Taioba mansa x taioba brava: conheça as diferenças dessa planta tropical e rica em nutrientes

Taioba mansa x taioba brava: conheça as diferenças dessa planta tropical e rica em nutrientes

No entanto, para que seja aproveitada de forma segura, é essencial entender a diferença entre a taioba mansa, comestível e valorizada na culinária, e a taioba brava, que contém oxalato de cálcio em níveis elevados e pode causar sérias reações, como irritação na boca e na garganta, mesmo após o cozimento. A diferença entre a taioba mansa e a taioba brava é fundamental para o consumo seguro dessa planta tão apreciada na culinária. A taioba-mansa possui folhas em formato de coração, com bordas lisas e textura suave. Suas nervuras são discretas e seguem o contorno da folha de forma harmoniosa. Algumas espécies de taiobas bravas são muito parecidas com a mansa, mas têm diferenças sutis, como folhas maiores e talos roxos — Foto: Flavia Soares Bezerra Okumoto De acordo com Magnólia Aparecida, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), as taiobas bravas, especialmente as do gênero Alocasia e Colocasia, são muito parecidas com a mansa, mas têm diferenças sutis, como folhas maiores e talos roxos em algumas espécies. Considerada uma das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) mais nutritivas, a taioba mansa é valorizada por seu alto teor de proteínas, fibras, vitamina C, cálcio e ferro, essenciais para o fortalecimento do sistema imunológico e a prevenção de doenças. “Além disso, a taioba é rica em compostos fenólicos e flavonoides, que conferem à planta uma potente ação antioxidante”, acrescenta a professora Magnólia. A taioba é valorizada por seu alto teor de proteínas, fibras, vitamina C, cálcio e ferro — Foto: lionsmaneluna/iNaturalist Estudos recentes indicam ainda que a taioba pode auxiliar no controle da glicemia e tem potencial para prevenir doenças cardiovasculares e câncer de intestino, além de atuar no combate à osteoporose. “As folhas de taioba apresentam maiores teores de nitrogênio, cálcio, boro, cobre e manganês, quando comparada às folhas de ora-pro-nóbis, bertalha e beldroega, por exemplo. 100g de folhas de taioba é suficiente para fornecer 41, 57 e 34% das exigências de cálcio, cobre e manganês, respectivamente. A inclusão destas espécies no cardápio pode auxiliar na redução de carências nutricionais da população”, explica a agrônoma. Como consumir A utilização da taioba na culinária é diversificada, podendo ser refogada, usada como recheio de salgados e tortas, ou em molhos. As folhas são a principal parte comestível, mas os rizomas também podem ser consumidos se bem cozidos ou quando processados na forma de farinha. A utilização da taioba na culinária é diversificada, podendo ser refogada, usada como recheio de salgados e tortas, ou em molhos — Foto: ssnp023/iNaturalist Segundo Magnólia, em algumas regiões do Brasil as folhas de taioba são consumidas refogadas em gordura de porco, bem cozidas, até que fiquem com aspecto sedoso. “Geralmente é servida com angu, um cozido pastoso de fubá de milho. As folhas são rasgadas entre suas nervuras. Os talos também podem ser consumidos, sendo necessário retirar a película externa, os quais podem ser picados e refogados junto com a taioba”, diz. Outra forma de aproveitamento é utilizá-las no preparo de empanado. Para isso, os talos são cortados ao meio no sentido longitudinal e, em seguida, empanados e fritos. As folhas e talos também podem ser usados no preparo de recheios, omeletes, patês, tortas, pizzas entre outros pratos salgados. Palmito grelhado com pesto de taioba feito pelo chef de cozinha Tadeu Reis — Foto: Mariane Rossi/g1 No entanto, a pesquisadora explica que é importante que as folhas e talos sejam sempre usadas pré-cozidas. A planta não deve ser consumida crua, por conter partes possuem ráfides de oxalato de cálcio, considerado um antinutriente, que se for consumida de forma in natura causa um desconforto na boca e garganta. Identidade cultural Além de sua importância alimentar, a taioba carrega uma história de resiliência e identidade cultural, presente desde os tempos coloniais até a gastronomia contemporânea. Para comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras, taioba sempre foi uma planta essencial, cultivada por ser resistente, nutritiva e de fácil manejo — Foto: lyly09/iNaturalist Originária da América Tropical, a taioba é muito mais do que uma simples hortaliça. Para comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras, ela sempre foi uma planta essencial, cultivada por ser resistente, nutritiva e de fácil manejo. A taioba, além de ser um “tesouro verde” no contexto agroflorestal e nutricional, é também valorizada pelos povos originários por uma característica menos conhecida: sua capacidade de repelir insetos. De acordo com a pesquisadora Magnólia Aparecida, as sementes, folhas e talos da taioba, ao serem submetidos à decocção — um processo de fervura para extrair compostos ativos das plantas —, são transformados em uma substância natural que afugenta insetos. Na época colonial, alimentos como a taioba, o inhame e o cará eram desprezados pelas elites, que preferiam ingredientes trazidos da Europa. No entanto, as classes populares — especialmente comunidades negras e indígenas — mantiveram esses alimentos em suas mesas, transformando-os em parte fundamental da identidade culinária brasileira “Hoje, a taioba ganhou espaço na alta gastronomia”, observa a professora. Esse movimento de trazer a taioba para a alta gastronomia também destaca um novo olhar sobre ingredientes nativos e suas relações com sustentabilidade e identidade cultural. Sustentabilidade e agricultura Cada vez mais, sistemas agroflorestais têm sido discutidos como uma alternativa sustentável para a agricultura, oferecendo benefícios que vão além da produção alimentar. Taioba se destaca por suas folhas largas e a capacidade de adaptação ao sombreamento, que a tornam especialmente benéfica para o solo — Foto: candy_white_andrew/iNaturalist Esses sistemas misturam espécies agrícolas e florestais em uma mesma área, replicando a diversidade e as interações naturais das florestas. Ao contrário do monocultivo, eles promovem a saúde do solo e a biodiversidade, ajudam a conservar a umidade, controlam a erosão e aumentam a fertilidade. Dentro desses sistemas, a taioba se destaca por suas folhas largas e a capacidade de adaptação ao sombreamento, que a tornam especialmente benéfica para o solo. Ao ser cultivada junto a outras plantas de maior porte, como o café, a taioba contribui para a retenção de umidade e a prevenção da erosão, protegendo as raízes das árvores e promovendo um ambiente favorável para o desenvolvimento de outras culturas. “Essas características são essenciais para proteger as raízes das árvores e proporcionar sombra às pequenas mudas de outras espécies, como o café, criando um ambiente mais favorável ao seu desenvolvimento inicial”, conclui a professora. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente

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