\u201cFoi horr\u00edvel. Foi de partir o cora\u00e7\u00e3o. Foi errado. E nunca deveria ter acontecido\u201d, disse Luxon, enquanto cerca de 200 sobreviventes de abuso e suas fam\u00edlias assistiam da galeria p\u00fablica no parlamento em Wellington. \u201cHoje, estou pedindo desculpas em nome do governo a todos que sofreram abusos, danos e neglig\u00eancia enquanto estavam sob cuidado. Fa\u00e7o este pedido de desculpas a todos os sobreviventes em nome do meu governo e dos governos anteriores\u201d, afirmou o premi\u00ea. Estima-se que 200 mil pessoas em centros estatais, lares de acolhimento e institui\u00e7\u00f5es religiosas sofreram abusos \u201cinimagin\u00e1veis\u201d durante um per\u00edodo de sete d\u00e9cadas, segundo um relat\u00f3rio investigativo publicado em julho, ao concluir a maior investiga\u00e7\u00e3o j\u00e1 realizada na Nova Zel\u00e2ndia. Essas pessoas eram desproporcionalmente maoris, o povo ind\u00edgena da Nova Zel\u00e2ndia. (Leia mais abaixo) \u201cPara muitos de voc\u00eas, isso mudou o curso de suas vidas, e por isso, o governo deve assumir a responsabilidade\u201d, disse Luxon. Ele afirmou que tamb\u00e9m se desculpava em nome de governos anteriores. No entanto, Luxon foi criticado por alguns sobreviventes e defensores das v\u00edtimas por n\u00e3o ter inclu\u00eddo planos de compensa\u00e7\u00e3o junto com o pedido de desculpas desta ter\u00e7a. Ele disse ao Parlamento que um sistema \u00fanico de repara\u00e7\u00e3o seria estabelecido em 2025. O governo neozeland\u00eas j\u00e1 havia reconhecido as descobertas da investiga\u00e7\u00e3o no momento em que ela foi revelada, em julho, e havia prometido fornecer respostas at\u00e9 o final do ano sobre os planos de repara\u00e7\u00e3o. \u201cHaver\u00e1 uma conta significativa, mas isso n\u00e3o \u00e9 nada comparado \u00e0 d\u00edvida que devemos a esses sobreviventes e n\u00e3o deve ser a raz\u00e3o para mais atrasos\u201d, disse Chris Hipkins, l\u00edder da oposi\u00e7\u00e3o, ao Parlamento. Investiga\u00e7\u00e3o revela abusos Pessoas chegam ao Parlamento em Wellington, Nova Zel\u00e2ndia, em 24 de julho de 2024, para a apresenta\u00e7\u00e3o de relat\u00f3rio de investiga\u00e7\u00e3o independente sobre o abuso de crian\u00e7as e adultos vulner\u00e1veis sob cuidados do estado neozeland\u00eas. \u2014 Foto: AP Photo\/Charlotte Graham-McLay Uma investiga\u00e7\u00e3o independente revelou em julho deste ano que ag\u00eancias estatais e igrejas da Nova Zel\u00e2ndia falharam em prevenir, parar ou admitir maus-tratos e abusos de crian\u00e7as e adultos vulner\u00e1veis sob seus cuidados. Produzido pela Comiss\u00e3o Real \u2014o mais alto n\u00edvel de investiga\u00e7\u00e3o que pode ser realizado na Nova Zel\u00e2ndia\u2014, o relat\u00f3rio chamou as descobertas de uma \u201cvergonha nacional\u201d. De acordo com o instituto, de 650 mil crian\u00e7as e adultos vulner\u00e1veis sob cuidados estatais, de acolhimento e eclesi\u00e1sticos entre 1950 e 2019, quase um ter\u00e7o sofreu abuso f\u00edsico, sexual, verbal ou psicol\u00f3gico. Muitos mais foram explorados ou negligenciados. A popula\u00e7\u00e3o da Nove Zel\u00e2ndia \u00e9 de 5 milh\u00f5es de pessoas atualmente. O relat\u00f3rio diz ainda que a escala do abuso foi \u201cinimagin\u00e1vel\u201d com as cerca de 200 mil pessoas que foram abusadas ao longo de sete d\u00e9cadas. Muitos deles seriam M\u0101ori, os povos ind\u00edgenas da Nova Zel\u00e2ndia. Esses