Lar Cidades Vítima do desmatamento generalizado, choquinha-de-alagoas está a 4 indivíduos de desaparecer

Vítima do desmatamento generalizado, choquinha-de-alagoas está a 4 indivíduos de desaparecer

por admin
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Publicado em 25 de abril, o documento aponta que a choquinha-de-alagoas (Myrmotherula snowi) está prestes a desaparecer. Pequena e insetívora, a ave deixou de ser vista nos locais onde antes era seu habitat, em fragmentos da Mata Atlântica dos estados de Alagoas e Pernambuco. Nos últimos 25 anos, segundo o estudo, ela desapareceu do estado pernambucano e agora se mantém apenas na Estação Ecológica de Murici, em Alagoas. Desde 2016, uma equipe da SAVE Brasil e do Parque das Aves vem monitorando a espécie e trabalhando para protegê-la. No entanto, o número de indivíduos registrados em Murici caiu de 18 no levantamento de 2016/2017 para apenas 6, em 2022/2023. Em 2024, o total, que chegou tarde demais para ser incluído no artigo, foi de apenas 4 aves da espécie. Tendência populacional da choquinha-de-alagoas entre 2016 e 2024 Totais incluem indivíduos jovens e adultos Fonte: SAVE Brasil/Parque das Aves Segundo os pesquisadores, as medidas de conservação realizadas até o momento – proteção de ninhos, esforços para estabelecer métodos de reprodução sob cuidados humanos e melhor proteção da floresta – têm sido insuficientes para deter o declínio da população. As causas, segundo eles, estão associadas ao desmatamento histórico generalizado nos dois estados, além da presença de populações elevadas de predadores de ninhos (como cuícas e serpentes) – provável efeito da caça excessiva na região e de alterações na qualidade da floresta. Choquinha-de-alagoas está ameaçada de extinção devido à destruição de seu habitat — Foto: Ciro Albano “Ao longo dos anos a floresta que sobrou foi se transformando para pior, então, às vezes a gente tem a ideia de que ainda tem floresta em pé, mas não necessariamente ela tem a mesma qualidade daquela área há 200 anos, por exemplo, porque o efeito de borda aumenta e acaba afetando o interior da floresta. Então o efeito macro seria o desmatamento e o efeito micro seria questões biológicas do bicho e a dinâmica de predação”, explica Vilela. “Mesmo dentro da estação ecológica, a espécie não está segura, pois a unidade de conservação nunca chegou a ser regularizada. Dos cinco ninhos encontrados e monitorados pela equipe, quatro falharam, a maioria por causa da predação”, escrevem os pesquisadores. O Terra da Gente aguarda informações sobre o atual estado de regulamentação da Estação Ecológica de Murici pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Efeito borda Conhecido conceito de Ecologia, o efeito borda, na prática, significa que a vegetação que fica, como o nome diz, na borda de um corredor ou fragmento de mata é sempre mais afetada pelas perturbações externas – como luminosidade, ressecamento do ar e do solo, rajadas de ventos, queimadas, etc. Tentativas de reprodução As tentativas de desenvolver métodos de reprodução sob cuidados humanos com outras espécies mais comuns de choquinhas, não foram bem-sucedidas. “Existem mais de 200 espécies na família das choquinhas e chocas, mas nenhum zoológico do mundo conseguiu sustentar uma população de qualquer uma delas”, diz Ben Phalan, do Parque das Aves e coautor do estudo. “Estamos trabalhando com uma espécie modelo que, em teoria, é menos exigente do que a choquinha-de-alagoas, mas, mesmo nesse caso, ainda não conseguimos reproduzi-la. Simplesmente não sabemos o suficiente para estabelecer uma população sob cuidados humanos dessas aves insetívoras especialistas”, acrescenta. Mesmo com todas as dificuldades, a equipe ressalta que irá continuar trabalhando para salvar a espécie para que não desapareça como o limpa-folha-do-nordeste (EX), o gritador-do-nordeste (EX) e o caburé-de-pernambuco (EX) e o mutum-de-alagoas (EW). Lmpa-folha-do-nordeste é considerado extinto (EX) — Foto: Ciro Albano/arquivo pessoal De acordo com Hermínio, a Estação Ecológica de Murici é uma das áreas mais importantes para a biodiversidade no Nordeste, sendo último local de ocorrência da choquinha-de-alagoas, e da jararaca-de-murici. Ela também abriga outras 16 espécies de animais e plantas que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo. De acordo com os biólogos, a SAVE Brasil está trabalhando para restaurar e reconectar as florestas na região. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente

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