O agricultor Gabriel Facio Trombetta, de 31 anos, mora em uma chácara em Valinhos (SP), onde está acostumado a ver diversas espécies de animais, como saruês, ouriços, lebres, cobras e uma grande variedade de pássaros. No entanto, no último dia 15 de janeiro, enquanto estava na cidade, em busca de produtos agrícolas, ele foi surpreendido por um raro encontro: avistou um sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) leucístico sobre uma árvore. Gabriel ficou tão surpreso ao avistar um sagui com coloração diferente que decidiu gravá-lo. O animal estava acompanhado de um bando, mas todos os demais membros apresentavam a pigmentação típica da espécie. Inicialmente, o agricultor não sabia que se tratava de um animal leucístico, embora suspeitasse que fosse algum tipo de alteração genética. “Fiquei observando por alguns minutos, até que ele se afastou e seguiu junto aos outros saguis”, relata Gabriel. De acordo com o primatólogo Fabiano Melo, encontrar indivíduos leucísticos é raro. — Foto: Gabriel Trombetta Essa foi a primeira vez que ele se deparou com uma espécie assim, uma condição rara. Na chácara e na cidade, onde o agricultor costuma observar esses animais, todos os outros possuem a coloração comum. Mutação genética De acordo com o primatólogo Fabiano Melo, encontrar indivíduos leucísticos é raro. Uma possível explicação para essa alteração genética é que o sagui sendo uma espécie invasora, trazido ilegalmente pelo tráfico de animais e, posteriormente, solto na natureza, ao cruzar com indivíduos aparentados, ou seja, geneticamente semelhantes, a probabilidade de surgirem mutações genéticas aumenta. Mesmo entre os saguis nativos da Mata Atlântica, que vivem em grupos pequenos e isolados, esse tipo de mutação pode ocorrer devido ao cruzamento entre parentes próximos. A endogamia, nesse caso, eleva as chances de manifestações raras, como o leucismo, e pode até dar origem a outras mutações genéticas. Leucismo e Albinismo O albinismo é uma condição ainda mais rara do que o leucismo, caracterizada pela ausência total de melanina, o que resulta em um aspecto esbranquiçado e rosado na pele e nos olhos dos animais. Já o leucismo é uma variação na pigmentação, que afeta apenas a coloração da pele e dos pelos, sem impactar a pigmentação dos olhos. Dificuldades na natureza O leucismo é uma variação na pigmentação, que afeta apenas a coloração da pele e dos pelos — Foto: Gabriel Trombetta “O leucismo e o albinismo são condições que tornam os animais mais visíveis, comprometendo sua capacidade de camuflagem”, explica o especialista. Segundo ele, muitos animais possuem pelagens de cores que ajudam a se disfarçar e evitar a detecção por predadores. No entanto, indivíduos albinos ou leucísticos, com pelagem branca, tornam-se muito mais visíveis no ambiente, fazendo com que sejam mais suscetíveis à predação. Como resultado, a taxa de sobrevivência desses animais tende a ser significativamente menor do que a dos outros membros da espécie. Vídeos: destaques do Terra da Gente
Sagui com pelo branco é registrado por agricultor em Valinhos, SP
4
postagem anterior