Vinte anos depois, as histórias por trás da reestreia de Rafinha no Coritiba

Vinte anos depois, as histórias por trás da reestreia de Rafinha no Coritiba

Antes da placa de substituição subir e Rafinha pisar de volta no Couto Pereira depois de 20 anos, na quarta-feira (15), pelo Campeonato Paranaense, o último jogo do lateral-direito pelo Coritiba tinha acontecido no dia 13 de agosto de 2005.Naquele dia, o ainda jovem Rafinha disputou os 90 minutos do empate com o São Caetano pelo Brasileirão e, aos 20 anos, se despediu do local que foi sua casa desde os 16 para partir para a Alemanha e ganhar o mundo — e mais de 30 títulos — com o futebol.Em um intervalo de 20 anos, o jogador natural de Londrina foi campeão da Bundesliga sete vezes, levantou a taça do Mundial de Clubes, conquistou o Brasileirão e a Copa do Brasil, foi o sétimo brasileiro a alcançar o feito de ser campeão da Champions League e da Libertadores e ganhou até um capítulo no livro sobre Pep Guardiola.Mas, muito antes de brilhar no futebol mundial, Rafinha teve suas bases formadas no Alto da Glória, onde se desenvolveu como jogador e começou a despontar como líder.Roberto Brum, Alemão, Ataliba e Rafinha. Arquivo/HelênicosRafinha estreou improvisado no Coritiba A delegação do Coxa se preparava para viajar para Campinas, disputar a 6ª rodada do Brasileirão 2004, contra a Ponte Preta, quando o técnico Antônio Lopes precisou pensar em alternativas para suprir um um desfalque na lateral-esquerda.A solução foi “subir” um jogador da base alviverde, que se destacava na equipe sub-20. E assim, Rafinha estreou pelo Coxa, no dia 16 de maio de 2004, improvisado. O lado do campo se tornou apenas um detalhe para o jovem, que impressionou pela personalidade nos primeiros 90 minutos no profissional e logo conquistou a vaga no time, aí sim na posição de origem.Rafinha, no início no Coritiba. Foto: Arquivo/Helênicos.No empate contra a Ponte, no Moisés Lucarelli, um dos primeiros a perceber que o lateral-direito era diferente foi Reginaldo Nascimento, então capitão da equipe e também ídolo no Alto da Glória.O ex-zagueiro conta que, no meio do jogo, Rafinha usou um palavrão com Nascimento enquanto dava instruções sobre o jogo ao veterano.”Ele tem tanta personalidade na estreia que eu era o capitão e ele usou um palavrão comigo, o tanto era a personalidade dele. Depois ele veio me pedir desculpas e eu falei: cara, dentro do jogo não dá pra ficar pedindo desculpa não, vambora. Então assim, é natural dele essa liderança. “, contou Nascimento ao UmDois Esportes.O ex-jogador conta que, assim que percebeu o potencial e o carisma de Rafinha, passou a ajudar o atleta, repassando os conhecimentos que tinha como uma das lideranças do Coxa daquele tempo.”Eu preservava muito o Rafinha. Eu cuidava muito dele, aquela coisa de pai mesmo. Pensava esse moleque é bom, mas a gente precisa proteger ele, porque o Coritiba tem um hábito de queimar com suas crias, sabe? E eu falei, o Rafa não pode ser dessa forma. Esse menino tem que dar certo”, conta.Figurinhas do time de 2005, com Fernando Prass, Rafinha, Miranda e Marquinhos. Foto: Arquivo/Helênicos.O início difícil do ídolo na base do CoritibaNascimento conta que a entrada de Rafinha na base do Coritiba não foi fácil. O jogador chegou a ser dispensado em uma avaliação.”O Rafa veio fazer uma avaliação no clube, ele ficou doente e as pessoas mandaram ele embora. E alguém no clube falou que o futebol não estava no destino do Rafa. Dois meses depois, o Coxa pediu para ele voltar”, lembra o jogador.Sem vaga no alojamento do Alviverde, Rafinha morou na casa do ex-meia Willians, que conhecia o jogador de Londrina, por três meses. Depois, conseguiu a vaga no alojamento do Couto.Equipe sub-20 do Coxa, com Café, Miranda ,Rafinha, Henrique Dias e outros no CT do CajuEx-jogador e auxiliar da base no Coritiba, Pepo também conviveu com Rafinha e conta que a permanência na casa de Willians foi fundamental para o lateral seguir a carreira no Coxa. “O Willians é um grande amigo que nós temos em comum e acho que foi por um desses motivos que ele continuou [no Coxa], porque ele poderia não ter ficado. Ele poderia ter trilhado outro caminho, por uma falta de vaga”, pondera o ex-atleta.Hoje, todos os jogadores que fizeram parte do Coritiba entre os anos de 2001 a 2004 seguem amigos e têm até um grupo de mensagens, onde conversam semanalmente, marcam confraternizações e até peladas, quando as agendas agitadas permitem.”Mesmo muito jovem, ele sempre foi um atleta de muita personalidade. Uma personalidade muito forte. E até nessa mesma geração, poderia citar ali o Miranda, da mesma forma. o Adriano, que jogou no Barcelona, então foi uma geração de atletas com personalidades fortes”, emendou Pepo.Rafinha volta ao Coritiba em ano decisivoCom uma bagagem pesada na mala, Rafinha retorna ao Coritiba em um ano de pressão pelo acesso à Série A, objetivo que o Alviverde fracassou na temporada passada, com a pior campanha da história do clube na Segunda Divisão.O atleta tinha opção de seguir no São Paulo até o fim do ano, mas escolheu retornar ao Coxa, onde fará seu último ano no futebol e vai se aposentar.Ao UmDois, o executivo de futebol do Tricolor paulista, Rodrigo Gama, apontou Rafinha como o líder na retomada do Coxa à Série A e que deixará um legado no Alviverde.”Eu vou cometer uma inconfidência aqui, quando se confirmou a contratação do Rafinha, eu liguei pro William [Thomas]. Parabenizei ele e disse que ele tinha contratado o cara que iria liderar o grupo na volta à Série A. Acho que o Rafinha vai deixar muita coisa boa para os meninos que estão jogando”, disse o dirigente. “O Rafinha é um atleta que o que ele faz como ser humano, como pessoa, vai além da carreira dele, vai além do tempo que ele estiver jogando em campo. A carreira de profissional um dia vai terminar. O que ele deixa de legado nas relações que ele constrói com as pessoas, isso vai além da vida dele, é eterno”, emendou.O dirigente foi o último a conviver com o jogador antes dele retornar ao Coxa. Pelo São Paulo, ele foi um dos jogadores principais na retomada do protagonismo, com a conquista da Copa do Brasil e a Supercopa do Brasil.”Ele tinha uma proposta nossa pra ficar aqui mais seis meses. Mas ele volta pra o Coritiba porque ele é movido a desafios. Eu não tenho nenhuma dúvida, conheço demais o Rafinha e posso dizer que ele está obcecado por levar o Coritiba pra Série A. Quando esse cara põe uma coisa na cabeça, cuidado”, aponta Gama.Siga o UmDois Esportesyoutubexfacebookinstagram

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