{"id":44640,"date":"2024-12-14T01:30:00","date_gmt":"2024-12-14T04:30:00","guid":{"rendered":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/com-argentina-insustentavel-estudantes-de-medicina-voltam-ao-brasil-com-esperanca-de-concluir-o-curso\/"},"modified":"2024-12-14T01:30:00","modified_gmt":"2024-12-14T04:30:00","slug":"com-argentina-insustentavel-estudantes-de-medicina-voltam-ao-brasil-com-esperanca-de-concluir-o-curso","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/com-argentina-insustentavel-estudantes-de-medicina-voltam-ao-brasil-com-esperanca-de-concluir-o-curso\/","title":{"rendered":"Com Argentina ‘insustent\u00e1vel’, estudantes de medicina voltam ao Brasil com esperan\u00e7a de concluir o curso"},"content":{"rendered":"

\u201cO custo de vida se tornou insustent\u00e1vel, a mensalidade da universidade foi aumentando m\u00eas a m\u00eas e eu precisei gastar cada vez mais com moradia, transporte, alimenta\u00e7\u00e3o e at\u00e9 material para a universidade\u201d, diz ele, que hoje tem 28 anos. O jovem lembra que, at\u00e9 2023, seus gastos mensais, convertidos em reais, ficavam em torno de R$ 3,5 mil, incluindo a mensalidade da faculdade. Em setembro deste ano, ele j\u00e1 gastava quase o triplo. Em outubro, Danilo arrumou as malas e voltou para o Brasil. Casos como o de Danilo se tornaram comuns ao longo deste ano. At\u00e9 2023, a Argentina era um dos principais destinos escolhidos por brasileiros que queriam cursar medicina no exterior. Em 2022, mais de 20 mil brasileiros estudavam medicina no pa\u00eds vizinho, segundo um relat\u00f3rio argentino do Minist\u00e9rio do Capital Humano. No entanto, dezenas de brasileiros est\u00e3o voltando para o Brasil ou se transferindo para outros pa\u00edses, especialmente o Paraguai. O principal motivo \u00e9 o aumento de pre\u00e7os alavancado pelas pol\u00edticas econ\u00f4micas do presidente argentino Javier Milei, que impactou todos os setores do pa\u00eds, inclusive o de alugu\u00e9is e o de educa\u00e7\u00e3o. Mais de 30 estudantes brasileiros s\u00e3o barrados em aeroporto na Argentina Saindo da Argentina Muitos dos brasileiros que estudavam na Argentina confiavam na desvaloriza\u00e7\u00e3o do peso argentino com rela\u00e7\u00e3o ao real, e na estabilidade dos pre\u00e7os de servi\u00e7os e custo de vida em geral no pa\u00eds. Isso era necess\u00e1rio porque muitos deles ainda mantinham algum v\u00ednculo empregat\u00edcio no Brasil e recebiam em real ou porque recebiam aux\u00edlio financeiro da fam\u00edlia que havia permanecido no pa\u00eds. No entanto, muita coisa mudou de l\u00e1 para c\u00e1: As universidades passaram a reajustar os pre\u00e7os mensalmente e de maneira imprevis\u00edvel. Se, em um m\u00eas, o aluno pagou R$ 1,2 mil, no outro poderia pagar R$ 1,8 mil, R$ 2 mil ou mais, sem controle ou aviso pr\u00e9vio.O pre\u00e7o do aluguel disparou, e muitos locat\u00e1rios passaram a cobrar o valor em d\u00f3lar, para contornar a baixa do peso argentino, e com contratos de apenas 3 meses, com aumentos frequentes. Houve um aumento nos casos de xenofobia, segundo brasileiros, e frases como \u201cse est\u00e1 achando que aqui est\u00e1 ruim, ent\u00e3o volta para o Brasil\u201d, \u201cse a faculdade aqui est\u00e1 cara, vai estudar em uma particular do Brasil\u201d, se tornaram mais comuns. Tudo isso, somado \u00e0 press\u00e3o de estar um pa\u00eds diferente, falando outro idioma e ficando longe da fam\u00edlia, contribuiu para que muitos brasileiros decidissem voltar para o pa\u00eds. De volta ao