Na reunião, parte da tradição na política norte-americana e que marca o início da transição entre governos, Trump prometeu uma transição “o mais suava possível”. “Bem-vindo, bem-vindo de volta”, disse Biden, que também disse se comprometer com transição suave. Os dois, que chegaram a se enfrentar em um debate eleitoral em junho deste ano, antes de Biden desistir da corrida à Casa Branca, se cumprimentaram e sorriram. “Agradeço por isso, Joe”, respondeu Trump ao presidente. “A política é difícil, mas é um bom lugar hoje”. Antes da reunião com Biden, Trump discursou para parlamentares republicanos no Capitólio, o prédio do Legislativo dos EUA invadido há quatro anos por apoiadores do republicano. No discurso desta quarta, o presidente eleito explicou aos aliados as prioridades para o primeiro dia de governo e elogiou o desempenho dos legisladores — os republicanos garantiram o controle do Senado no pleito e devem conseguir também maioria na Câmara. “Não é legal vencer? É legal vencer. É sempre legal vencer”, disse Trump aos deputados. “A Câmara se saiu muito bem.” A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que Biden está comprometido em “garantir que essa transição seja eficaz, eficiente, e ele está fazendo isso porque é a norma, sim, mas também a coisa certa a fazer para o povo americano.” “Queremos que isso corra bem e que seja um processo que cumpra o objetivo”, afirmou Karine. O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, ecoou esse sentimento, afirmando que a administração manterá a “transferência responsável de um presidente para o próximo, que está na melhor tradição do nosso país.” Encontro de transição na Casa Branca Trump chega à Casa Branca para se reunir com Joe Biden em início de transição de governo em 13 de novembro de 2024. — Foto: REUTERS/Kevin Lamarque Em 2016, após sua primeira vitória nas eleições nos EUA, Trump foi recebido pelo então presidente, o demorata Barack Obama, no Salão Oval e chamou o encontro de “uma grande honra”. Quatro anos depois, o republicano contestou sua derrota nas eleições de 2020 para Biden e não convidou Biden, então presidente eleito, para a Casa Branca. Na ocasião, Trump deixou Washington sem comparecer à posse de Joe Biden, o que não ocorria havia 155 anos na história dos EUA. A visita desta quarta é mais do que uma simples tradição, segundo Jake Sullivan. “Eles vão discutir as principais questões — tanto de política doméstica quanto externa — incluindo o que está acontecendo na Europa, na Ásia e no Oriente Médio”, disse Sullivan à CBS sobre o encontro de quarta-feira. “E o presidente terá a chance de explicar ao presidente Trump como ele vê as coisas… e conversar com o presidente Trump sobre como ele está pensando em lidar com essas questões quando assumir o cargo.” Tradicionalmente, enquanto os presidentes que deixam e que assumem o cargo se encontram na Ala Oeste, a primeira-dama recebe sua sucessora no andar superior da residência — mas Melania Trump não deve comparecer. Após seu encontro de 2016 com Obama, Trump também visitou legisladores no Capitólio e fará o mesmo na quarta-feira — não muito longe de onde uma multidão de seus apoiadores promoveu um ataque violento em janeiro de 2021 para tentar impedir a certificação da vitória eleitoral de Biden. Quando Trump deixou Washington em 2021, até mesmo alguns dos principais republicanos começaram a criticá-lo por seu papel em incitar o ataque ao Capitólio. Mas sua vitória nas eleições da semana passada completa um retorno político que o vê novamente como o líder incontestável do Partido Republicano. Não é a primeira vez que Trump retorna à área do Capitólio desde o fim de seu primeiro mandato, no entanto. Republicanos do Congresso o receberam no verão, enquanto ele solidificava novamente sua dominância sobre o partido. Sua visita mais recente ocorre enquanto os republicanos, que conquistaram a maioria no Senado nas eleições da semana passada e estão prestes a manter o controle da Câmara, estão em meio às suas próprias eleições de liderança a portas fechadas nesta quarta-feira. A chegada do presidente eleito dará mais um impulso a Johnson, que se aproximou ainda mais de Trump enquanto trabalhava para manter sua maioria — e seu próprio cargo de presidente da Câmara. O presidente da Câmara disse que espera ver Trump repetidamente ao longo da semana, incluindo em um evento na mesma noite e na propriedade de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, “todo o fim de semana.” Não está claro se Trump também visitará o Senado, que está envolvido em uma eleição de liderança a portas fechadas mais divisiva na corrida a três para substituir o líder republicano Mitch McConnell, que está de saída. Os aliados de Trump estão pressionando senadores republicanos a votarem em Rick Scott, da Flórida, um candidato que inicialmente era visto como improvável, desafiando dois republicanos mais experientes: John Thune, de Dakota do Sul, e John Cornyn, do Texas, pelo cargo.