O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, em São Paulo, segue, nesta segunda-feira (28), buscando a identificação de integrantes da Mancha Alvi Verde, principal torcida organizada do Palmeiras, que teriam participado do ataque ao ônibus da Máfia Azul, com torcedores do Cruzeiro. O ataque causou a morte do cruzeirense José Victor de Miranda, de 30 anos, e deixou 20 feridos. Os mineiros foram atacados por volta das 5 horas da manhã do domingo pelos paulistas na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, na região metropolitana de São Paulo, quando voltavam de Curitiba, onde o Cruzeiro perdeu para o Athletico Paranaense por 3 a 0 pelo Campeonato Brasileiro no sábado. A Polícia Civil de São Paulo avalia a possibilidade de os torcedores responderem pelos crimes de homicídio, incêndio, associação criminosa e lesão corporal. Em nota, divulgada pela torcida organizada do Palmeiras nas redes sociais na manhã desta segunda-feira, a Mancha Alvi Verde nega qualquer tipo de participação na emboscada contra torcedores do Cruzeiro. Os clubes do Cruzeiro e do Palmeiras também se posicionaram oficialmente pelas redes, repudiando veemente as cenas de violência que causaram a morte de um torcedor e deixaram 20 feridos. Para o professor de Ciências Sociais da FGV, Bernardo Buarque de Hollanda, a explosão de violência entre torcidas organizadas no Brasil, que teve seu auge nos anos 1990, precisa ser combatida por uma legislação cada vez mais firme. “Nossa legislação procurou avançar. 2003 foi um marco, com a criação do estatuto do torcedor, mas ela ainda é muito aquém, de um acompanhamento que tem que ser constante, tem que ser rotineiro em relação a esses grupos e essa situação que envolve medidas de curto, médio e longo prazo”. Bernardo pesquisa torcidas organizadas no futebol brasileiro há mais de 15 anos. Para o especialista, o trabalho de prevenção da violência no esporte passa pela mobilização e diálogo em várias frentes. “Isso passa por um processo educativo, que não vai ser resolvido apenas do ponto de vista de uma presença policial nos estádios, mas muito mais de uma concentração de interesses que envolvam iniciativas e grupo que abrangem as diretorias dos clubes, as entidades esportivas e mecanismos de diálogo com esses grupos. A gente generaliza esses grupos, mas eles são muito diferentes entre si e é muito importante saber como lidar com cada um desses grupos”. O corpo do torcedor cruzeirense morto, José Victor de Miranda, deve chegar a Sete Lagoas, município da região metropolitana de Belo Horizonte, na madrugada da terça-feira, onde será velado e sepultado. O laudo, que apontará a real causa da morte do torcedor, ainda não foi finalizado.
SP: polícia tenta identificar palmeirenses que teriam atacado ônibus
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