Brasil. E agora? Voltar para o Brasil pode significar uma oportunidade de continuar o sonho da medicina. \u00c9 o que acredita o mineiro Bruno*, de 33 anos. Ele voltou ao pa\u00eds ap\u00f3s concluir o 5\u00ba ano de medicina pela Universidad Abierta Interamericana (UAI). Mesmo faltando um ano para concluir o curso, ele avaliou que voltar era a melhor alternativa. Para ter a chance de concluir o curso no Brasil, Bruno fez o vestibular de uma universidade privada do interior de S\u00e3o Paulo. J\u00e1 aprovado, ele agora luta para conseguir a documenta\u00e7\u00e3o necess\u00e1rias da universidade argentina para eliminar as disciplinas que j\u00e1 cursou. Para Marcela*, de 32 anos, o retorno tem um sabor mais agridoce. Ela conta que os quase 6 anos que passou na Argentina deixaram marcas psicol\u00f3gicas profundas, e retornar para seu pa\u00eds natal foi uma maneira de autocuidado. “Eu voltei em outubro para o Brasil, faltava s\u00f3 um ano para eu me formar, mas al\u00e9m da quest\u00e3o financeira, voltei tamb\u00e9m por minha sa\u00fade mental. L\u00e1, infelizmente, sofremos muita xenofobia, discrimina\u00e7\u00e3o, inclusive na faculdade, e aguentar tudo isso por anos longe da fam\u00edlia n\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil”, confidencia. J\u00e1 formada em administra\u00e7\u00e3o de empresa, a potiguar agora espera poder retomar os estudos e concluir sua grada\u00e7\u00e3o dos sonhos. “Quero tentar me transferir para alguma universidade daqui, fazer um financiamento se for preciso, e terminar. Porque hoje, l\u00e1, quem faz uma [universidade] particular gasta, ao todo, cerca de R$ 7 mil, R$ 8 mil, e a esse pre\u00e7o, a gente faz um esfor\u00e7o e estuda no nosso pa\u00eds”, avalia. @adynenogueiraa conta no TikTok sobre sua experi\u00eancia de ter transferido o curso de medicina da Argentina para o Brasil. \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o Tanto Bruno quanto Marcela j\u00e1 desapegaram da ideia de estudar fora, e mesmo que a condi\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica da Argentina voltasse a ficar favor\u00e1vel para os brasileiros, eles acreditam que n\u00e3o voltariam. Hoje, se algu\u00e9m me diz que quer estudar medicina na Argentina, eu falo para pensar duas vezes. Falo que Buenos Aires \u00e9 uma cidade maravilhosa, que o ensino \u00e9 muito bom, por\u00e9m, com essa quest\u00e3o financeira, n\u00e3o acho que vale mais a pena. \u2014 Bruno, estudante de medicina que voltou ao Brasil. Transfer\u00eancia n\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil Apesar da esperan\u00e7a que voltar ao Brasil d\u00e1 a muitos estudantes, o processo de transfer\u00eancia para institui\u00e7\u00f5es nacionais n\u00e3o \u00e9 simples. O pricipal desafio \u00e9 conseguir o acesso r\u00e1pido \u00e0 documenta\u00e7\u00e3o que comprova quais disciplinas foram estudadas at\u00e9 ali. Esse documento \u00e9 importante pois, sem ele, o candidato que tentar transferir o curso para o Brasil pode precisar reiniciar a gradua\u00e7\u00e3o. Em contrapartida, com a documenta\u00e7\u00e3o, \u00e9 poss\u00edvel que o estudante elimine algumas disciplinas. Quase sempre, h\u00e1 algum preju\u00edzo de tempo de pelo menos um semestre, mas \u00e9 a melhor solu\u00e7\u00e3o. Atualmente, segundo estudantes ouvidos pelo g1, o tempo m\u00ednimo informado pelas universidades para envio deste documento \u00e9 de 6 meses, podendo passar de um ano. A informa\u00e7\u00e3o teria sido confirmada pelo Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o