{"id":42107,"date":"2024-11-22T11:53:00","date_gmt":"2024-11-22T14:53:00","guid":{"rendered":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/apos-viagem-de-mais-de-2-mil-quilometros-fragata-e-registrada-no-pantanal\/"},"modified":"2024-11-22T11:53:00","modified_gmt":"2024-11-22T14:53:00","slug":"apos-viagem-de-mais-de-2-mil-quilometros-fragata-e-registrada-no-pantanal","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/apos-viagem-de-mais-de-2-mil-quilometros-fragata-e-registrada-no-pantanal\/","title":{"rendered":"Ap\u00f3s viagem de mais de 2 mil quil\u00f4metros, fragata \u00e9 registrada no Pantanal"},"content":{"rendered":"
Os registros foram feitos pelo guia de natureza Branco Arruda durante uma expedi\u00e7\u00e3o organizada para avistar as on\u00e7as que habitam o local, juntamente com o fot\u00f3grafo Rodolfo Paz. Na cena, estavam retornando \u00e0 pousada quando ouviram o rasante da ave pelos c\u00e9us. \u201cPensamos inicialmente que se tratava de um gavi\u00e3o-tesoura, mas o padr\u00e3o de voo e o bico estavam estranhos. Branco desconfiou e tirou umas fotos. N\u00f3s tamb\u00e9m, mas ach\u00e1vamos imposs\u00edvel ser uma fragata t\u00e3o longe do mar\u201d, explica Rodolfo. Fragata \u00e9 registrada na regi\u00e3o de Porto Jofre, no Pantanal \u2014 Foto: Branco Arruda Ap\u00f3s consultarem um bi\u00f3logo parceiro, descobriram que se tratava de um registro rar\u00edssimo: o primeiro da esp\u00e9cie para o Pantanal e o mais distante j\u00e1 documentado do habitat natural da esp\u00e9cie. \u201c\u00c9 uma sensa\u00e7\u00e3o muito boa pegar um registro desse, um registro raro aqui na nossa regi\u00e3o do Mato Grosso, acho que o primeiro registro fora da costa, \u00e9 uma emo\u00e7\u00e3o muito grande. Me sinto privilegiado de fazer esse registro\u201d, diz Branco. Como ela foi parar l\u00e1? Normalmente associada \u00e0s correntes de ar das regi\u00f5es costeiras do Brasil, a fragata raramente \u00e9 vista longe do mar. Sua presen\u00e7a no Pantanal, em meio \u00e0s paisagens alagadas, desafia o comportamento habitual da esp\u00e9cie, deixando pesquisadores intrigados com o que pode ter levado esse indiv\u00edduo a t\u00e3o distante de seu habitat natural. De acordo com o ornit\u00f3logo Vitor Piacentini, o registro revela mais um caso de ocorr\u00eancia acidental de uma esp\u00e9cie fora de sua \u00e1rea de ocorr\u00eancia natural (indiv\u00edduo vagante), sendo mais surpreende por envolver uma esp\u00e9cie marinha costeira pr\u00f3xima do ponto mais distante poss\u00edvel do mar dentro do continente. Em linha reta, o local do registro, na divisa de MT e MS, est\u00e1 a aproximadamente 1250 km da costa oce\u00e2nica mais perto, localizada no litoral de S\u00e3o Paulo, pr\u00f3ximo a Cananeia. Na hip\u00f3tese de Vitor, a rota mais prov\u00e1vel que o bicho seguiu \u00e9 subindo o rio Paran\u00e1-Paraguai, o que daria mais de 2 mil km de viagem. \u201cEssa dist\u00e2ncia \u00e9 surpreendente se considerarmos que as fragatas s\u00e3o animais marinhos costeiros. Uma vez sobre \u00e1reas continentais, \u00e9 comum que a esp\u00e9cie voe pr\u00f3xima de grandes corpos da \u00e1gua, e por isso \u00e9 esperado que tenha seguido rios grandes como o Paran\u00e1 e Paraguai. Outra evid\u00eancia de que tenha seguido essa rota \u00e9 que a esp\u00e9cie foi reportada em Foz do Igua\u00e7u quatro dias antes do registro do Pantanal, embora sem documenta\u00e7\u00e3o\u201d, informa o ornit\u00f3logo. Registro de fragata no cora\u00e7\u00e3o do Pantanal \u00e9 o mais distante j\u00e1 feito da costa brasileira \u2014 Foto: Branco Arruda Segundo o especialista em aves, n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel saber o que levou a fragata a adentrar o continente. Fen\u00f4menos clim\u00e1ticos podem estar associados, mas numa primeira busca o bi\u00f3logo n\u00e3o encontrou nenhum indicativo de condi\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas extravagantes. \u201cPor ser um animal jovem (a plumagem permite separar dos adultos), \u00e9 poss\u00edvel que seja um indiv\u00edduo que estava dispersando em busca de nova \u00e1rea territorial e se perdeu, afastando-se da costa. As duas hip\u00f3teses (condi\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas e dispers\u00e3o natural) n\u00e3o s\u00e3o mutuamente exclusivas e podem ter atuado em conjunto\u201d, revela Vitor. Vitor revela ainda que este se trata de um caso isolado. Nesta \u00e9poca, outras aves aqu\u00e1ticas do Pantanal que poderiam ser perseguidas pela fragata, que costuma roubar comida de aves marinhas menores, j\u00e1 deixaram a regi\u00e3o do registro com a subida do n\u00edvel dos rios. \u00c9 o caso do trinta-r\u00e9is-grande (Phaetusa simplex), do trinta-r\u00e9is-pequeno (Sternulla superciliaris) e talvez mesmo do talha-mar (Rynchops niger). \u201cEste \u00e9 um caso isolado de um indiv\u00edduo que se perdeu, sendo considerado um vagante ou \u2018extraviado\u2019. Registros desta natureza ocorrem corriqueiramente em qualquer lugar, envolvendo as mais diversas esp\u00e9cies\u201d, finaliza o ornit\u00f3logo. A rota mais prov\u00e1vel \u00e9 que a ave seguiu \u00e9 subindo o rio Paran\u00e1-Paraguai, o que daria mais de 2 mil km de viagem. \u2014 Foto: Branco Arruda Vitor est\u00e1 ainda realizando uma nota cient\u00edfica, juntamente com o guia Branco Arruda e o bi\u00f3logo Fabiano Oliveira, para reportar o achado e discutir outros dados coletados sobre a esp\u00e9cie na regi\u00e3o. *Texto sob supervis\u00e3o de Giovanna Adelle V\u00cdDEOS: Destaques Terra da Gente <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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