Lar Cidades Sem chuvas, cachoeiras e rios de área turística no interior de SP quase secam; veja antes e depois

Sem chuvas, cachoeiras e rios de área turística no interior de SP quase secam; veja antes e depois

por admin
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Sebastião de Oliveira, que nasceu na Serra do Itaqueri e hoje tem 69 anos, está diante da seca mais severa que já viu. O Rio Jacaré-Pepira, que atravessa o sítio dele, virou um córrego. “Antigamente, você via ele cheio, ficava a cinco, seis metros de chegar em casa. Hoje em dia não vem mais. Faz quatro anos que vem cada vez menos. E acredito que nesse ano de 2025 vai ser menos ainda. Se os homens lá em cima não derem uma olhada, a coisa vai complicar mais”, alerta. Imagens mostram a variação no volume de água na cachoeira São José, em São Pedro, entre abril deste ano (à esq.) e atualmente — Foto 1: Acervo pessoal — Foto 2: Acervo pessoal Ele diz que o número de nascentes têm reduzido na região. “Vão acabando com aquelas mininhas. Tinha bastante mina que jogava água pro rio. Aqui, tinha umas dez minas. Hoje, tem duas que eu cato água pra usar em casa. Deus permita que não caia para zero. Aí, a consequência você sente na pele mesmo”. — Foto 1: Acervo pessoal — Foto 2: Acervo pessoal De risco de afogamento a água nos pés A sensação de impotência atinge gerações mais jovens da família Oliveira, como a filha de Sebastião, Daniella, que também relembra o cenário diferente do passado. “Quando a gente era pequeno, […] pra gente ter medo do rio, ele falava: ‘não pode chegar perto do rio porque não dá pé nem pra mim. E meu pai era um homem de mais de 1,80 metro. […] Hoje é essa tristeza, é um pé, é minha canela ali. Meu pai realmente falava a verdade. Tem quase dois metros de barranco aqui. Não tem água. É até triste de falar, de imaginar que aquele rio que meu pai contava a história não tem mais”. Daniela também diz lamentar pelos reflexos maiores que acredita que as próximas gerações vão enfrentar. “Eu não acredito que vai melhorar. Eu acho que vai piorar. Se eu hoje, com 47 anos, estou vendo isso, eu imagino com meu sobrinho de 3 anos, daqui 30, 40 anos, acho que não vai ter rio aqui no sítio pra ele ver, não vai ter história mais para contar do Rio Jacaré-Pepira, do sítio do vô”. Estiagem faz cachoeira ficar com fio d’água em São Pedro — Foto: Wesley Almeida/ EPTV ‘Nascentes morrendo’ O reflexo é visível, também, no paredão exposto da cachoeira São José, por onde corre apenas um fio d’água atualmente. O curso do córrego do passa cinco está com a vazão muito menor. “Hoje o clima mudou muito. E a turma da região nossa plantou muito eucalipto. O eucalipto puxa muita água. Então, as nascentes que tinha tá morrendo tudo por causa do eucalipto”, diz o dono do sítio, Valentim Aparecido Fernandes Gaona. O comerciante Elivelton Marinho Boloni, que tem um bar turístico no local, percebe a decepção dos clientes ao verem a cachoeira nessas condições. “Tristeza, né. É tão bonito quando tá cheio, e agora, nessa época, pessoal vem visitar a cachoeira e nem água tem. A gente sofre muito aqui com eucalipto queimado. Há uns três ou dois anos atrás, queimou mais de 120 alqueires aqui na serra”. Ele mostrou à reportagem um outro ponto da propriedade onde havia uma cachoeira que secou completamente. Seca reduz volume de água e expõe paredão de cachoeira — Foto: Wesley Almeida/ EPTV Já no Ribeirão Pinheirinho, um dos que abastece a cidade de São Pedro, o volume está 50% abaixo do normal, segundo o serviço de saneamento da cidade. O Departamento de Engenharia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) fez um levantamento das últimas chuvas significativas na região de Piracicaba e, na comparação com a série histórica desde 1917 para os meses de janeiro a agosto, a redução no volume de chuvas em 2024 é de mais de 28%. (28,4%). Especialistas relacionam situação a queimadas “A gente combina os maiores picos de temperatura máxima, que normalmente acontecem entre setembro e outubro, com um bloqueio atmosférico que impede a entrada de frentes, mantém a umidade muito baixa. E um lado humano, que é o número de incêndios muito acima da média, causado por pessoas, 99% deles, e que as pessoas precisam se conscientizar de que não dá mais para usar o fogo”, alerta Fábio Ricardo Marin, professor do Departamento de Engenharia da Esalq. Ele afirma que a tendência é melhorar de forma expressiva a partir da segunda quinzena de outubro. “A gente vai ter alguns eventos de chuva mas, dado esse longo período de seca, a gente precisa de uma chuva expressiva para quebrar essa seca e esse calor muito forte e a gente acha que só acontece no mês que vem”. O climatogista Carlos Nobre, da USP, uma referência internacional na área, também afirmou que as queimadas têm relação com o problema. “Esse é um enorme risco. Explodiram os incêndios em todos esses biomas, na agricultura, silvicutura. E a maioria desses incêndios são criminosos” VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região

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