A tomada de Damasco, caso se confirme, consolida uma ofensiva surpreendente que, em apenas 10 dias, p\u00f4s em xeque o regime que dura 24 anos. O levante come\u00e7ou no fim de novembro com a tomada de Aleppo, importante cidade no norte do pa\u00eds. Os rebeldes avan\u00e7aram rapidamente durante a semana, sem muita resist\u00eancia do Ex\u00e9rcito s\u00edrio. Entre sexta (5) e s\u00e1bado (6), conquistaram Homs e chegaram aos arredores da capital. As for\u00e7as rebeldes s\u00e3o lideradas pelo movimento extremista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ou Organiza\u00e7\u00e3o para a Liberta\u00e7\u00e3o do Levante, que surgiu como uma filial da Al Qaeda, grupo terrorista por tr\u00e1s dos atentados do 11 de Setembro. O l\u00edder do grupo, Abu Mohammed al-Golani, disse ao jornal americano “The New York Times” que o objetivo do movimento \u00e9 libertar a S\u00edria do “regime opressivo” de Assad. Veja, abaixo, como os rebeldes avan\u00e7aram at\u00e9 Damasco: Veja a cronologia do avan\u00e7o rebelde na S\u00edria \u2014 Foto: Infogr\u00e1fico\/g1 27 e 28 de novembro – Aleppo sob ataque No final de novembro, o mundo come\u00e7ou a acompanhar mais de perto as primeiras ofensivas de grupos armados rebeldes contra a cidade de Aleppo, que \u00e9 a segunda maior cidade da S\u00edria e tem pouco mais de 2 milh\u00f5es de habitantes. O HTS, que j\u00e1 controlava parte do noroeste do pa\u00eds, violou um acordo para diminuir as agress\u00f5es. Segundo militares s\u00edrios ouvidos na \u00e9poca, tudo indicava uma s\u00e9rie de ataques em cidades e bases militares. No dia 28 de novembro, as for\u00e7as opositoras ao regime s\u00edrio publicaram em redes sociais que tomaram o controle de mais de 15 cidades. Na a\u00e7\u00e3o, foram tomados equipamentos do Ex\u00e9rcito e militares foram feitos ref\u00e9ns, segundo os rebeldes. Veja como foi esse ataque. O balan\u00e7o registrou 182 combatentes mortos, incluindo 102 da HTS, 19 de fac\u00e7\u00f5es aliadas e 61 das for\u00e7as do regime e grupos aliados, segundo o Observat\u00f3rio S\u00edrio para os Direitos Humanos (OSDH). 29 e 30 de novembro – Rodovias fechadas e voos cancelados As autoridades da S\u00edria fecharam rodovias e cancelaram todos os voos no aeroporto de Aleppo na madrugada de s\u00e1bado (30), pelo hor\u00e1rio local \u2014 noite de sexta-feira (29), no Brasil. Por conta da ofensiva rebelde, o Ex\u00e9rcito autorizou apenas a passagem de tropas militares. Al\u00e9m disso, os soldados foram orientados a fazer uma “retirada segura” de bairros onde os rebeldes j\u00e1 invadiram. Nesta etapa da ofensiva, um comandante de uma das brigadas rebeldes afirmou que o avan\u00e7o r\u00e1pido pelas cidades s\u00edrias foi facilitado pela falta de apoio do Ir\u00e3 no pa\u00eds. Grupos que s\u00e3o financiados pelo governo iraniano se enfraqueceram nos \u00faltimos meses, principalmente por causa das a\u00e7\u00f5es de Israel. 