Na paróquia Nossa Rainha da Paz, o pároco Timothy Yeo enfatiza o papel dos católicos na cidade-estado e o pluralismo religioso que “educa para a aceitação das diferenças”. A esperança dos leigos é que o Papa “consiga abrir as mentes para a paz porque o mundo está sofrendo muito. Que o fato de ter enfrentado uma viagem tão exigente seja um exemplo para estender a mão àqueles que precisam”. Antonella Palermo – Vatican News Pluralismo cultural e religioso: essa é uma das fortes conotações de Singapura, onde o Papa Francisco desembarcou nesta quarta-feira (11/09) para a última etapa da 45ª viagem apostólica à Ásia e Oceania. Após o dramático parêntesis da ocupação japonesa (1942-45), durante a qual a Igreja sofreu forte perseguição, a comunidade católica retornou a viver nos Anos 50 do pós-guerra e a Igreja intensificou o trabalho nos campos educativo, sanitário e social. Ela se preparou para acolher o Pontífice com grande cuidado e entusiasmo. A enviada da mídia do Vaticano, Delphine Allaire, documentou isso. O pároco: Papa traz grande esperança O Pe. Timothy Yeo viveu na Itália por 10 anos, entre Roma e Macerata, e é o pároco da Igreja de Nossa Senhora Rainha da Paz, construída em 1954. Ela comemora seu aniversário de 70 anos em 2024 e expressa a devoção mariana que é muito forte entre os católicos da ilha. “A visita do Papa é um evento histórico e significativo porque ele vem para nos transmitir uma mensagem de encorajamento e unidade”, explica. Os católicos são uma minoria, cerca de 300 mil, em prevalência imigrantes que vieram para a cidade-estado para trabalhar; há 32 paróquias, relata ainda. “A minha, por exemplo, é frequentada principalmente por filipinos, indonésios e, em parte, italianos que vêm todos os domingos para a missa. Eles são fiéis que estão bastante envolvidos na vida pastoral da paróquia”. O Pe. Yeo enfatiza o esforço para cultivar a comunhão e a paz fraterna. “Essa é a nossa missão. Com a Associação São Vicente de Paulo, temos o compromisso de ajudar as pessoas necessitadas, cooperando também com pessoas de outras religiões: budistas, taoístas, muçulmanos. A presença do Papa traz muita esperança. Sua figura é muito importante para todos nós. Olhar para Jesus nos dá uma carga importante para nosso crescimento espiritual”. O padre enfatiza que, em um contexto em que a riqueza e o desenvolvimento são sedutores, aqui mesmo, “em meio ao business, ao cassinos, às indústrias, a Igreja é sal. É uma missão que se move lentamente”. É forte o envolvimento dos leigos na vida pastoral Junto com o pároco, está a leiga Monica Fontanese. “É uma realidade bastante pequena, mas que está sentindo a chegada do Santo Padre com grande intensidade. Há muito entusiasmo”, diz ela. “Os católicos daqui prepararam muitos eventos e o receberão da melhor maneira possível, e estão muito agradecidos, considerando o esforço que o Bispo de Roma, em sua idade avançada, faz para vir até aqui. É exatamente aqui que se espera que o Papa enfatize os conceitos de tolerância, respeito mútuo e integração, que têm a paz como seu destino final”. Ela enfatizou como Singapura é um mosaico de culturas e crenças e “para nós, esse é um grande exemplo; esperamos que a visita do Papa também seja incisiva nesse sentido para que, quando voltarmos à Itália, também possamos ter nossos olhos abertos”. A comunidade católica italiana Ela observa que os Singapurianos ainda vivem profundamente a fé e as celebrações cristãs. “Provavelmente, na Itália, estamos dando muitas coisas como certas demais e nos afastamos um pouco. Aqui as igrejas estão cheias nas missas. Para nós, isso tem sido um incentivo para redescobrir a participação nas liturgias”. E acrescenta que é muito animador ver os padres muito atentos à vida comunitária, “eles convidam você a fazer parte dela. Então, tentamos estar lá, é fascinante, muito envolvente”. A esperança é que o Pontífice consiga abrir as mentes e os olhos das pessoas para a paz porque, “como vemos, o mundo está sofrendo muito. O fato dele, na sua idade, ter se lançado em uma viagem tão exigente deve ser um grande exemplo para todos nós, ajudando-nos a estender a mão aos necessitados”. O mosaico de crenças e culturas: “a coisa mais linda” Cecilia Sava está em Singapura desde 2015 e, três anos depois, começou a frequentar a comunidade católica italiana. Seus dois filhos receberam o sacramento da Crisma e, assim, criou-se esse vínculo. Alessia Bolani tem uma experiência semelhante. Seus dois filhos também iniciaram seu percorso de fé aqui. “Somos gratos ao Papa, nós o recebemos de braços abertos. Há uma forte comunidade católica aqui. Há esperança, felicidade e alegria. Acima de tudo, para nós que moramos tão longe da Itália, sua presença é muito significativa porque é uma forma de nos reconectarmos com a Itália”. A harmonia entre várias religiões – com a predominância do budismo (cerca de 33% de uma população de 5 milhões) e uma presença significativa de cristãos (18%) e muçulmanos (cerca de 14%), à qual se soma uma comunidade hindu menor – é um ponto forte dessa encruzilhada que é Singapura. A contiguidade territorial de igrejas e templos “é a coisa mais linda”. Singapura, academia para para se educar à integração E as crianças que são educadas aqui, ressaltam as duas mulheres, têm exatamente a oportunidade de respirar a convivência possível. “A escola é um exemplo importante para esse tipo de crescimento. Ela promove uma abertura, um conhecimento e uma consciência que eu não tinha”, explica Alessia. “E educa a capacidade de aceitar as diferenças sem deixar de ser fiel à própria cultura. É certamente uma abordagem que muda a maneira como você interage com os outros. Aqui, por exemplo, no calendário escolar, os rituais de diferentes religiões são incorporados às atividades nas quais você tem experiência direta”. E as experiências de voluntariado contam muito, explica Cecilia, mesmo dentro de outras comunidades religiosas, o que permite conhecer o outro e é “uma riqueza extraordinária”. Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui
Singapura: na cidade dos negócios, “a Igreja é o sal”
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