Uma das famílias a dar esse ótimo exemplo é a do analista de soluções Laerte Tavares de Souza e da tecnóloga Camila Havas Souza. Eles moram em São Carlos e ambos são surdos. Adotaram a Magali, uma vira-lata de 3 anos que nasceu surda. Pelo preconceito e falta de preparo, ela até demorou a ser adotada. Por sorte, Laerte e Camila cruzaram o caminho do animal e se tornaram tutores. De quebra, ela ainda ganhou um “irmãozinho”, Lorenzo Havas Souza, de 9 anos, o filho do casal. Ele é ouvinte, mas também compreende libras. Família de São Carlos adotou Magali, que nasceu com surdez — Foto: Reprodução/EPTV “A gente começou a ensinar. Por exemplo, colocava a coleira e levava ela para passear e a gente fazia uma repetição. A gente dava algum tipo de comidinha, um petisco. E aí a gente fazia o sinal da patinha. Se ela desse a patinha, a gente dava o petisco. Precisou de bastante paciência, para que a gente fosse ensinando e repetindo”, conta Camila, em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo. A família, segundo Lorenzo, ganhou um verdadeiro “cãopanheiro”. ‘Sinais autorais’ Quem também é uma tutora preocupada com a inclusão é a psicóloga e pesquisadora Carolina Jardim. Primeiro, ela teve um dálmata, quando fazia uma pós-graduação em Comportamento Animal. Também se chamava Magali, aliás. Infelizmente, ela morreu no meio da pesquisa de Carolina, e então a psicóloga resolveu adotar o Milka, da mesma raça da anterior. Milka é o dálmata da Carolina, que criou uma forma única de comunicação — Foto: Reprodução/EPTV O Milka, assim como a Magali da família de São Carlos, também é surdo. E a Carolina faz a comunicação num “mix” entre linguagem de sinais, língua americana para surdos e alguns gestos próprios que ela criou. “Isso faz com que o cachorro desenvolva habilidades cognitivas extremamente avançadas. Em cães ouvintes, primeiro a gente ensina o comportamento e depois a gente vai fazer um pareamento com a palavra. No caso dele é a mesma coisa, só que não é a palavra, é o sinal. Então substitutuo uma lógica que a gente já faz com cães ouvintes. É como se ele soubesse as palavras da mesma forma”, explica. Como identificar surdez dos cães Se existem alternativas de comunicação com os pets, também é necessário um primeiro passo: observar sinais que indiquem uma possível surdez. A médica veterinária Raquel D’Ávila pontua que a deficiência auditiva dos cães pode ser de nascença ou surgir com o passar do tempo. E há raças em que acontece com mais frequência. A médica veterinária Raquel D’Ávila orienta sobre sinais da deficiência auditiva dos cães — Foto: Reprodução/EPTV “Se a pessoa percebe que o cão não responde ao chamado, a estímulos sonoros, e de repente não se assusta com um barulho de um objeto que cai no chão, pode ser um sinal de surdez. Os dálmatas, por exemplo, falam que há uma prevalência de surdez. lguns animais são recessivos e podem herdar algumas características de pelagem associadas à surdez. E pode acometer parcial ou totalmente.” REVEJA VÍDEOS DA EPTV:
Tutores ensinam linguagem de sinais a cães surdos em SP; saiba como identificar a deficiência
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