‘Renascer’ termina com poucas, mas boas diferenças em relação à novela de 1993

‘Renascer’ termina com poucas, mas boas diferenças em relação à novela de 1993

É uma pena, mas “Renascer” recebeu menos atenção do que merecia. Em 2022, nosso momento de pandemia voltou todos os olhos para o remake de “Pantanal”. Dois anos depois, o raio não caiu no mesmo lugar, e a saga de Zé Inocêncio e seus quatro filhos contra seu maior inimigo, o coronel Egídio, não virou conversa de bar, apesar do elenco bem escalado e da bela direção. O último capítulo, exibido nesta sexta (6), trouxe diferenças em relação à história original: Inácia (Edvana Carvalho) ficou com parte da propriedade do amigo e patrão Zé Inocêncio; o matador Damião (Xamã) finalmente abriu um sorriso; e Mariana (Theresa Fonseca), em vez de deixar Ilhéus, ficou com a fazenda do avô e descobriu um absurdo parentesco com Teca (Livia Silva). Zinha (Samantha Jones) e Lilith (Lucy Alves) se beijaram mais uma vez. E, em vez de morrer na cadeia, Tião Galinha (Irandhir Santos) teve final feliz. De resto, tudo seguiu como na novela original. Mas, como vivemos em tempos acelerados, os 197 capítulos deste remake deram a impressão de demorar mais para passar do que a trama original de 1993, que teve três semanas a mais. A seguir, os pontos altos e baixos da novela: Juan Paiva: A escolha do jovem ator para viver o sofrido João Pedro, torturado de culpa pela morte da mãe, parecia arriscada num primeiro momento. Aos poucos, Juan foi ganhando a novela, imprimindo uma mistura de força e fragilidade ao verdadeiro herói da novela; Coronel de pijama: Se em “Pantanal”, Zé Leôncio era sempre visto a cavalo ou de barco, em “Renascer” Zé Inocêncio raramente saía de casa, numa vibe de avô aposentado. Até quando começou o romance com Aurora (Malu Mader), era ela que ia até a fazenda atrás dele. Como o mesmo Marcos Palmeira viveu os dois personagens, a diferença de energia e disposição ficou ainda mais gritante; A força das mulheres: o autor Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, deu um jeito de aumentar o poder de muitas personagens em relação à trama original. Inácia (Edvana Carvalho) não tinha medo de dizer verdades ao patrão, Sandra (Giulia Buscascio) nunca teve medo de enfrentar o pai e Eliana (Sophie Charlotte) comandou o seu destino do começo ao fim; Mariana: A mulher que vira a cabeça de João Pedro e depois se casa com o pai, José Inocêncio, sempre foi o ponto fraco da trama. Casada com o coronel, ela nunca deixou de querer conquistar o filho, num comportamento ambíguo que afastou o público. Adriana Esteves foi duramente criticada por sua Mariana em 1993, mas, com a chegada do remake, ficou ainda mais claro que o problema da personagem é mais do autor do que das atrizes. Desta vez, Theresa Fonseca não comprometeu, mas também não brilhou; A primeira fase: Pode não ter sido tão marcante quanto a da novela original, mas contou com as belas performances de Antonio Calloni e Enrique Diaz como os dois grandes inimigos do jovem Coronelzinho; Dona Patroa: A dona de casa submissa e religiosa que consegue dar o grito de independência do marido parecia demais com a Maria Bruaca de “Pantanal”. Ficou ainda mais pesada na interpretação histriônica de Camila Morgado; O visual: OK, “Renascer” não contou com as mesmas paisagens deslumbrantes de “Pantanal”. Mas o diretor Gustavo Fernandez e sua equipe mantiveram o visual de cinema do começo ao fim, buscando sempre os enquadramentos menos óbvios para a maior parte das cenas. Nesta última semana, a morte do coronel Egídio (Vladimir Brichta), numa tocaia em que Mariana o arrastou para as sombras, foi impactante; Maria Santa: Na novela original, a aparição da mulher morta de Zé Inocêncio foi um dos pontos altos da novela e consagrou a atriz Patrícia França. Desta vez, as cenas em que Maria Santa (Duda Santos) surge do além para falar com o coronel ou com Zé Pedro, apesar de lindamente filmadas, não tiveram o mesmo impacto. Esta coluna é dedicada a Sérgio Mendes, um dos maiores músicos do Brasil, que morreu nesta sexta. É dele, entre outras maravilhas, “Lua Soberana”, música-tema de “Renascer”, que foi promovida à abertura da nova versão da novela. Thiago Stivaletti Salvar artigos Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Começou a carreira como repórter na Folha de S. Paulo e foi colunista do portal UOL. Como roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Globo) e o TVZ (Multishow).

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