A lista inclui grande participação da indústria, principalmente a automotiva, além de recursos destinados a obras de infraestrutura e serviços em geral. Na liderança está a China, com R$ 27,9 bilhões, seguida por Japão (R$ 20,2 bilhões), Singapura (R$ 8,8 bilhões) e Coreia do Sul (R$ 6,9 bilhões). A região de Campinas abrange desde recursos bilionários da sul-coreana Hyundai, em Piracicaba (SP), e da chinesa Great Wall Motors (GWM), em Iracemápolis (SP), além de aportes em pesquisa e desenvolvimento de grandes companhias em Campinas, e a parcela da chinesa CRRC no consórcio que vai operar o Trem Intercidades entre a metrópole do interior e a capital. Margarida Kalemkarian, pesquisadora do Núcleo de Gerência de Economia (Gecon) da Fundação Seade, destaca a importância da região de Campinas na área de pesquisa e inovação, e que essa combinação com a concentração de indústrias de grande porte impulsiona a economia regional. “A cadeia automotiva é grande, e acaba carregando uma série de outras atividades, como fornecedores de autopeças, serviços e comércio. E a região de Campinas tem, junto, essa característica da pesquisa, inovação. Mesmo em caso de empresas com unidades de fabricação em outros locais, o investimento em P&D fica na região”, destaca. Um exemplo citado por Margarida é a BYD, que fez um investimento na planta para fabricação de automóveis em Camaçari (BA), mas mantém em Campinas a fábrica de chassis de ônibus e a produção de painéis fotovoltaicos de última geração, além da central de P&D. Tarcísio de Freitas em visita à fábrica da GWM em Iracemápolis — Foto: Gabriela Ferraz/EPTV No caso da Hyundai, em fevereiro de 2024 a empresa sul-coreana anunciou investimentos de R$ 5,4 milhões no Brasil. A companhia com a planta em Piracicaba (SP), assim como demais empresas do setor, aproveitam um incentivo do governo para a produção de veículos com eficiência energética. Trem Intercidades Projeto de infraestrutura e mobilidade aguardado há décadas em São Paulo, o Trem Intercidades que prevê ligar Campinas a capital com um serviço expresso também aparece na relação de aportes asiáticos. O projeto prevê investimento total de R$ 14,2 bilhões, e uma parcela será de uma grande companhia chinesa. Com 40% do consórcio vencedor do leilão, a chinesa CRRC é um dos líderes mundiais na comercialização de equipamentos ferroviários, exportando para “mais de 100 países e regiões do mundo”. De acordo com Margarida Kalemkarian, a empresa pode manifestar interesse ainda em futuros projetos de mobilidade por trilhos em discussão no estado de São Paulo. “A CRRC é fabricante de trens, e está interessada em tudo o que tiver relação com o negócio dela. Como teremos novas licitações, provavelmente estará presente”, avalia Margarida. Modelo de trem da CRRC, empresa chinesa que compõe o consórcio vencedor do leilão do Trem Intercidades — Foto: CRRC Investimentos por região De acordo com a Fundação Seade, no período analisado, 70% dos investimentos anunciados foram direcionados à indústria (R$ 45,1 bilhões), e R$ 18,5 bilhões a negócios de infraestrutura. Serviços (R$ 1,2 bilhão) e comércio (R$ 20 milhões) ficaram com as menores fatias. A Região Administrativa de Campinas concentra R$ 22,4 bilhões dos recursos, a maior fatia do estado. Ela é seguida pelas RAs de Sorocaba de Sorocaba (R$ 12,9 bilhões) e Bauru (R$ 8,5 bilhões). “Valores expressivos também foram direcionados à Região Metropolitana de São Paulo (R$ 2 bilhões) e às regiões de Santos (R$ 1,5 bilhão) e São José dos Campos (R$ 622 milhões)”, destacou o Seade. Já os investimentos com abrangência inter-regional, sem uma especificação de valor para cada região, totalizaram R$ 16,8 bilhões no período analisado. 90 cidades A Região Administrativa de Campinas considerada pelo Seade é composta por 90 municípios. São eles: Aguaí, Águas da Prata, Águas de Lindóia, Águas de São Pedro, Americana, Amparo, Analândia, Araras, Artur Nogueira, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Brotas, Cabreúva, Caconde, Campinas, Campo Limpo Paulista, Capivari, Casa Branca, Charqueada, Conchal, Cordeirópolis, Corumbataí, Cosmópolis, Divinolândia, Elias Fausto, Engenheiro Coelho, Espírito Santo do Pinhal, Estiva Gerbi, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Ipeúna, Iracemápolis, Itapira, Itatiba, Itirapina, Itobi, Itupeva, Jaguariúna, Jarinu, Joanópolis, Jundiaí, Leme, Limeira, Lindóia, Louveira, Mococa, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Mombuca, Monte Alegre do Sul, Monte Mor, Morungaba, Nazaré Paulista, Nova Odessa, Paulínia, Pedra Bela, Pedreira, Pinhalzinho, Piracaia, Piracicaba, Pirassununga, Rafard, Rio Claro, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Bárbara d’Oeste, Santa Cruz da Conceição, Santa Cruz das Palmeiras, Santa Gertrudes, Santa Maria da Serra, Santo Antonio de Posse, Santo Antonio do Jardim, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo, São Pedro, São Sebastião da Grama, Serra Negra, Socorro, Sumaré, Tambaú, Tapiratiba, Torrinha, Tuiuti, Valinhos, Vargem, Vargem Grande do Sul, Várzea Paulista e Vinhedo. Exportações A lista vai dos Estados Unidos, maior comprador, a locais que despertam a curiosidade, seja por serem territórios remotos, como Svalbard, arquipelágo no Ártico vinculado a Noruega, ou pela presença nos noticiários, relacionados, na maioria das vezes, a temas polêmicos, como é o caso da Coreia do Norte. Enquanto a maior potência econômica do mundo movimentou US$ 3,4 bilhões em produtos da região de Campinas, a lista de exportações inclui uma negociação de apenas US$ 1, ou R$ 5,20 na cotação atual, com a pequena República de Nauru, na Oceania. Localizada no Pacífico Sul, a ilha de 21 quilômetros quadrados tem uma população estimada de 11 mil habitantes. Consta nos dados de comércio exterior que o negócio envolveu “produtos cerâmicos”. Confira, no mapa abaixo, cada um dos territórios que receberam exportações da região de Campinas: Na relação dos menores valores de exportações em 2023 também estão a ilha de São Bartolomeu, no Caribe, que movimentou US$ 59, enquanto o principado de Mônaco fechou negócios que totalizaram US$ 89. Nos dois casos, os produtos exportados pela região de Campinas estão classificados como “instrumentos e aparelhos de óptica, de fotografia, de cinematografia, de medida, de controle ou precisão; instrumentos e aparelhos médico-cirúrgicos”. Superiates se reúnem em Mônaco — Foto: Getty Images/BBC O levantamento da Fundação Seade é elaborado com base em dados de natureza administrativa e aduaneira, extraídos do Sistema Integrado de Comércio Exterior – Siscomex e do Portal Único de acesso às estatísticas de comércio exterior, conjunto de informações oficiais que gerencia as exportações e importações brasileiras. “Nesses sistemas, os dados são declarados pelos exportadores e importadores para compor os registros oficiais”, informa. VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região