S\u00e3o Paulo A primeira coisa que Eddie Redmayne, 42, precisou aprender para seu papel na s\u00e9rie “O Dia do Chacal”, cujos seis primeiros epis\u00f3dios j\u00e1 est\u00e3o dispon\u00edvel no Disney+, foi a ser paciente. “Sou profundamente impaciente, \u00e9 um grande defeito de car\u00e1ter”, conta. “Estou sempre com pressa e correndo.” Para viver o matador de aluguel com mira certeira e nervos de a\u00e7o, ele precisou se controlar. “Escrevi na primeira p\u00e1gina do meu roteiro que ele se move como uma faca quente na manteiga”, explica o ator em bate-papo com a imprensa internacional, do qual o F5 participou. “Esse refinamento, essa economia, era algo que eu realmente queria capturar. Mas n\u00e3o \u00e9 algo que eu tenha na minha ess\u00eancia.” Parte do treino ocorreu em um campo frequentado por atiradores de elite nos arredores de Londres. L\u00e1, chegou a disparar com rifles a uma dist\u00e2ncia de 2 km do alvo. “Me surpreendi com a calma e a paci\u00eancia que voc\u00ea precisa ter para esperar os ventos se alinharem”, diz. “Voc\u00ea tem que prever o futuro, porque leva um ou dois segundos, quando voc\u00ea est\u00e1 atirando a essas dist\u00e2ncias, para a bala chegar.” A s\u00e9rie, cuja segunda temporada j\u00e1 foi confirmada, se inspira no livro de Frederick Forsyth, que fez sucesso no come\u00e7o dos anos 1970 e inspirou um filme hom\u00f4nimo. A trama, que narrava a tentativa de assassinato do general Charles de Gaulle, era baseada na hist\u00f3ria real de um funcion\u00e1rio p\u00fablico insatisfeito com a independ\u00eancia da Arg\u00e9lia, ocorrida no mandato do presidente franc\u00eas. Redmayne diz que o longa, dirigido por Fred Zinnemann, era um dos favoritos de seu pai e que acabou assistindo a obra “em uma idade inadequadamente jovem”. Transportada para os dias de hoje, a hist\u00f3ria ganhou outros elementos. Para o ator, no entanto, a nova adapta\u00e7\u00e3o n\u00e3o vai deixar a desejar no quesito pol\u00edtico. Talvez at\u00e9 se aprofunde nisso em alguns aspectos. “No filme e no livro originais, havia um senso muito mais bin\u00e1rio de bem e de mal”, avalia. “Tinha-se a sensa\u00e7\u00e3o de que de Gaulle era o bonzinho e de que o Chacal, embora carism\u00e1tico, era o vil\u00e3o. Sinto que o que Ronan [Bennett, criador e roteirista] fez em sua tradu\u00e7\u00e3o \u00e9 mostrar um mundo menos bin\u00e1rio, em que tudo est\u00e1 meio que em um espectro.” Em um momento de polariza\u00e7\u00e3o e “com menos espa\u00e7o para nuances”, ele diz que essa “\u00e1rea cinzenta moral” foi o que o atraiu no personagem, que \u00e9 perseguido pela agente do servi\u00e7o secreto brit\u00e2nico Bianca Pullman (Lashana Lynch). “Ambos s\u00e3o incrivelmente tenazes, profundamente habilidosos, apaixonados e talentosos, mas com moral duvidosa, em \u00faltima an\u00e1lise”, antecipa ele. J\u00e1 o alvo, explica o ator, agora \u00e9 apontado para “esse tipo de multibilion\u00e1rio da tecnologia” que “manipulam os pol\u00edticos com os cord\u00f5es da bolsa ou algo assim”. “Coisas aconteceram no mundo real que pareciam espelhar algumas das coisas que estavam acontecendo na s\u00e9rie”, sugere. “Sinto que \u00e9 isso que a grande televis\u00e3o ou o grande cinema faz.” Sem um personagem na televis\u00e3o desde “Birdsong”, em 2012, ele n\u00e3o sabe explicar exatamente o que o trouxe de volta, para al\u00e9m de o quanto desejou fazer a s\u00e9rie. “Gostaria que houvesse algum tipo de estrat\u00e9gia envolvida na maneira como escolho meus trabalhos, mas a verdade \u00e9 que \u00e9 sempre instintivo”, afirma. Leu o roteiro dos tr\u00eas primeiros epis\u00f3dios e se convenceu. “Parecia fresco e novo, mas mantinha todas aquelas qualidades anal\u00f3gicas que eu amava do original”, compara. “\u00c9 o tipo de televis\u00e3o que adoro assistir, que me mant\u00e9m na ponta do assento. E tamb\u00e9m parecia diferente de qualquer outro personagem que eu j\u00e1 havia interpretado.” Al\u00e9m disso, diz, queria saber o que aconteceria a partir do quarto epis\u00f3dio. As grava\u00e7\u00f5es duraram nove meses e passaram por pa\u00edses como \u00c1ustria, Cro\u00e1cia, Inglaterra e Hungria. “Parecia que est\u00e1vamos rodando dois filmes, muitas vezes eu estava na Cro\u00e1cia com uma equipe, enquanto a Lashana estava em Londres com outra”, conta. E, claro, havia o Chacal. Para realizar suas miss\u00f5es, o personagem se disfar\u00e7a e usa m\u00faltiplas identidades, o que ampliou o desafio. Seu rosto foi escaneado em 3D para que pr\u00f3teses fossem produzidas para, em conjunto com a maquiagem, transform\u00e1-lo de v\u00e1rias maneiras. J\u00e1 o figurino incluiu diversos trajes que modificavam suas formas. “Isso teve um efeito domin\u00f3 sobre a fisicalidade dele”, comenta. O maior desafio, no entanto, foi lidar com o fato de que n\u00e3o sabia como a hist\u00f3ria iria se desenrolar at\u00e9 o fim da temporada. “Voc\u00ea \u00e9 for\u00e7ado a interpretar o momento, porque voc\u00ea n\u00e3o sabe exatamente qual \u00e9 o arco”, analisa. “Mas isso tamb\u00e9m parecia muito adequado para o personagem. O Chacal \u00e9 algu\u00e9m que vai sempre improvisar e se adaptar.” <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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