{"id":42574,"date":"2024-11-26T06:00:00","date_gmt":"2024-11-26T09:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/fotografo-e-premiado-ao-retratar-pessoas-em-situacao-de-rua-que-trabalham-com-reciclagem-so-quem-esta-no-meio-pode-entender\/"},"modified":"2024-11-26T06:00:00","modified_gmt":"2024-11-26T09:00:00","slug":"fotografo-e-premiado-ao-retratar-pessoas-em-situacao-de-rua-que-trabalham-com-reciclagem-so-quem-esta-no-meio-pode-entender","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/fotografo-e-premiado-ao-retratar-pessoas-em-situacao-de-rua-que-trabalham-com-reciclagem-so-quem-esta-no-meio-pode-entender\/","title":{"rendered":"Fot\u00f3grafo \u00e9 premiado ao retratar pessoas em situa\u00e7\u00e3o de rua que trabalham com reciclagem: \u2018S\u00f3 quem est\u00e1 no meio pode entender\u2019"},"content":{"rendered":"

F\u00e1bio ganhou o Pr\u00eamio Portf\u00f3lio FotoDoc 2024 do Festival de Fotografia Documental. O ensaio \u201cEntre a vida e a morte nas ruas\u201d reuniu 13 registros do cotidiano dessas pessoas. A colet\u00e2nea ganhou o principal pr\u00eamio do festival, que teve 2.465 inscri\u00e7\u00f5es de brasileiros e estrangeiros divididas nas categorias Portf\u00f3lio, Ensaios e Imagem Destacada. Homem com tamp\u00e3o em olho carrega res\u00edduos recicl\u00e1veis \u2014 Foto: F\u00e1bio Teixeira Realidade e registros sens\u00edveis As fotos de F\u00e1bio se destacam por conta do contexto em que foram feitas. \u00c9 o que diz o pr\u00f3prio fot\u00f3grafo. Como morador do Rio de Janeiro, F\u00e1bio percebeu movimenta\u00e7\u00e3o de pessoas que trabalhavam com reciclagem nos arredores da Bahia de Guanabara, Zona Sul da cidade. Mas n\u00e3o s\u00f3. O mesmo grupo se organizava em outras \u00e1reas e era facilmente identific\u00e1vel, pelo menos por quem escolhesse ver. Homens, mulheres e crian\u00e7as. Todos em situa\u00e7\u00e3o de rua. A maioria preta e, em muitos casos, doente. \u201cA situa\u00e7\u00e3o mais complicada \u00e9 a morte e as doen\u00e7as. Havia pessoas que estavam com doen\u00e7as nos olhos. Uma esp\u00e9cie de bact\u00e9ria que eles pegam por trabalhar com lixo. Algumas perderam a vis\u00e3o e outras morreram. Elas falecem por infec\u00e7\u00e3o bacteriana, tuberculose, pneumonia e o pessoal, Estado e pessoas ali, n\u00e3o se importam muito. Cerca de uma vez por semana o IML [Instituto M\u00e9dico Legal] busca um corpo e fica por isso mesmo\u201d, conta F\u00e1bio Teixeira. \u201cPara mulheres \u00e9 pior ainda. Elas sofrem muito abuso de pessoas desconhecidas que param o carro de madrugada ali. Ainda t\u00eam os policiais, que pedem dinheiro para eles trabalharem na regi\u00e3o. \u00c9 como se fosse uma nova escravid\u00e3o, at\u00e9 porque a maior parte s\u00e3o pessoas negras\u201d, detalha. Homem cuida de mulher doente \u2014 Foto: F\u00e1bio Teixeira Sete meses nas ruas De acordo com F\u00e1bio, foram sete meses nas ruas para fazer as fotos. O primeiro per\u00edodo consistiu na aproxima\u00e7\u00e3o e conquista de confian\u00e7a dos personagens. Ato comum para documentaristas. O tempo serviu tamb\u00e9m para que o fot\u00f3grafo frequentasse e entendesse a realidade local. Depois, vieram os clicks. Clicks com consentimento e de forma espont\u00e2nea. Passando pelo ensaio, \u00e9 comum ver pessoas enfaixadas. Isso porque, segundo F\u00e1bio, elas moram nas margens da Avenida Brasil, maior via expressa do munic\u00edpio Rio de Janeiro. Esses trabalhadores n\u00e3o usam as passarelas, por conta da agilidade, e s\u00e3o frequentemente atropelados. Mesmo durante o processo de recupera\u00e7\u00e3o, continuam a trabalhar. Alguns