Tribunal da Namíbia anula lei que criminalizava relações homossexuais

Tribunal da Namíbia anula lei que criminalizava relações homossexuais

Legislação existia no país desde antes de sua independência, mas foi considerada inconstitucional por tribunal de Windhoek. Tema ainda é cercado de tabus no continente africano. Manifestantes desfilam na Parada do Orgulho LGBT de Windhoek, capital da Namíbia, em 2017 — Foto: Hildegard Titus / AFP Um tribunal da Namíbia anulou, nesta sexta-feira (21), uma lei que criminalizava as relações homossexuais, herdada dos tempos coloniais. A decisão, chamada de “histórica”, foi comemorada pela comunidade LGBTQIA+. O tribunal de Windhoek, capital do país, decidiu que “o crime de sodomia” e os “crimes sexuais contra natura” são inconstitucionais. “Não estamos convencidos de que, em uma sociedade democrática como a nossa, seja razoavelmente justificável considerar uma atividade criminosa, simplesmente porque os cidadãos, talvez na sua maioria, não a aceitam”, afirmaram os juízes. A lei da sodomia, que proibia as relações sexuais homossexuais na Namíbia, remonta a 1927, quando o país estava sob mandato sul-africano. Foi mantida após a independência do país em 1990, mas raramente foi aplicada. A organização Human Dignity Trust, com sede em Londres, classificou a decisão como “histórica”. “A comunidade LGBTQIA+ na Namíbia pode agora olhar para um futuro melhor”, disse Tea Braun, diretora da organização. O programa das Nações Unidas para o HIV/Aids, UNAIDS, classificou-a como uma “vitória significativa” e um “passo fundamental para uma Namíbia mais inclusiva”. “Graças a esta decisão, não me sinto mais um criminoso no meu próprio país, simplesmente por ser quem sou”, afirmou Friedel Dausab, que levou o caso a tribunal, citado em um comunicado. Esta decisão surge em um contexto de crescente intolerância contra os direitos das pessoas LGBTQIA+ em vários países do sul da África. Apenas alguns países africanos descriminalizaram as relações entre pessoas do mesmo sexo e a África do Sul é o único país do continente onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido.

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