1\u00ba de dezembro – Bashar al-Assad promete revidar Presidente s\u00edrio, Bashar al-Assad, participa de reuni\u00e3o do seu partido, em Damasco, no domingo (7) \u2014 Foto: Sana \/ AFP O presidente da S\u00edria, Bashar al-Assad, prometeu no dia 1\u00ba de dezembro que recorreria \u00e0 for\u00e7a para eliminar “o terrorismo”, ap\u00f3s uma ofensiva rel\u00e2mpago de grupos rebeldes liderados por islamistas. Neste dia, as for\u00e7as militares do presidente afirmaram que as suas tropas se retiraram temporariamente de Aleppo “para preparar uma contra-ofensiva”. Unidades do ex\u00e9rcito s\u00edrio refor\u00e7aram suas linhas defensivas durante a noite com armas, pessoal e equipamento adicionais, combatendo ataques de organiza\u00e7\u00f5es terroristas. 2 de dezembro – Mil\u00edcias iraquianas entram na S\u00edria O chefe das For\u00e7as de Mobiliza\u00e7\u00e3o Popular iraquiana, Faleh al-Fayyad, negou a entrada de combatentes na S\u00edria. A rede de mil\u00edcias regionais aliadas do Ir\u00e3 tem sido crucial para o sucesso das for\u00e7as pr\u00f3-governo em subjugar os rebeldes que se levantaram contra o presidente Bashar al-Assad em 2011, mantendo bases na S\u00edria h\u00e1 anos. Neste dia, o presidente da R\u00fassia, Vladimir Putin, e seu hom\u00f3logo iraniano, Masud Pezeshkian, expressaram apoio “incondicional” ao regime s\u00edrio. 5 de dezembro – Hama \u00e9 tomada Depois de tomar Aleppo em uma ofensiva rel\u00e2mpago, rebeldes s\u00edrios conseguiram entrar na cidade de Hama no dia 5 de dezembro. A informa\u00e7\u00e3o foi confirmada pelo Ex\u00e9rcito s\u00edrio. A televis\u00e3o Al Jazeera transmitiu o que disse serem imagens da invas\u00e3o – com os rebeldes se encontrando com civis perto de uma rotat\u00f3ria, enquanto outros dirigiam ve\u00edculos militares e ciclomotores. Rebeldes da S\u00edria dizem ter tomado base militar do ex\u00e9rcito pr\u00f3ximo a Hama Segundo o Ex\u00e9rcito s\u00edrio, os rebeldes entraram em Hama ap\u00f3s intensos confrontos e a decis\u00e3o de se deslocar para fora da cidade foi tomada “para preservar vidas civis e evitar combates urbanos”. Em uma declara\u00e7\u00e3o em v\u00eddeo enviada ap\u00f3s a invas\u00e3o, o l\u00edder rebelde mais poderoso, Abu Mohammed al-Golani, pediu ao primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, que n\u00e3o permita que as For\u00e7as de Mobiliza\u00e7\u00e3o Popular (PMF), alinhadas ao Ir\u00e3, intervenham na S\u00edria. Localizada a 210 quil\u00f4metros a norte de Damasco, Hama \u00e9 uma localidade estrat\u00e9gica para o governo de Assad, uma vez que controla a estrada que leva \u00e0 capital Damasco. Veja como foi a tomada de Hama. Tanques posicionados ap\u00f3s rebeldes liderados pelo HTS avan\u00e7arem em Hama, em 6 de dezembro de 2024 \u2014 Foto: REUTERS\/Mahmoud Hasano 6 de dezembro – Avan\u00e7o para Homs O Hezbollah afirmou tamb\u00e9m que enviou \u00e0 S\u00edria um “pequeno n\u00famero” de soldados para lutar ao lado das tropas do ditador s\u00edrio. A Jord\u00e2nia, pa\u00eds que faz fronteira com a S\u00edria, fechou todos os acessos ao pa\u00eds vizinho. A cidade foi cercada pelos rebeldes, que enfrentaram resist\u00eancia. Pr\u00e9dios de Homs ap\u00f3s os confrontos causados pela Guerra Civil \u2014 Foto: Divulga\u00e7\u00e3o\/Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (ONU) Embora seja sediado no L\u00edbano, de onde luta contra Israel, o Hezbollah tamb\u00e9m tem frentes em conflitos internacionais e vinha apoiando as for\u00e7as s\u00edrias. \u27a1\ufe0f