n\u00fameros podem ser ainda maiores, considerando que registros oficiais que foram perdidos ou destru\u00eddos ao longo do tempo. Centenas de sobreviventes dos maus tratos e seus apoiadores lotaram a galeria p\u00fablica no Parlamento neozeland\u00eas no momento em que os legisladores responderam \u00e0s conclus\u00f5es do relat\u00f3rio. O relat\u00f3rio criticou algumas figuras seniores do governo e institui\u00e7\u00f5es religiosas, que, segundo ele, continuaram a encobrir e desculpar o abuso em audi\u00eancias p\u00fablicas. Muitos dos piores epis\u00f3dios eram de conhecimento comum h\u00e1 muito tempo, disse, e os funcion\u00e1rios na \u00e9poca dos abusos estavam \u201cou alheios ou indiferentes\u201d \u00e0 prote\u00e7\u00e3o das crian\u00e7as, em vez de apoiar a reputa\u00e7\u00e3o de suas institui\u00e7\u00f5es e abusadores. A investiga\u00e7\u00e3o fez 138 recomenda\u00e7\u00f5es para a legisla\u00e7\u00e3o, sociedade e governo da Nova Zel\u00e2ndia. Acrescenta-se a recomenda\u00e7\u00f5es provis\u00f3rias de 2021 que instavam uma r\u00e1pida repara\u00e7\u00e3o para os abusados, alguns dos quais estavam doentes ou morrendo. Poucas foram implementadas. Governo reconhece resultados da investiga\u00e7\u00e3o e promete desculpas e repara\u00e7\u00e3o Em resposta \u00e0s conclus\u00f5es do relat\u00f3rio, o governo da Nova Zel\u00e2ndia reconheceu pela primeira vez que o tratamento hist\u00f3rico de algumas crian\u00e7as em um hospital estadual not\u00f3rio equivalia \u00e0 tortura, e prometeu um pedido de desculpas a todos os abusados em cuidados estatais, de acolhimento e religiosos desde 1950. Mas o primeiro-ministro Christopher Luxon disse que ainda era cedo para dizer quanto o governo esperava pagar em compensa\u00e7\u00e3o \u2014 uma conta que a investiga\u00e7\u00e3o disse que chegaria a bilh\u00f5es de d\u00f3lares \u2014 ou para prometer que os funcion\u00e1rios envolvidos em negar e encobrir o abuso perderiam seus empregos. Luxon disse que o governo acreditava nas v\u00edtimas e as ouviria, e que estava chocado com as descobertas. Ele disse que o governo se desculparia formalmente com os sobreviventes em 12 de novembro. O governo prometeu fornecer respostas at\u00e9 o final do ano sobre os planos de repara\u00e7\u00e3o. \u201cSempre pensamos que \u00e9ramos excepcionais e diferentes, e a realidade \u00e9 que n\u00e3o somos\u201d, disse Luxon, acrescentando ser \u201cum dia sombrio e triste\u201d para o pa\u00eds. Figuras seniores da Igreja Cat\u00f3lica na Nova Zel\u00e2ndia disseram em uma declara\u00e7\u00e3o escrita que haviam recebido o relat\u00f3rio e \u201cagora o ler\u00e3o e revisar\u00e3o cuidadosamente\u201d. O epis\u00f3dio foi \u201cuma vergonha nacional intergeracional\u201d que estava longe de acabar, disse Chris Hipkins, l\u00edder do principal partido de oposi\u00e7\u00e3o da Nova Zel\u00e2ndia, o Labour, que encomendou a investiga\u00e7\u00e3o enquanto estava no poder. Debbie Ngarewa-Packer, parlamentar de oposi\u00e7\u00e3o e co-l\u00edder do Partido M\u0101ori, disse que n\u00e3o aceitava que o governo precisasse de tempo para digerir o relat\u00f3rio. \u201cO que diabos mudou para n\u00f3s?\u201d Ngarewa-Packer perguntou ao Parlamento, referindo-se ao que a investiga\u00e7\u00e3o disse ser o abuso cont\u00ednuo de pessoas sob cuidados. <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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