{"id":19829,"date":"2024-05-04T03:01:00","date_gmt":"2024-05-04T06:01:00","guid":{"rendered":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/mae-descobre-tambem-ter-espectro-autista-apos-filha-ser-diagnosticada-em-piracicaba-um-peso-saiu-das-minhas-costas\/"},"modified":"2024-05-04T03:01:00","modified_gmt":"2024-05-04T06:01:00","slug":"mae-descobre-tambem-ter-espectro-autista-apos-filha-ser-diagnosticada-em-piracicaba-um-peso-saiu-das-minhas-costas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/tvdescalvado.com.br\/mae-descobre-tambem-ter-espectro-autista-apos-filha-ser-diagnosticada-em-piracicaba-um-peso-saiu-das-minhas-costas\/","title":{"rendered":"M\u00e3e descobre tamb\u00e9m ter espectro autista ap\u00f3s filha ser diagnosticada em Piracicaba: ‘um peso saiu das minhas costas’"},"content":{"rendered":"

Os diagn\u00f3sticos vieram h\u00e1 quatro anos, mudando completamente a rotina e a din\u00e2mica da fam\u00edlia. Mas, para Lia, nada disso veio como um peso, e sim como um al\u00edvio, uma liberta\u00e7\u00e3o. Em entrevista ao g1, ela conta como descobrir que tamb\u00e9m possui TEA a ajudou a entender sua hist\u00f3ria, os momentos dif\u00edceis que passou e, principalmente, ser capaz de compreender e ajudar a filha. Como tudo come\u00e7ou Sara foi diagnosticada ainda na inf\u00e2ncia, quando a m\u00e3e percebeu semelhan\u00e7as com as caracter\u00edsticas da filha \u2014 Foto: Arquivo Pessoal\/Lia Diorio Monteiro dos Santos Tudo come\u00e7ou quando Sara era bem pequena. Lia lembra que a filha demorou mais que o comum para come\u00e7ar a falar, iniciando aos 3 anos e meio, depois de come\u00e7ar a frequentar a escola. Ao come\u00e7ar o ensino, os funcion\u00e1rios passaram a notar algumas caracter\u00edsticas e a chamaram. “N\u00f3s j\u00e1 est\u00e1vamos percebendo algumas caracter\u00edsticas mesmo antes da escola falar. Ela andava na ponta do p\u00e9, n\u00e3o atendia quando a gente chamava e tinha epis\u00f3dios muito frequentes de explos\u00e3o. Ent\u00e3o, tudo isso levou a procurar um profissional”, lembra Lia. Ap\u00f3s passar por um pediatra e ser encaminhada a um neurologista, come\u00e7aram os exames. Lia relata que j\u00e1 na segunda consulta de Sara o diagn\u00f3stico foi confirmado, ent\u00e3o passaram a realizar as terapias indicadas, de fonoaudiologia, psicoterapia e terapia ocupacional. A rotina das duas passou a ser preenchida pela agenda de terapia, que segue at\u00e9 os dias de hoje. Sara tamb\u00e9m recebeu outros dois diagn\u00f3sticos: Transtorno do d\u00e9ficit de aten\u00e7\u00e3o com hiperatividade (TDAH) e Transtorno desafiador de oposi\u00e7\u00e3o (TOD). Normalmente, o espectro autista apresenta outros transtornos consigo. O diagn\u00f3stico de Lia Lia recebeu o diagn\u00f3stico de TEA na fase adulta logo depois da filha, Sara, ser diagnosticada \u2014 Foto: Arquivo pessoal\/Lia Diorio Monteiro dos Santos Ao come\u00e7ar acompanhar Sara em sua jornada com o diagn\u00f3stico, Lia passou a ler mais sobre o assunto e conversar frequentemente com profissionais. Com isso, ela passou a suspeitar de alguns comportamentos e caracter\u00edsticas que percebia em si mesma. “Comecei a perguntar pra minha m\u00e3e como eu era na inf\u00e2ncia, nunca tive curiosidade de perguntar e saber sobre isso. Ent\u00e3o, ela disse que eu