Os combates entre rebeldes e as for\u00e7as s\u00edrias provocaram o deslocamento de 280 mil s\u00edrios desde 27 de novembro, devido ao avan\u00e7o dos grupos islamistas na S\u00edria, informou a ONU nesta sexta-feira (6), com o alerta de que o n\u00famero pode chegar a 1,5 milh\u00e3o. Milhares em fuga na S\u00edria diante de avan\u00e7o de extremistas 6 de dezembro – Curdos s\u00edrios tomam Deir el-Zor O chefe das for\u00e7as curdas declarou que est\u00e1 disposto a dialogar com os rebeldes islamistas, que realizam uma ofensiva rel\u00e2mpago no pa\u00eds. Na opini\u00e3o de Abdi, o r\u00e1pido avan\u00e7o dos rebeldes dominados pelo HTS do norte da S\u00edria em dire\u00e7\u00e3o ao centro traz “uma nova realidade pol\u00edtica e militar” na S\u00edria. 6 de dezembro – Rebeldes destroem est\u00e1rtua de pai de Assad Est\u00e1tua de Hafez al-Assad \u00e9 derrubada por manifestantes anti-governo Uma est\u00e1tua de Hafez al-Assad, pai do ditador da S\u00edria, Bashar al-Assad, foi decapitada na cidade de Hama. Hafez al-Assad foi presidente da S\u00edria entre 1971 e 2000, ano de sua morte e quando seu filho Bashar assumiu o governo no seu lugar. Cabe\u00e7a de est\u00e1tua de Hafez al-Assad, ex-presidente da S\u00edria e pai do atual presidente Bashar, \u00e9 rebocada por caminh\u00e3o em Hama, cidade tomada por rebeldes, em 6 de dezembro de 2024. \u2014 Foto: Muhammad Haj Kadour\/AFP 7 de dezembro – Cerco a Damasco Segundo a ag\u00eancia Reuters, as informa\u00e7\u00f5es v\u00eam dos depoimentos de rebeldes, entre eles o comandante Hassan Abdul Ghany, e de um oficial s\u00edrio, que confirmou a retirada das tropas governamentais de Quneitra. Na prov\u00edncia sulista de Suweida, pr\u00f3ximo \u00e0 fronteira com a Jord\u00e2nia, a mil\u00edcia drusa tomou a maioria das bases do ex\u00e9rcito, que se retirou do territ\u00f3rio. Os rebeldes afirmam ainda terem capturado a cidade de Daraa, embora o ex\u00e9rcito de Assad n\u00e3o reconhe\u00e7a a captura. 7 de dezembro – Entrada no sub\u00farbio de Damasco Os rebeldes derrubaram mais uma est\u00e1tua do pai de Bashar al-Assad em uma pra\u00e7a no sub\u00farbio de Jermana, a quase dez quil\u00f4metros do centro de Damasco. O grupo tamb\u00e9m invadiu pr\u00e9dios do governo na \u00e1rea fortemente policiada da capital, onde v\u00e1rios ramos de seguran\u00e7a est\u00e3o localizados. 7 de dezembro – Tomada de Homs O grupo conseguiu entrar na cidade-chave de Homs, vindos do norte e do leste da S\u00edria. Uma testemunha disse que “dezenas de manifestantes” derrubaram a est\u00e1tua na pra\u00e7a principal de Jaramana. A outra contou que observou que a est\u00e1tua havia sido derrubada ao passar pelo local. 8 de dezembro – chegada a Damasco No domingo, as for\u00e7as rebeldes chegaram aos arredores da capital Damasco e disseram n\u00e3o ter enfrentado resist\u00eancia do Ex\u00e9rcito. Segundo relatos publicados por ag\u00eancias internacionais, Assad deixou a capital e tem paradeiro desconhecido. Um oficial militar disse \u00e0 Reuters que o comando do Ex\u00e9rcito comunicou aos oficiais sobre a queda do regime. <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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