Ao andar descalço em locais de solo arenoso e seco, principalmente em regiões rurais ou com baixa higiene, é preciso cuidado. Isso porque há risco da sua pele entrar em contato com um minúsculo inseto conhecido popularmente como bicho de pé’ (Tunga penetrans). O que pouca gente sabe, no entanto, é que esse animal é uma pulga. Porém, diferente das que podem ser encontradas em gatos e cachorros, como Ctenocephalides felis (pulga de gato) e Ctenocephalides canis (pulga de cachorro), de acordo com o especialista em insetos César Favacho. “A Tunga penetrans é muito menor do que as pulgas comuns de gatos e cachorros e ela tem um comportamento parasitário único: enquanto outras pulgas apenas se alimentam e vão embora, a Tunga penetrans se enterra na pele do hospedeiro para completar seu ciclo de vida”, explica. Essa pulga pode ser encontrada na América Latina, Caribe e em partes da África e do Sul da Ásia. A larva da pulga do ‘bicho de pé’ se desenvolve no ambiente e se alimenta de matéria orgânica no solo. Segundo Favacho, quando está adulta, salta no hospedeiro (humanos, porcos, cães, entre outros) para se alimentar de sangue. O bicho de pé também afeta cachorros e gatos — Foto: Vinicius Domingues/iNaturalist “A fêmea fecundada, após chegar ao hospedeiro, penetra na pele do mesmo, geralmente em locais como pés e calcanhares, ao redor das unhas, etc. Mas também podem dar em qualquer outra parte do corpo”, esclarece. Já dentro da pele, essa pulga cresce e forma um cisto, onde deposita ovos. Esses ovos caem no ambiente e darão origem a novas pulgas. A infecção causada pelo ‘bicho de pé’ é conhecida como tungíase. Dados divulgados pela Organização Pan-Americana da Saúde, no final de 2022, estimam que, nas Américas, mais de 20 milhões de pessoas estejam em risco de serem infectadas, principalmente crianças, pessoas com deficiência e idosos. “As pessoas geralmente “pegam” o bicho de pé ao andar descalças em solos com a presença das fêmeas adultas. Apesar dessa pulga causar apenas uma invasão localizada (não invade todo o corpo), múltiplas lesões podem ocorrer se a pessoa tiver contato frequente com áreas infestadas”, diz Favacho. Pé de criança yanomami com feridas causadas pela tungíase (‘bicho de pé’) — Foto: ASSOCIAÇÃO MÉDICOS DA FLORESTA Inicialmente, a infecção aparece como uma pequena mancha marrom escura, rodeada por um círculo fino e claro. A área infectada pode apresentar inchaço, dor, coceira e até evoluir para infecções secundárias. Em entrevista a EPTV, o dermatologista Moyses Lemos explicou que é necessário tirar o parasita, de preferência em um posto de saúde, com uma agulha estéril. Se não for retirado podem ocorrer complicações. “Tudo o que você tem no organismo de uma porta de entrada você facilita ter um processo de infecção maior”, ressaltou. A tungíase pode causar infecções secundárias se não tratada da maneira correta — Foto: Nina Lester Finley/iNaturalist Segundo especialistas, há risco de tétano, principalmente se a pessoa infectada tentar retirar a pulga com materiais inadequados. A prevenção é simples: usar calçados em áreas de risco, mas também manter o ambiente limpo, principalmente em locais arenosos. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente
Você sabia que o ‘bicho de pé’ é uma pulga? Entenda
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