demorei pra falar, era mais na minha, tamb\u00e9m n\u00e3o respondia muito quando era chamada”, explica. Ela come\u00e7ou a se recordar da \u00e9poca em que estava na escola, ainda quando crian\u00e7a, e lembrar que n\u00e3o gostava de brincava com as outras crian\u00e7as, tinha um jeito pr\u00f3prio de brincar e n\u00e3o gostava dos mesmo brinquedos. No ensino m\u00e9dio, Lia conta que a situa\u00e7\u00e3o continuou. “Eu n\u00e3o conseguia me enquadrar em nenhum grupo, ficava sempre sozinha. Tinha um pouco de dificuldade de acompanhar as aulas porque eu n\u00e3o conseguia prestar aten\u00e7\u00e3o e focar no que estavam falando”, Lia relembra. Na vida adulta, a partir da faculdade e em seguida no mercado de trabalho, Lia conta que teve dificuldade nos aprendizados e nos relacionamento interpessoais. No trabalho, n\u00e3o sentia vontade de seguir as orienta\u00e7\u00f5es que eram passadas. Quando come\u00e7ou a ter relacionamentos, ela teve algumas dificuldades, especialmente em aceitar toque f\u00edsico. Ela reuniu todas essas lembran\u00e7as ao longo de diferentes \u00e9pocas da sua vida e contou detalhadamente para uma psiquiatra quando passou a suspeitar que tamb\u00e9m podia ter o mesmo diagn\u00f3stico que a filha. Ao ouvir todos os relatos de Lia, que j\u00e1 era sua paciente h\u00e1 6 anos, a psiquiatra concluiu que ela tamb\u00e9m se encaixava dentro do espectro autista. “Foi juntar pe\u00e7as de quebra-cabe\u00e7a, tudo foi se encaixando. E quando ela falou isso foi como se um peso sa\u00edsse das minhas costas, porque tudo passou a ter sentido, tudo que eu vivi. Eu n\u00e3o era s\u00f3 aquela pessoa chata, esquisita que as pessoas olhavam torto.” M\u00e3e e filha, Lia e Sara compartilham com companheirismo e positividade a jornada de conviver com o diagn\u00f3stico de TEA \u2014 Foto: Arquivo pessoal\/Lia Diorio Monteiro dos Santos Aceita\u00e7\u00e3o no dia-a-dia Atualmente, Lia trabalha na \u00e1rea da sa\u00fade, no Hospital Regional de Piracicaba, na farm\u00e1cia hospitalar. Ela conta que recebeu muito apoio dos colegas de trabalho quando recebeu o diagn\u00f3stico, que n\u00e3o houve nenhum preconceito, apenas acolhimento. Mas nem sempre foi assim. Durante anos, ela conta que, para se sentir parte do todo e se enquadrar, acabou reprimindo muitas partes de si mesma, muitas caracter\u00edsticas naturais que podiam parecer estranhas. Ent\u00e3o, ela passou a mascarar cada uma delas. “A gente acaba mascarando v\u00e1rias caracter\u00edsticas pra conseguir se enquadrar na sociedade. Ent\u00e3o, eu n\u00e3o sou hoje a mesma pessoa de 10 anos atr\u00e1s. Hoje, a maioria das pessoas olha pra mim e: ‘voc\u00ea n\u00e3o tem, fica colocando minhoca na cabe\u00e7a’, mas n\u00e3o \u00e9. A gente acaba conseguindo mascarar algumas coisas pra passar despercebido”, desabafa. Neste processo de conseguir conter alguns maneirismos, como movimentos com as m\u00e3os e se controlar em ambientes que trazem desconforto, Lia conta que o desgaste acaba sendo muito grande, usando excesso de energia e ficando com o sentimento constante de cansa\u00e7o. Ela descreve os finais dos dias em que passava se contendo como “um rolo compressor que passou por cima”. Inspira\u00e7\u00e3o e evolu\u00e7\u00e3o Lia tamb\u00e9m passou a ser inspira\u00e7\u00e3o para outras pessoas. Ela