Os dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), ferramenta do Observatório do Clima, mostram que 4,51 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e) foram emitidos em Paulínia, um aumento de 9,1% em relação ao ano anterior. Veja dados por ano: Emissões de gases do efeito estufa em Paulínia (tCO2e) Fonte: SEEG 🔍 Os gases do efeito estufa são responsáveis pelo aquecimento do planeta e, consequentemente, pelo aumento da frequência de eventos climáticos extremos, como temporais e queimadas. O ano de 2023 teve o maior volume de emissões desde 2015, quando a cidade bateu recorde. Segundo o SEEG, o principal gerador de gases estufa na cidade foi o refino de petróleo, atividade feita pela Replan, a maior refinaria da Petrobras. Veja emissão por setor econômico: ⛽ Refino de petróleo: 4.336.875 tCO2e 🚛 Transportes: 688.201 tCO2e 🏭 Indústria: 168.902 tCO2e 🔌 Geração de eletricidade: 121.792 tCO2e Segundo David Tsai, coordenador do SEEG, a refinaria é um grande emissor porque em duas etapas na produção de combustíveis são gerados os gases do efeito estufa. “Tem dois processos que ocasionam emissão em uma refinaria. Primeiro é o próprio consumo de combustível dentro dela. Consumo de energia para girar as atividades da produção. A outra é o escape de gases por conta dos processos. Então são vazamentos intencionais ou não intencionais de gases”, explicou. Por outro lado, o setor de resíduos sólidos na cidade retirou gases estufa da atmosfera através do aterro sanitário. Em 2023, foram 857.076 tCO2e, valor que reduziu 16% as emissões da cidade. “É a recuperação de metano, de biogás em aterro sanitário. Ou seja, uma emissão que seria gerada pelos aterros, ela acaba sendo aproveitada de forma energética, dando uma finalidade para esse gás. Por isso, que ela entra como emissão negativa na contabilidade do sistema de emissões”. Ranking Considerando todo o estado de São Paulo, Paulínia só ficou atrás da capital paulista e de Guarulhos em volume de emissões de gases estufa. Veja ranking: São Paulo: 14.472.375 tCO2e Guarulhos: 4.750.934 tCO2e Paulínia: 4.513.377 tCO2e São José dos Campos: 3.725.161 tCO2e Campinas: 2.934.902 tCO2e Cubatão: 2.828.911 tCO2e O que diz a Petrobrás Questionada sobre os indicadores, a Petrobras respondeu em nota que está comprometida com a redução de emissões em suas operações e AQfirmou ainda que, entre 2015 e 2023, reduziu as emissões operacionais de 78 milhões de toneladas de CO2 para 46 milhões de toneladas, “uma redução equivalente a três vezes o setor de aviação brasileira”. A companhia ainda destacou que “as emissões de metano foram reduzidas em 70% nesse período”. “A empresa tem o compromisso de neutralizar o lançamento de gases de efeito estufa até 2050, e para isso criou o Programa Carbono Neutro. Acreditamos que conciliar o foco em petróleo e gás com a diversificação de portfólio em negócios de baixo carbono é o caminho mais eficaz e justo para a transição energética”. A Petrobrás afirmou também que seu atual planejamento (2025-2029) prevê o investimento de US$ 16,3 bilhões em projeto de baixo carbono, um incremento de 42% em relação ao planejamento passado. “Em 2021 estruturamos o Programa RefTOP, com objetivo de nosso Parque de Refino estar entre os melhores do mundo em eficiência operacional, sustentabilidade e eficiência energética. Os programas RefTop e Carbono Neutro abrangem a operação da Refinaria de Paulínia, cujos indicadores, em 2024, estão muito próximos da meta de 2030”. Recorde em Campinas Campinas registra aumento de 6% na emissão de gases poluentes “Esses gases emitidos para a atmosfera regulam o sistema climático. É como se fosse um cobertor invisível, é uma capa invisível. Quanto mais a gente aumenta a grossura desse cobertor, jogando gases na atmosfera, maior a quantidade de calor a gente vai acumular na atmosfera, o que vai gerar toda essa energia que leva a esses eventos extremos climáticos”, explicou David Tsai. Emissão de gases do efeito estufa em Campinas nos últimos 10 anos (toneladas CO2e) Metrópole registrou recorde em 2023 Fonte: SEEG Emissões por setor Em Campinas, o setor dos transportes (passageiros e de cargas) é responsável por 69,7% das emissões, seguida por saneamento básico, que inclui lixões, aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto. Veja detalhamento: ✈️ Transporte (carros, caminhões, ônibus, aviões): 1.994.110 tCO2e (67,9% do total)🚽️ Saneamento básico (esgoto e lixo): 686.754 tCO2e (23,3% do total)🏗 Edificações (construção): 143.817 tCO2e (4,9% do total)🐄 Pecuária: 71.754 tCO2e (2,4% do total)🚜 Agricultura: 18.946 (0,6% do total) 🔍 Entenda: são vários os gases emitidos (carbono, metano, ozônio, enxofre) que geram o efeito estufa, com isso, para padronizar, o SEEG faz a conversão dos demais poluentes em gás carbônico. Assim, a medida do estudo é em toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e). Transportes Transporte aéreo liderou a emissão de poluentes em Campinjas — Foto: PA Media/BBC Dentro do setor dos transportes, a aviação (de carga, de passageiros e militar) foi responsável pela maior parte dos lançamentos em Campinas. Além disso, as emissões do setor aéreo cresceram 17,7% na comparação com 2022. Veja abaixo o dado bruto de 2023 por categoria: ✈️ aviões e helicópteros: 960.708 tCO2e (+ 17,7% em relação a 2022)🚗 carros: 506.625 tCO2e (+ 8,3% em relação a 2022)🚛 caminhões: 309.768 tCO2e (+ 2,4% em relação a 2022)🚐 veículos comercias: 89.968 tCO2e (- 0,03% em relação a 2022)🚌 ônibus: 63.709 tCO2e (- 0,7% em relação a 2022)🛵 motocicletas: 39.856 tCO2e (+ 11,2% em relação a 2022)Total transportes: 1.994.110 tCO2e (+ 9,0% em relação a 2022) VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região