Você sabe o que faz um produtor de cinema e por que o Oscar de melhor filme é dado a ele?

The New York Times Muita gente se pergunta por que os produtores sobem ao palco para receber o Oscar de melhor filme. Mas saiba que, se você está confuso, os próprios produtores às vezes têm dificuldade em descrever o trabalho. “Eu faço o impossível para os ingratos”, brincou um quando perguntei. “Você pode aprender, mas não pode ensinar”, disse outro, referindo-se a algo que o lutador profissional Maurice “Mad Dog” Vachon costumava dizer sobre sua profissão.Um produtor de longa data me aconselhou a abandonar completamente esta tarefa. “Esqueça, Jake —é Chinatown”, disse ele, usando a clássica frase de filme para resumir quão difícil é desmistificar o trabalho. Que dramáticos! Tudo bem, admito: produzir é um trabalho complicado e subestimado. Mas há algumas maneiras de pensar sobre o trabalho que ajudam a explicar por que os produtores —e não, por exemplo, os diretores— recebem o Oscar de melhor filme. O QUE É UM PRODUTOR, E O QUE NÃO É Para o propósito desta discussão, descarte qualquer pessoa creditada em um filme como “produtor executivo” (alguém que desempenha um grande papel no início, geralmente garantindo financiamento e direitos cruciais). Somente pessoas creditadas como “produtor” têm, em última análise, a chance de ganhar as pequenas estatuetas douradas. Os produtores conduzem os filmes desde a concepção até a tela. Eles identificam ideias de filmes, às vezes lendo livros ou artigos de notícias, e trabalham com roteiristas para desenvolver roteiros. Eles conquistam diretores. Alguns garantem financiamento e ajudam a encontrar os líderes certos para vários departamentos —elenco, design de produção, figurino. Os produtores também supervisionam orçamentos, localização e cronogramas. Eles consultam campanhas de marketing uma vez que um filme está completo.”Todos produzem de maneira diferente”, disse o produtor David Hinojosa, indicado ao Oscar de melhor filme em 2023 por “Vidas Passadas”, cujos filmes recentes incluem “Babygirl”, um thriller erótico, e “O Brutalista”, um drama épico de imigrantes. “Fundamentalmente, no entanto, o trabalho é o mesmo”, continuou Hinojosa. “Você está baixando em seu DNA todos os aspectos do projeto —financeiro, logístico, emocional.” Muitos produtores (mas não todos) passam muito tempo nos sets. “Eu apareço com minha mangueira, meu oxigênio e meu machado e estou pronto para combater qualquer incêndio, para fazer o que for necessário para proteger um projeto”, disse Peter Jaysen, fundador da Veritas Entertainment, uma das empresas de produção por trás de “Um Completo Desconhecido”, sobre a ascensão de Bob Dylan. Pode ser uma jornada longa. Jaysen disse que a Veritas começou a trabalhar em “Um Completo Desconhecido” em 2018, quando a HBO decidiu não seguir em frente com uma versão diferente da história de origem de Dylan.QUANTOS PRODUTORES SÃO NECESSÁRIOS… Produtores individuais nem sempre receberam o prêmio de melhor filme. Nas primeiras décadas do Oscar, a honra (então chamada de produção excepcional) era concedida a uma empresa. Chefes de estúdio —Louis B. Mayer, Jack Warner e semelhantes— eram geralmente os que aceitavam e faziam um discurso. Produtores individuais foram designados como indicados pela primeira vez no Oscar de 1951. Registros na biblioteca Margaret Herrick da academia indicam que houve “uma longa discussão” entre os organizadores do Oscar sobre o ajuste, mas não oferecem uma razão precisa para a mudança. Provavelmente teve a ver com a desintegração do sistema de estúdios no pós-guerra; três dos quatro vencedores anteriores de melhor filme vieram de empresas de produção independentes ou de um cineasta estrangeiro. Outra mudança de regra —quantos produtores podem ser premiados com o Oscar principal— foi motivada por Harvey Weinstein. Em 1999, cinco produtores, o maior número até então, subiram ao palco para receber os troféus de melhor filme por “Shakespeare Apaixonado”. Weinstein, o cofundador da Miramax que desde então foi preso, estava entre eles e empurrou um colega para fora do caminho em uma corrida pelo microfone. Depois disso, uma academia envergonhada limitou o número de produtores indicados a três. Para reduzir o número, a academia primeiro confia no Sindicato dos Produtores da América. Quais produtores estiveram mais envolvidos? O sindicato tem um sistema de verificação elaborado que inclui um processo de apelação. Você pode ver quais produtores foram escolhidos olhando os créditos na tela; eles recebem uma “marca de produtor” ao lado de seus nomes que consiste nas letras minúsculas p.g.a. O ramo de produtores da academia então faz uma decisão final, incluindo flexibilizar a regra dos três indicados. Em 2024, um indicado a melhor filme, “Maestro”, teve cinco produtores autorizados a receber o prêmio (Perdeu para “Oppenheimer”).UMA FORTE REIVINDICAÇÃO Produzir tem uma má reputação porque as funções são tão vagamente definidas e porque muitas pessoas nas margens do mundo do cinema se autodenominam produtores quando na verdade são apenas charlatões. Mas como os produtores —ao menos os genuínos— têm responsabilidades tão abrangentes nos filmes, mantendo a fé mesmo quando portas se fecham em suas caras (e trabalhando sem muita remuneração até relativamente tarde no processo), sua reivindicação ao Oscar de melhor filme é forte. “Produtores SÃO cineastas”, escreveu a produtora Mynette Louie (“Land Ho!”) em novembro no Bluesky. “Não somos financiadores, executivos, gerentes, agentes etc. Somos criativos que também são bons em liderança, organização, logística, negócios e matemática.” “Por favor, entendam isso”, concluiu ela. “Estamos fazendo isso há bem mais de 100 anos.”