Fã do quadro, Clécio contou com ajuda da filha, Patrícia Mello, para se inscrever. O ano era 2023. O processo inicial incluiu uma carta e um vídeo curto de apresentação. Nele, o piracicabano exaltou as próprias raízes. “O pessoal pega no pé da gente aqui em Piracicaba pelo nosso jeito de falar. Mas eu acho que isso é uma coisa de orgulho, o fato de a gente ser caipira. Lembro que, no vídeo, eu falei que a gente mora na cidade onde fala o português mais bonito do Brasil [risos]. De repente, acho que foi isso que cativou o povo”, palpita o metalúrgico. Ele acredita que também pode ter pesado o fato de ter tido um único emprego, onde trabalhou mais de 40 anos. “Também tem a história da metalúrgica. Durante toda a minha vida, eu tive só um patrão”, afirma. Em 2018, o metalúrgico foi demitido da empresa. Na época, já era aposentado, mas sentiu muito com o desligamento. Isso porque foram mais de quatro décadas dedicadas ao ofício, que o permitiu aprender. Na empresa, entrou como aprendiz, se aperfeiçoou, foi da programação ao inglês e trabalhou com time de engenheiros, mesmo sem a graduação necessária. Tudo pelo “esforço e curiosidade”, como pontua. Clécio Mello participa do Quem Quer Ser Um Milionário — Foto: Reprodução/Globo ‘Leio um livro por semana’ 📖 Questões que traziam a altura do Monte Everest, o significado do conceito de Dendrologia e até sobre o princípio de Arquimedes foram respondidas com convicção pelo piracicabano. Segundo ele, isso foi possível por conta do hábito de leitura. “Eu leio um livro por semana. Tenho muitos livros em casa, mas pego também em biblioteca, empresto de amigos… sem contar os livros que já li duas ou três vezes. De tanto que a gente lê, a gente acaba esquecendo, então precisa ler de novo [risos]”, conta. Os autores cujas obras ele mais visita são Agatha Christie, Machado de Assis, Robin Cook, Sidney Sheldon e Frederick Forsyth. Além disso, afirmou ter uma coleção das revistas Superinteressante, publicação mensal sobre ciência, curiosidades e cultura. Paixão pelo samba 🎶 Outro hobby de Clécio é o samba. Tanto é que não hesitou e cantou música ao responder questão de samba-enredo. Em Piracicaba, ele toca cavaquinho no grupo de samba Sabadabada, que mantém com amigos. O Sabadabada apresenta-se em locais como o Clube dos Metalúrgicos, pesqueiros, bares e eventos diversos, mas de forma esporádica. “Só não tocamos todo final de semana porque temos nossas famílias. No bom sentido, ninguém está preocupado em fazer samba para ganhar dinheiro. A gente toca porque a gente gosta”, informa Clécio. Apesar da coincidência, Clécio afirma não ter “receita de bolo” para saber o conteúdo que vai cair nas perguntas. “Não existe um roteiro a seguir. Você tem que ser curioso, gostar de ler e tem um pouco de sorte de cair algum assunto que tenha na memória”, orienta. Clécio Mello conquista meio milhão de reais no ‘Quem Quer Ser Um Milionário’ — Foto: Reprodução/Globo História e planos para futuro ✍️ Clécio veio de família de origem pobre. O pai dedicava-se a uma usina de cana-de-açúcar e a mãe era trabalhadora do lar. Foi de Antônio, irmão 20 anos mais velho, que Clécio ganhou os primeiros lápis e cadernos. O presente era um convite ao estudo. Aprendeu a ler e escrever com cerca de quatro anos com ajuda do irmão. Estudou a vida inteira em escolas públicas de Piracicaba. Terminou o ensino médio, mas não conseguiu ir para a faculdade por questões financeiras. Na época, já ajudava em casa. Mesmo assim, não parou de estudar. “Deu um show de conhecimento […] O senhor é o Brasil que eu acredito, parabéns! Foi lindo”, afirmou Luciano Huck durante participação do programa. Ao longo das questões, o piracicabano teve quatro dúvidas. Três ele contou com algum tipo de ajuda. Já na última, a pergunta do milhão, desistiu por prudência. Não sabia e não queria arriscar perder os R$ 500 mil. “Agora eu vou viajar com a minha família. Quem convive comigo sabe que eu acredito que a vida é só essa aqui. Não dá para treinar nessa e fazer melhor na outra. Então, não tem porquê ficar guardando dinheiro, passando vontade. Você não vai levar nada disso aqui. Então, vou passear e aproveitar meus amigos”, conta. Durante o programa o participante revelou que, agora, quer levar a família para visitar a Itália. Pergunta do milhão 💰 Apesar de ter chegado muito perto do prêmio máximo do programa, o participante, que não tinha ajudas restantes para usar, decidiu parar e não responder a última pergunta: “em que ano e onde foi tirada a primeira fotografia?”. “Não sei nem o país, muito menos o ano, então acho que seria imprudente da minha parte. É um chute que eu acho que só o Pelé conseguiria acertar”, brincou. 📷 A resposta correta era a letra B, “1826 na França”. A primeira fotografia que se tem registro é atribuída ao francês Joseph Nicéphore Niépce. VÍDEOS: tudo sobre Piracicaba e região