023, Sara foi filmada por Batool dan\u00e7ando em frente \u00e0 TV, aparentemente bem. Mais tarde naquele dia, o advogado da madrasta disse que seu pai bateu nela novamente. Na ter\u00e7a-feira, 8 de agosto, o corpo de Sara n\u00e3o aguentou mais, e ela come\u00e7ou a se deteriorar visivelmente. Sharif decidiu que ela estava fingindo, e bateu novamente na barriga dela com a viga de metal. Mais tarde naquela noite, “U” enviou a seguinte mensagem a um amigo: “Ol\u00e1””Urgente””Minha irm\u00e3 acabou de falecer” Quando Sara morreu, foi o fim de uma vida em que a viol\u00eancia havia se tornado completamente normalizada, afirmou a promotoria durante o julgamento. Os servi\u00e7os de assist\u00eancia social estiveram intermitentemente envolvidos com a fam\u00edlia por 13 anos; seu pai havia sido preso pelo menos tr\u00eas vezes por viol\u00eancia contra adultos; e sua escola havia levantado preocupa\u00e7\u00f5es sobre hematomas. Isso levanta questionamentos sobre se sua morte poderia ter sido evitada. Uma quest\u00e3o fundamental \u00e9 se deve haver uma maneira melhor de monitorar os alunos sobre os quais h\u00e1 preocupa\u00e7\u00f5es quando eles s\u00e3o retirados da escola. Annie Hudson, que preside o Painel de Revis\u00e3o de Pr\u00e1ticas de Prote\u00e7\u00e3o Infantil da Inglaterra, disse que as crian\u00e7as vulner\u00e1veis podem correr mais riscos quando s\u00e3o retiradas da escola. “Elas est\u00e3o fora de vista, n\u00e3o recebem o cuidado protetor de estar na escola, e tudo o que isso oferece”, acrescentou. Imediatamente ap\u00f3s a morte de Sara, o Conselho do Condado de Surrey encomendou uma r\u00e1pida revis\u00e3o de seu envolvimento no caso dela. Isso levou a uma revis\u00e3o mais detalhada do servi\u00e7o de prote\u00e7\u00e3o infantil local, que agora est\u00e1 analisando o papel da Pol\u00edcia de Surrey, da escola St Mary’s, do NHS, o sistema p\u00fablico de sa\u00fade brit\u00e2nico, e do Conselho do Condado de Surrey. A revis\u00e3o vai investigar o envolvimento intermitente do conselho tutelar com Sara, que come\u00e7ou antes de ela nascer. E vai avaliar a investiga\u00e7\u00e3o de seis dias sobre os hematomas observados pela professora de Sara cinco meses antes de sua morte. Essa investiga\u00e7\u00e3o n\u00e3o resultou em nenhuma a\u00e7\u00e3o do conselho do condado contra os pais, apesar de saberem do hist\u00f3rico violento de Sharif. Houve apenas uma sugest\u00e3o para que a escola monitorasse Sara. Mas os professores n\u00e3o puderam fazer isso depois que Sara foi retirada da escola. Rachael Wardell, diretora executiva da \u00e1rea de crian\u00e7as, fam\u00edlias e educa\u00e7\u00e3o continuada do Conselho do Condado de Surrey, afirmou: “Estamos firmes em nosso compromisso de proteger as crian\u00e7as, e estamos determinados a desempenhar um papel pleno e ativo na iminente revis\u00e3o, junto \u00e0s ag\u00eancias parceiras, para entender completamente as circunst\u00e2ncias mais amplas que envolveram a tr\u00e1gica morte de Sara.” Ela disse que o panorama completo s\u00f3 vai ficar claro quando a revis\u00e3o independente for conclu\u00edda. “A morte de Sara \u00e9 incrivelmente perturbadora, e compartilhamos o profundo horror diante dos terr\u00edveis detalhes que surgiram durante o julgamento. N\u00e3o podemos sequer come\u00e7ar a compreender o sofrimento que a pobre Sara suportou.” Um banco pintado com bolinhas est\u00e1 agora no playground da antiga escola de Sara. Ele tem uma placa onde se l\u00ea: “banco dos amigos da Sara”. Chambers, a diretora da escola, disse que Sara era “uma menininha muito especial”. “Na verdade, \u00e9 dif\u00edcil expressar em palavras”, ela acrescentou. “Acho que nunca senti tamanha tristeza.” V\u00cdDEOS: mais assistidos do g1 <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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