Em junho deste ano, o presidente Emmanuel Macron dissolveu o Parlamento e convocou novas elei\u00e7\u00f5es. A medida foi uma resposta ao avan\u00e7o da extrema direita no Parlamento Europeu \u2014 um movimento que aprofundou as divis\u00f5es pol\u00edticas no pa\u00eds. As elei\u00e7\u00f5es terminaram com a vit\u00f3ria de uma frente ampla formada por partidos de esquerda. No entanto, nenhum dos grupos pol\u00edticos conseguiu conquistar a maioria absoluta das cadeiras do Congresso. A falta de uma base s\u00f3lida para governar desencadeou semanas de impasse pol\u00edtico, com negocia\u00e7\u00f5es intensas para a escolha de um novo primeiro-ministro. Em setembro, Michel Barnier foi nomeado. A gest\u00e3o do primeiro-ministro n\u00e3o agradou, e a crise chegou ao \u00e1pice ap\u00f3s Barnier usar um dispositivo constitucional para aprovar o or\u00e7amento para 2025 sem que fosse necess\u00e1ria uma vota\u00e7\u00e3o no Parlamento. Nesta reportagem voc\u00ea vai ver: Como foram as elei\u00e7\u00f5es na Fran\u00e7aA nomea\u00e7\u00e3o de Michel BarnierA gota d’\u00e1gua com o or\u00e7amentoA vota\u00e7\u00e3o que derrubou o premi\u00ea 1. Como foram as elei\u00e7\u00f5es na Fran\u00e7a \u201cDecidi devolver-vos a escolha do nosso futuro parlamentar atrav\u00e9s da vota\u00e7\u00e3o. Estou, portanto, dissolvendo a Assembleia Nacional\u201d, disse em pronunciamento no dia 9 de junho, afirmando que ascens\u00e3o de nacionalistas \u00e9 um perigo para a Europa. Pelo sistema pol\u00edtico da Fran\u00e7a, que \u00e9 semipresidencialista, os eleitores elegem os partidos que compor\u00e3o o Parlamento. A sigla ou a coaliz\u00e3o com mais votos indica o primeiro-ministro, que governa em conjunto com o presidente. O partido Reuni\u00e3o Nacional (RN), de Marine Le Pen obteve 33% dos votos. A Nova Frente Popular, um grande bloco de partidos de esquerda, ficou em segundo lugar, com 28% dos votos.O bloco centrista do presidente Macron terminou em terceiro lugar, com 20% dos votos. A vantagem do partido de Le Pen colocou a extrema direita como favorita no segundo turno, com grandes chances de assumir o controle do Parlamento. Os resultados tamb\u00e9m evidenciaram a baixa aprova\u00e7\u00e3o do governo Macron, que enfrenta dificuldades econ\u00f4micas e pol\u00edticas. Das 577 cadeiras do Parlamento: a Nova Frente Popular, de esquerda, conquistou 182;o Juntos, de centro e governista, conquistou 168;a Reuni\u00e3o Nacional, de extrema direita, conquistou 143;o Republicanos, de direita, conquistou 45. Os resultados representaram um avan\u00e7o da esquerda e da extrema direita, al\u00e9m de um recuo significativo do partido de Macron. No entanto, os partidos de esquerda ficaram longe de conquistar a maioria absoluta necess\u00e1ria para governar sozinhos. INFOGR\u00c1FICO mostra como era e como fica o Parlamento da Fran\u00e7a ap\u00f3s as elei\u00e7\u00f5es legislativas \u2014 Foto: Arte g1 2. A nomea\u00e7\u00e3o de Michel Barnier Vencedora das elei\u00e7\u00f5es, a Nova Frente Popular tentou emplacar um nome para o governo, mas enfrentou resist\u00eancias de Emmanuel Macron. Quase dois meses ap\u00f3s o pleito, as negocia\u00e7\u00f5es para a nomea\u00e7\u00e3o de um primeiro-ministro permaneciam intensas. Diante da recusa, lideran\u00e7as da Nova Frente Popular prometeram barrar qualquer outra indica\u00e7\u00e3o para o cargo e amea\u00e7aram protocolar um pedido de impeachment contra Macron. Barnier assumiu com o objetivo de dialogar com as diversas for\u00e7as pol\u00edticas e buscar o m\u00ednimo de governabilidade para pacificar a crise pol\u00edtica. No entanto, ele n\u00e3o conseguiu atingir esses objetivos. 