‘Trocou meu filho por um jogo de futebol’, diz pai sobre médico julgado por morte de menino após viajar durante plantão

‘Trocou meu filho por um jogo de futebol’, diz pai sobre médico julgado por morte de menino após viajar durante plantão

“Trocou meu filho por um jogo de futebol”, disse Marcos ao se referir ao médico. O casal chorou em diversos momentos ao relembrar as circunstâncias da morte do filho. O médico se tornou réu por homicídio qualificado. A acusação sustenta que ele assumiu o risco da morte da criança e deixou de prestar atendimento quando o garoto teve complicações no dia seguinte à operação. Noah estava com fortes dores abdominais. Ao ser consultado por telefone, o médico disse que as dores eram normais e receitou remédio para gases. Esse era o dia 6 de junho de 2014, quando Luciano deveria estar de plantão à distância. A defesa do réu alega que o Conselho de Medicina não estabelece a distância para o plantão remoto. Caso Noah: médico é julgado em São Carlos nesta segunda-feira (3) Júri popular O júri popular começou por volta de 9h. À tarde, já tinham sido ouvidas 8 testemunhas de defesa e da acusação. A previsão é de que o resultado saia durante a noite. Quatro homens e três mulheres foram escolhidos para compor o Júri. A primeira testemunha a ser ouvida foi o perito do caso. Noah Alexandre Palermo morreu no dia 7 de junho de 2014 na Santa Casa de São Carlos — Foto: Reprodução/EPTV Localização de foto de médico em jogo Durante depoimento, a mãe explicou que, após o enterro do filho, começou a pesquisar sobre o médico na internet e encontrou uma foto dele vestido com a camisa da seleção. Ela relatou que se sentiu culpada por deixar o filho aos cuidados de Luciano. “Meu filho entrou andando, sorrindo e saiu morto. Você acabou com a minha vida”, disse emocionada ao médico, que ficou o tempo todo de cabeça abaixada. Médico aparece em foto em estádio de futebol no dia 6 de junho — Foto: Reprodução/Facebook Após alguns dias, o pai encontrou uma foto do médico no estádio falando ao telefone. “Ele disse que era gases e meu filho estava morrendo. Trocou meu filho por um jogo de futebol”, desabafou Marcos. A foto foi anexada ao processo. O advogado de defesa, Eduardo Burihan disse, na entrada do Fórum, que o Conselho de Medicina não estabelece a distância para o plantão remoto, uma modalidade que é remunerada e o médico fica fora do hospital, mas deve estar ficar de sobreaviso, à disposição em caso de necessidade. “A questão é que a Santa Casa não disponibilizou plantonista de plantão, o médico não podia passar o plantão porque não tinha plantonista disponível naquele dia e é isso que vamos provar”, afirmou. De acordo com os pais da criança, com a piora do quadro de saúde, o médico foi contatado por telefone de novo, mas não respondeu. Outro pediatra que foi até a Santa Casa determinou que Noah fosse transferido para o UTI. Noah morreu na UTI do hospital em 7 de junho, de parada cardiorrespiratória. 1º julgamento Fórum Criminal de São Carlos — Foto: Ana Marin/g1 A decisão foi questionada pelo Ministério Público, que entrou com o recurso no Tribunal de Justiça e, em 2022, foi determinado que Sampaio fosse a júri popular. Se for condenado, Sampaio poderá pegar uma pena que varia de 12 a 30 anos de prisão. Condenado pelo Cremesp O médico Luciano Barboza Sampaio é julgado em São Carlos — Foto: Reprodução/Redes Sociais Luciano Barboza Sampaio foi condenado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e teve a suspensão do exercício profissional por 30 dias. De acordo com a decisão do órgão, o médico se precipitou ao fazer a cirurgia de apendicite em Noah, já que o quadro clínico não era compatível com o procedimento. O Cremesp entendeu ainda que Sampaio errou ao ignorar as ligações das enfermeiras do hospital e também de um médico da Santa Casa. Pais acreditam na condenação Para o pai de Noah, que é ex-secretário municipal de Saúde, o julgamento ocorrer dez anos após a morte de seu filho mostra a vulnerabilidade da Justiça, mas acaba com o sentimento de impunidade. “São 10 anos que nós lutamos por essa causa, uma verdadeira aberração que aconteceu com o nosso filho, desde que ele pisou no hospital e foi atendido pelo réu que, na verdade operou nosso filho por achismo como o próprio Conselho de Medicina o julgou. Foram várias etapas do processo, muitos recursos, que a lei permite e vencemos em todas as instâncias e foi apontado o júri. Isso não deixa uma página virada, mas pelo menos dá o sentimento da não impunidade”, afirmou à EPTV, afiliada da TV Globo, antes do início do júri. O pai de Noah e ex-secretário municipal de Saúde de São Carlos, Marcos Palermo — Foto: Reprodução/EPTV A mãe de Noah, Vanessa Palermo, disse que a condenação do médico não irá diminuir sua dor. “Hoje é mais uma etapa tão esperada, mas no fim eu vou sair daqui no vazio, sem meu filho de novo, mas vai ser feita justiça”, disse. A mãe de Noah, Vanessa Palermo, foi uma das testemunhas de acusação contra médico em São Carlos — Foto: Reprodução/EPTV Veja os vídeos da EPTV Central:

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