argentino, que teria justificado como “demanda muito alta”. O g1 procurou a pasta e universidades argentinas para confirmar o per\u00edodo de espera, mas n\u00e3o obteve resposta at\u00e9 a publica\u00e7\u00e3o da reportagem. Para tentar reduzir o tempo de espera pela documenta\u00e7\u00e3o, muitos estudantes est\u00e3o entrado com representa\u00e7\u00e3o judicial contra as universidades. Por l\u00e1, o desafio continua A estudante Ana Clara Gazoli, de 21 anos, conitinua na Argentina, apesar das dificuldade de perman\u00eancia para os brasileiros. Ela conta que at\u00e9 pensa em voltar para o Brasil e terminar o curso por aqui, mas ainda n\u00e3o conseguiu levar o plano para a frente por quest\u00f5es burocr\u00e1ticas que envolvem o filho de 10 meses. O que pesou na escolha de Ana Clara Gazoli, de 21 anos, estudar medicina na Argentina foi o valor das mensalidades e o reconhecimento internacional da qualidade dos cursos da \u00e1rea no pa\u00eds. Ela come\u00e7ou o curso pela Universidade de Buenos Aires (UBA), uma institui\u00e7\u00e3o p\u00fablica, mas optou por se transferir para a universidade privada Maim\u00f3nides, onde precisou reiniciar o curso de ingresso, tamb\u00e9m chamado de pr\u00e9-grad. Quando come\u00e7ou na Maim\u00f3nides, as mensalidades ficavam cerca de R$ 1,5 mil. Agora, ao final do 2\u00ba ano do curso, ela paga quase R$ 4 mil. O custo aqui est\u00e1 um absurdo. Quando cheguei na Argentina, eu gastava R$ 2 mil em m\u00e9dia e conseguia \u2018luxar\u2019 pagando aluguel, pagando conv\u00eanio, conseguia sair e fazer bastante coisa; Hoje em dia, s\u00f3 com aluguel, pago R$ 4 mil, sem falar em internet, g\u00e1s, luz e outras necessidades. \u2014 Ana Clara, brasileira estudante de medicina na Argentina. Agora, mais do que nunca, Clara conta que precisa da ajuda do pai para permanecer no pa\u00eds. “Eu trabalho, mas o que ganho \u00e9 para manter o meu filho. Quem me mant\u00e9m aqui \u00e9 meu pai”, diz ela. E, apesar de as universidades argentinas continuarem entre as mais reconhecidas do mundo, a jovem avalia que vale a pena para poucos. “Se a pessoa quer sair de casa, estudar em outro pa\u00eds, conhecer outras culturas, conhecer outras pessoas, sair de onde vive, mas tem condi\u00e7\u00f5es, venha. Vem e vai ser incr\u00edvel. Por\u00e9m, se a pessoa est\u00e1 vindo pensando na quest\u00e3o financeira, econ\u00f4mica, n\u00e3o vale a pena, n\u00e3o est\u00e1 valendo a pena estar na Argentina. N\u00e3o mais”, conclui. *Estudante pediu para n\u00e3o ser identificado por medo de retalia\u00e7\u00e3o. V\u00cdDEOS DE EDUCA\u00c7\u00c3O <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

\u201cO custo de vida se tornou insustent\u00e1vel, a mensalidade da universidade foi aumentando m\u00eas a m\u00eas e eu precisei gastar cada vez…<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":44641,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[16,1],"tags":[],"class_list":["post-44640","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-mundo","category-todas-noticias"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/44640","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=44640"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/44640\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/44641"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=44640"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=44640"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=44640"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}