3. A gota d’\u00e1gua com o or\u00e7amento Negociador da Uni\u00e3o Europeia para o Brexit, Michel Barnier, em foto do domingo (25) \u2014 Foto: Yves Herman\/ Reuters O primeiro-ministro apresentou um plano de austeridade para ajustar as contas p\u00fablicas. O pacote previa cortes de at\u00e9 40 bilh\u00f5es de euros (R$ 255 bilh\u00f5es) e um aumento de impostos para gerar uma arrecada\u00e7\u00e3o adicional de 20 bilh\u00f5es de euros (R$ 127 bilh\u00f5es). O objetivo do governo \u00e9 enfrentar o d\u00e9ficit fiscal da Fran\u00e7a, que cresceu nos \u00faltimos anos. No entanto, o plano n\u00e3o agradou o Parlamento, e as negocia\u00e7\u00f5es travaram. Apesar de Barnier ter feito algumas concess\u00f5es, l\u00edderes da oposi\u00e7\u00e3o disseram que ele n\u00e3o atendeu \u00e0s demandas de ajuste no pacote. Diante do impasse, Barnier recorreu a um dispositivo constitucional raramente utilizado para aprovar o or\u00e7amento sem vota\u00e7\u00e3o no Parlamento. O mecanismo \u00e9 o mesmo usado por Macron em 2023 para impor a impopular reforma da Previd\u00eancia. A decis\u00e3o de Barnier abriu uma brecha legal para que os deputados apresentassem uma mo\u00e7\u00e3o de desconfian\u00e7a, que recebeu apoio tanto de partidos de esquerda quanto de direita. 4. A vota\u00e7\u00e3o que derrubou o premi\u00ea Miche Barnier e Emmanuel Macron \u2014 Foto: Michel Euler \/ POOL \/ AFP Em uma uni\u00e3o in\u00e9dita entre a esquerda e a extrema direita, os deputados da Fran\u00e7a derrubaram o primeiro-ministro Michel Barnier nesta quarta-feira. O resultado j\u00e1 era esperado. Ao todo, 331 dos 574 deputados presentes votaram a favor da mo\u00e7\u00e3o de desconfian\u00e7a. Para ser aprovada, a medida precisava do apoio de pelo menos 289 parlamentares. Juntos, os grupos de oposi\u00e7\u00e3o \u2014 extrema direita e o bloco de esquerda \u2014 somam quase 330 cadeiras. Com a mo\u00e7\u00e3o aprovada, Michel Barnier deixa automaticamente o cargo. Ele se tornou o segundo premi\u00ea na hist\u00f3ria da Fran\u00e7a a ser derrubado por uma mo\u00e7\u00e3o de censura. O primeiro foi Georges Pompidou, em 1962. Al\u00e9m disso, Barnier agora det\u00e9m o t\u00edtulo de primeiro-ministro com o mandato mais curto desde a Segunda Guerra Mundial, permanecendo no cargo por apenas dois meses. Agora, cabe a Macron decidir entre negociar com os partidos majorit\u00e1rios no Parlamento ou indicar outro nome para o cargo, uma decis\u00e3o que pode gerar uma nova onda de protestos e desgastar ainda mais seu governo. Fontes ouvidas pela ag\u00eancia de not\u00edcias Reuters afirmaram que o presidente deve optar por indicar outro nome, mesmo diante do risco de mais desgaste pol\u00edtico. Macron far\u00e1 um pronunciamento nesta quinta-feira (5). Composi\u00e7\u00e3o do Parlamento da Fran\u00e7a \u2014 Foto: Kayan Albertin\/g1 V\u00cdDEOS: mais assistidos do g1 <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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