Foram cerca de 253 mil peixes mortos em um trecho de 70 quilômetros no Rio Piracicaba, entre as cidades de São Pedro (SP) e Piracicaba (SP), na área de preservação ambiental do Tanquã, conhecido como minipantanal paulista. Uma usina de açúcar e álcool foi identificada pela Cetesb como a principal responsável pela mortandade após despejo irregular de resíduos agroindustriais. Faixa branca em meio à vegetação é formada por milhares de peixes mortos após descarga de poluente no Rio Piracicaba — Foto: Jefferson Souza/ EPTV A empresa foi multada em R$ 18 milhões, mas segue em operação e, segundo nota enviada a EPTV, afiliada da Globo, não reconhece a responsabilidade pela mortandade de peixes. Os pescadores se lembram da situação do manancial. A abundância de peixes foi afetada pelo crime ambiental. Confira no VÍDEO, abaixo. “Foi uma cena muito triste. Não só triste, mas que afeta uma corrente, o meio ambiente inteiro, para tudo”, afirmou o pescador Paraná. “Tinha dia que pegávamos 100 quilos de peixes”, comentou. Assista à íntegra do EPTV 1 Campinas/Piracicaba desta quarta-feira, 7 de agosto de 2024 O pescador Bruno Henrique Zacarias também comenta os reflexos da mortandade no trabalho com a principal atividade de sobrevivência de quem vive nas colônias do Tanquã. Agora, sem peixes como antes. “Tem que descer [o rio] mais uns 20 quilômetros. Afetou muito. Pegamos cerca de 20 quilos. Mas, o gasto é mais alto também, cerca de 15 ou 20 litros de gasolina. Antes, eram cinco ou seis litros para seguir com os barcos”, relatou. Dificuldades para vender os peixes Os pescadores que vivem nas colônias do Tanquã e dependem dos peixes afirmou que enfrentam resistência de clientes após a mortandade provocada pelo despejo irregular de resíduos agroindustriais de uma usina de cana-de-açúçar. “É ruim de vender, mesmo quando explicamos que os peixes são de mais de baixo. O povo não quer saber”, observou Nivaldo Albino Siqueira. Hidrotratar durante trabalho de retirada de peixes mortos na APA do Tanquã — Foto: Helen Sacconi/ EPTV A pescadora Andrea Veronez lamenta o ocorrido. “É uma tragédia ambiental para natureza e aos nossos olhos também”, disse. O pescador Gian Carlos Machado reclamou da burocracia para se cadastrar e retirar a cesta. “Depois da mortandade, ficou definido que teria um auxílio emergencial, mas o que houve de momento foi uma cesta básica até o fim deste ano. Precisei fazer dois cadastros, passar pelo CRAS da Vila Rezende para conseguir retirar esse vale nesta quarta-feira”, contou. A prefeitura informou que fez uma reunião com os pescadores e representantes das coordenadorias de desenvolvimento social e meio ambiente da cidade. Entre as decisões, está a distribuição de cestas básicas para os pescadores cadastrados. São cerca de 24 profissionais, por enquanto, mas o trabalho de registros continua. A distribuição das cestas começa a partir desta quinta-feira (8), segundo a administração municipal que afirma ainda que fez buscas ativas para o cadastramento de pescadores. A prefeitura também afirma que vai ajudar aquelas famílias afetadas pela mortandade de peixes e que podem participar de programas sociais como Bolsa-Família e outras iniciativas oferecidas também pelos governos estadual e federal. Entenda a tragédia ambiental Uma força-tarefa foi organizada para remoção dos peixes mortos. Milhares de peixes mortos no Rio Piracicaba — Foto: g1 A usina São José S/A de Açúcar e Álcool, investigada pela mortandade de milhares de peixes no Rio Piracicaba e na região do Tanquã, conhecido como minipantanal paulista, alega que não é responsável pelas mortes dos animais e que as causas são desconhecidas. A empresa afirma que não não poupa esforços para colaborar plenamente com a Cetesb, a Polícia Ambiental e o Ministério Público e fornece todas as informações e acessos solicitados para garantir uma investigação transparente. Leia aqui. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e Região
Um mês após maior mortandade no Rio Piracicaba, pescadores relatam dificuldades e burocracia para retirada de cesta básica
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