A conquista chegou alguns anos depois. Morador de Piracicaba (SP) , no interior paulista, h\u00e1 quase uma d\u00e9cada, ele se formou em odontologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2023, e trabalha na \u00e1rea atualmente. – O g1 contou o in\u00edcio da hist\u00f3ria de Sameh no Brasil, de quando ainda era estudante na gradua\u00e7\u00e3o. \ud83d\udc49Clique aqui e saiba como tudo come\u00e7ou. Os sonhos do Sameh, agora, s\u00e3o outros. “Quero abrir meu consult\u00f3rio pr\u00f3prio e continuar crescendo na carreira profissional”, declarou g1. “Ap\u00f3s longo processo entre revalidar documentos e solicitar vaga na Unicamp, fui aprovado no curso de odontologia em uma vaga de estrangeiro. Apesar das dificuldades com o curso e a l\u00edngua, consegui avan\u00e7ar com o passar dos anos at\u00e9 me formar, em julho 2023. Foi uma grande conquista na minha vida. Passei anos fora da S\u00edria sonhando com essa forma\u00e7\u00e3o. Foi muito emocionante e satisfat\u00f3rio. […] O Brasil representou pra mim uma grande oportunidade de mudar o rumo da minha vida, um novo come\u00e7o de vida longe da guerra da S\u00edria, os conflitos e inseguran\u00e7as do Oriente M\u00e9dio”, contou. Piracicaba Desde 2019, Piracicaba recebeu 13.721 imigrantes e 264 refugiados, de acordo com dados da Pol\u00edcia Federal. A delegacia regional da Pol\u00edcia Federal em Piracicaba na cidade teve 200 pedidos de visto para imigrantes e nove refugiados em maio de 2024, sendo a quarta unidade do estado em n\u00famero de processos para estrangeiros. Entre as nacionalidades em que h\u00e1 mais solicita\u00e7\u00f5es, est\u00e3o coreanos, haitianos, sul-africanos, colombianos e venezuelanos. Para Sameh, que foi naturalizado brasileiro em 2022, Piracicaba \u00e9 a cidade onde ele fez amigos a quem chama de “fam\u00edlia do cora\u00e7\u00e3o”. “Piracicaba representou um abrigo, nova casa de conviv\u00eancia agrad\u00e1vel com a comunidade. O povo tem sido muito receptivo e acolhedor comigo e sinto que tenho muita sorte por ter me encontrado nessa cidade linda. Gosto e planejo me manter vivendo aqui, pois me senti bastante \u00e0 vontade”, comenta o dentista. Nos \u00faltimos oito anos, Sameh foi o \u00fanico aluno refugiado graduado no campus da Faculdade de Odontologia (FOP) da Unicamp em Piracicaba (SP). Dentista Sameh Brglah, de 31 anos, se formou na Unicamp em 2023. \u2014 Foto: Sameh Brglah\/Arquivo pessoal\/Reprodu\u00e7\u00e3o LEIA MAIS \ud83d\udcdd ‘Fuga’ do ex\u00e9rcito Sameh queria continuar o curso de direito, que j\u00e1 tinha iniciado na capital da S\u00edria. Seguiu para a Turquia, mas n\u00e3o deu certo. “A adapta\u00e7\u00e3o foi dif\u00edcil, inclusive para aprender a l\u00edngua deles”, disse. Mas o principal motivo de n\u00e3o permanecer no pa\u00eds estrangeiro, segundo o jovem na \u00e9poca, foi por n\u00e3o conseguir meios para ingressar em uma faculdade. “N\u00e3o tinha oportunidade. Cheguei a tentar administra\u00e7\u00e3o de empresas tamb\u00e9m”, relatou. Sameh Brglah na festa de formatura em odontologia da FOP-Unicamp, o campus da Universidade Estadual de Campinas em Piracicaba. \u2014 Foto: Sameh Brglah\/Arquivo pessoal\/Reprodu\u00e7\u00e3o Lembran\u00e7as revisitadas Sameh chegou ao Brasil, aos 23 anos, ap\u00f3s obter visto pelo consulado na Turquia. Na primeira conversa com o g1, em 2016, sobre como era viver na S\u00edria em meio a guerra civil e que futuro enxergava para os jovens da terra natal, o dentista foi direto. -\ud83d\udc49 Leia aqui. “N\u00e3o vejo futuro para os jovens da S\u00edria”, disse. “Em um pa\u00eds em guerra, n\u00e3o h\u00e1 como ter desenvolvimento. Onde existe viol\u00eancia, n\u00e3o tem espa\u00e7o para a liberdade de pensamento e muito menos para mudan\u00e7a”, disse. Passados oito anos, a resposta para a mesma pergunta \u00e9 incerta, mas parece n\u00e3o carregar o pessimismo, esperado e \u00f3bvio, da realidade de um pa\u00eds em guerra. “Sendo sincero…N\u00e3o tenho resposta s\u00f3lida [sobre o futuro dos jovens S\u00edria]” , afirma em tom de brevidade. Sameh \u00e9 refugiado s\u00edrio no Brasil e escolheu o campus da Unicamp. \u2014 Foto: Claudia Assencio\/Arquivo g1\/Reprodu\u00e7\u00e3o Inf\u00e2ncia Diferente da primeira entrevista, em 2016, o dentista, agora, j\u00e1 pensa em retornar \u00e0 S\u00edria – “para visitar”, esclarece. As experi\u00eancias de acolhimento que teve no Brasil talvez possam despertar outras lembran\u00e7as do lugar onde nasceu, que n\u00e3o mais a guerra apenas. Sem ter muito contato com familiares, atualmente, o desejo de voltar se explica pelas mem\u00f3rias afetivas. “[…] pretendo retornar para reencontrar meus familiares a amigos e visitar os lugares que tenho saudade de ver. As ruas antigas de Damasco onde parava pra comprar os doces e comidas tradicionais de l\u00e1. Algumas cafeterias antigas. A casa dos meus pais. E a \u201ccasa\u201d de internato do meu ensino m\u00e9dio”, listou. Com orgulho, Sameh, sabe que pode se alegrar dos caminhos que trilhou. “Sou pessoa bem mais madura, com mentalidade diferente, com mais coragem e garra. Consegui conquistar coisas que nunca imaginei ter conquistado algum dia. Cheguei em lugares nunca pensei que irei estar”, celebrou. Sameh Brglah deixou a S\u00edria em busca de uma vida melhor no Brasil. \u2014 Foto: Claudia Assencio\/Arquivo g1\/Reprodu\u00e7\u00e3o V\u00cdDEOS: Tudo sobre Piracicaba e regi\u00e3o <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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