Três meses após tragédia no Rio Piracicaba, polícia inicia operação para proteger período reprodutivo de peixes; entenda o que é proibido

Três meses após tragédia no Rio Piracicaba, polícia inicia operação para proteger período reprodutivo de peixes; entenda o que é proibido

A Piracema é o período mais importante para a reprodução dos peixes. É quando eles se deslocam até as nascentes para desovar. De acordo com os especialistas, ela é fundamental para garantir a continuidade das espécies. A proibição da pesca começa na próxima sexta-feira (1º) e vai até 28 de fevereiro no Estado de São Paulo. No período, a Polícia Militar Ambiental intensifica as atividades de fiscalização, percorrendo vários trechos do Rio Piracicaba em embarcações. “A Polícia Militar Ambiental está desempenhando uma operação que é a pré-Piracema. Ela vai ter a duração de uma semana, justamente com o objetivo de fazer com que esses pescadores se atentem de fato e respeitem esse período para a gente conseguir garantir a reprodução das espécies”, explica Raphael de Oliveira Laurindo, tenente da Polícia Militar Ambiental. Policiais militares ambientais se preparam para fiscaliza pesca irregular — Foto: Gustavo Nolasco/ EPTV O que não pode? Nos próximos meses, fica proibida a pesca na região para todas as categorias e modalidades nas lagoas marginais. A menos de 500 metros de rios, canais e tubulações de esgoto e até 1,5 mil metros das barragens de reservatórios de hidrelétricas e de cachoeiras e corredeiras também é proibida a captura, transporte e o armazenamento de espécies nativas, inclusive as utilizadas para fins ornamentais. São vetadas, ainda, competições de pesca. Flagrantes Durante a fiscalização, na tarde desta terça-feira (29), um ponto de pesca foi encontrado. “Parece que aqui no local o pessoal estava realizando a pesca, tem até uma pequena fogueira ali. A gente vai parar para verificar se tem algum ilícito e também para apagar ali antes que gere um incêndio e atrapalhe mais a vegetação”, explicou o tenente. Também foi localizada uma rede irregular presa a um tronco no meio do rio. Ela foi retirada e apreendida. Polícia Ambiental realiza operação pré-Piracema para orientar os pescadores — Foto: Gustavo Nolasco/ EPTV Mas o flagrante mais grave foi registrado no último domingo (27). Dois homens foram vistos pescando com rede no salto do Rio Piracicaba, o que é proibido mesmo fora do período da Piracema. O valor mínimo de multa em caso de descumprimento das regras é de R$ 700. “É importante lembrar, também, que a fiscalização da Polícia Militar Ambiental não se restringe somente aos pescadores, mas também às fontes de consumo, que são as peixarias que fazem a venda desses produtos”. O que é permitido? Segundo a corporação, neste período, só é permitida a pesca em rios na modalidade desembarcada e utilizando linha de mão ou vara nas áreas não consideradas proibidas. As restrições de pesca não se aplicam aos “pesque e pague” registrados no Ibama. Durante a operação, agentes percorrem vários trechos do Rio Piracicaba em embarcações — Foto: Gustavo Nolasco/ EPTV Respeitar para ter recuperação, alerta especialista Professor de Piscicultura da Esalq/USP, Brunno da Silva Cerozi destaca que respeitar o período da Piracema é o que pode garantir a volta a normalidade no Rio Piracicaba. “Importante lembrar que esse é um período único no ano, então, se a gente perder esse período agora, só daqui a um ano que isso aqui vai acontecer novamente. Então, cada ano que é perdido, cada ano que a população acaba afetando esse evento que é anual, é um ano a mais que o nosso rio vai levar para se recuperar”, alerta o docente. A população de várias espécies ainda sofre os impactos da maior mortandade de peixes já registrada no Rio Piracicaba, que chegou até a área de proteção ambiental (APA) do Tanquã, matando centenas de milhares de peixes em um trecho de 700 quilômetros, em julho. Mortandade de peixes na APA do Tanquã, em Piracicaba — Foto: Rodrigo Pereira/ g1 A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) apontou que a causa da mortandade foi o despejo de poluentes lançados no Ribeirão Tijuco Preto, afluente do Piracicaba, pela Usina São José de Rio das Pedras. A empresa foi multada em R$ 18 milhões e argumentou que não foi comprovada sua responsabilidade. Como recuperar tudo o que se perdeu pode demorar até nove anos, o momento da Piracema é fundamental, segundo Brunno. “O importante é que todos estejam vigilantes, que a comunidade esteja ativa para estar atenta à necessidade que o rio precisa para se curar, se recuperar dessas cicatrizes que ainda estão aí à tona devido a uma catástrofe tão recente que nós passamos”, acrescenta o professor. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 190. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região

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