conta que, ao compartilhar com outras m\u00e3es que levam os filhos com TEA para a terapia, que tamb\u00e9m tem o diagn\u00f3stico, as rea\u00e7\u00f5es causam como\u00e7\u00e3o. Ao ver Lia, uma adulta saud\u00e1vel, independente e que se comunica bem, a semente da esperan\u00e7a \u00e9 plantada dentro das outras m\u00e3es que sentem medo de que seus filhos nunca consigam superar as dificuldades do transtorno nos anos seguintes. “A rea\u00e7\u00e3o mais inusitada foi de uma m\u00e3e que, quando ficou sabendo, falou: ‘eu n\u00e3o acredito, deixa eu por a m\u00e3o em voc\u00ea pra ver se voc\u00ea \u00e9 de verdade’. Porque \u00e9 muito dif\u00edcil ver autista adulto que se comunique bem. As m\u00e3es n\u00e3o conseguem imaginar como v\u00e3o estar os filhos daqui 20 anos. Ent\u00e3o, ver um autista adulto assim, \u00e9 um al\u00edvio”, relembra. As m\u00e3es veem em Lia um farol, carregado de al\u00edvio, que mostra que seus filhos podem ser capazes de evoluir e ter uma vida melhor. E \u00e9 isso que ela tem a inten\u00e7\u00e3o de mostrar, que n\u00e3o necessariamente o que uma crian\u00e7a autista passa na inf\u00e2ncia vai ser levado para o resto da vida. Com o acompanhamento correto, terapia e apoio familiar, Lia acredita que o desenvolvimento das crian\u00e7as acaba sendo muito bom. “\u00c9 um trabalho de formiguinha, n\u00e3o \u00e9 uma evolu\u00e7\u00e3o do dia pra noite. A minha filha faz terapia h\u00e1 quatro anos, esse m\u00eas recebeu alta da fonoaudi\u00f3loga, e eu vejo muita diferen\u00e7a de quando ela come\u00e7ou para agora”, defende. M\u00e3e e filha na jornada Al\u00e9m de se sentir aliviada por receber o diagn\u00f3stico e entender os motivos pelo quais teve dificuldades em certos pontos de sua vida, Lia tamb\u00e9m sentiu que isso podia ajud\u00e1-la mais com a filha, trazendo um entendimento maior de como ela se sente. “Foi um al\u00edvio tamb\u00e9m pensar que eu posso ajudar mais a Sara entendendo quem eu sou, que o que ela sente, eu tamb\u00e9m sinto. A sensibilidade auditiva que ela sente, a sensa\u00e7\u00e3o que sentimos ao toque, isso tudo ajudou a entender ela numa crise”, conta com leveza Apesar do mesmo diagn\u00f3stico, Sara e Lia t\u00eam suas particularidades, como qualquer pessoa. Nenhuma pessoa apresenta as mesmas exatas caracter\u00edsticas dentro do espectro, n\u00e3o h\u00e1 regras universais. Lia explica, por exemplo, que a filha tem seletividade alimentar, mas ela n\u00e3o. Ela possui sensibilidade ao toque, a filha n\u00e3o. Em comum, elas possuem alta sensibilidade a cheiros e lugares cheios, mas isso n\u00e3o faz com que as duas deixem de explorar e viver mundo a fora. Lia determina que nenhuma das caracter\u00edsticas pode causar um grande impacto em sua vida, fazendo com que ela pare de viver o que gostaria de viver e a sua rotina. Ela procura alternativas para entender como as situa\u00e7\u00f5es podem incomod\u00e1-la menos e ent\u00e3o enfrent\u00e1-la, como uso de abafadores em locais onde h\u00e1 muito barulho. “Ah, eu n\u00e3o consigo ficar a festa inteira l\u00e1. Mas eu consigo ficar duas horas. \u00d3timo, eu vou ficar duas horas. E t\u00e1 tudo bem”. V\u00cdDEOS: Tudo sobre Piracicaba e regi\u00e3o <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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