Terminou o prazo estabelecido pela lei eleitoral da Venezuela para apresentação das atas detalhadas da votação presidencial, ocorrida em 28 de julho. A publicação teria que ocorrer em até 30 dias após a proclamação do vencedor. Nessa quinta-feira, a União Europeia decidiu não reconhecer Nicolás Maduro como presidente legítimo da Venezuela e argumentou que é “tarde demais para continuar pedindo” as atas. Josep Borrell, vice-presidente da Comissão Europeia, disse que pelo menos 55 políticos venezuelanos já estão sob sanções. O Departamento de Estado dos Estados Unidos publicou comunicado repetindo o questionamento dos resultados oficiais. E o Ministro de Relações Exteriores da Venezuela respondeu, dizendo que Estados Unidos e Europa estão se intrometendo em assuntos internos. De acordo com o professor do Departamento de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Brasília, Raphael Seabra, apresentar as atas poderia ser uma forma de silenciar o ruído da oposição e demonstrar a lisura do sistema eleitoral. Entretanto, ele argumenta que há uma pressão alinhada entre Estados Unidos e União Europeia por causa da questão energética e o interesse pelo petróleo, commodity que fica mais cara em período de conflitos. O professor lembra que outras crises políticas recentes na América Latina não tiveram tanta ingerência externa. Raphael Seabra destaca que a oposição venezuelana questionou os resultados eleitorais nos últimos anos, mas o diferencial, desta vez, foi o Centro Carter, organização sem fins lucrativos norte-americana, não ter reconhecido a lisura do processo.