com a esperan\u00e7a de algum dia sair da rua. Outros, optando por ficar ali. \u201cApesar disso tudo, tem o momento de esperan\u00e7a. Eles trabalham na fun\u00e7\u00e3o de sair da rua, querem sair. Procuram por cooperativas. Mas tamb\u00e9m tem gente que quer ficar na rua. \u00c9 outro mundo. Tem gente que julga, mas \u00e9 uma diversidade de pessoas. S\u00f3 quem est\u00e1 no meio pode entender\u201d, afirma F\u00e1bio. Daniel [nome fict\u00edcio] posa para foto. Em decorr\u00eancia de um atropelamento, ele utiliza pinos no bra\u00e7o, est\u00e1 com p\u00e9 enfaixado e utiliza muleta para andar. \u2014 Foto: F\u00e1bio Teixeira ‘Forma\u00e7\u00e3o da opini\u00e3o p\u00fablica’ M\u00f4nica Bento, vice-presidente da Associa\u00e7\u00e3o de Rep\u00f3rteres Fotogr\u00e1ficos e Cinematogr\u00e1ficos no Estado de S\u00e3o Paulo (Arfoc-SP), relata a import\u00e2ncia desse tipo de trabalho documental. \u201cO jornalismo tem como papel fundamental a forma\u00e7\u00e3o da opini\u00e3o p\u00fablica, se atendo aos fatos. Ent\u00e3o, esse tipo de narrativa aprofundada traz mais elementos para que as pessoas possam pensar, refletir, ter uma consci\u00eancia sobre essa realidade e agir\u201d, informa M\u00f4nica Bento. Pessoa descansa em len\u00e7ol com cole\u00e7\u00e3o de bonecas \u2014 Foto: F\u00e1bio Teixeira Como surge um fotodocumentarista F\u00e1bio nasceu em Piracicaba. Come\u00e7ou a carreira em 1998, aos 19 anos, como assistente fotogr\u00e1fico de est\u00fadio e eventos. Mas migrou para o fotojornalismo, que utiliza a foto como refor\u00e7ador da not\u00edcia, ao trabalhar no Jornal Tribuna Piracicabana. Anos mais tarde, iniciou na fotografia documental, que se diferencia do fotojornalismo ao desenvolver um trabalho mais aprofundado e interpretativo sobre um tema. Isso ocorreu depois de assistir aos filmes “Abaixando a M\u00e1quina: \u00c9tica do Jornalismo Carioca” (2007) e “Vivendo o Outro Olhar” (2010), ambos com realiza\u00e7\u00e3o do documentarista Guillermo Planel. \u201cAssistindo a esses filmes, vi minha esposa, que \u00e9 documentarista, dando depoimento. Na \u00e9poca, eu n\u00e3o a conhecia. Fui adicionando todo mundo na internet, porque queria fazer amizade e conversar. Me conectei com ela e fomos conversando. Assim, adentrei nessa \u00e1rea, que \u00e9 que mais gosto de fazer\u201d, diz. A cerim\u00f4nia de celebra\u00e7\u00e3o ocorre nesta ter\u00e7a-feira (26), a partir das 18h, na escola Panamericana de Arte e Design em S\u00e3o Paulo (SP). Haver\u00e1 exposi\u00e7\u00e3o das fotografias vencedoras at\u00e9 5 de janeiro de 2025, com entrada gratuita. \u00c9 poss\u00edvel saber mais neste link. V\u00cdDEOS: Tudo sobre Piracicaba e regi\u00e3o <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

F\u00e1bio ganhou o Pr\u00eamio Portf\u00f3lio FotoDoc 2024 do Festival de Fotografia Documental. O ensaio \u201cEntre a vida e a morte nas ruas\u201d…<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":42575,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[17,1],"tags":[],"class_list":["post-42574","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-cidades","category-todas-noticias"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/42574","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=42574"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/42574\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/42575"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=42574"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=42574"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=42574"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}