Maria Aparecida de Arruda tinha 12 anos quando o Edifício Luiz de Queiroz, conhecido como Comurba, em Piracicaba (SP), desabou em 1964. Cida ficou presa nos escombros e conseguiu sobreviver. Hoje, ela conta que “nasceu de novo” ao relembrar da queda do Comurba. A tragédia, que completou 60 anos na última quarta-feira (6), matou pelo menos 50 pessoas e continua sem explicação e responsabilização. Aos 72 anos, Maria Aparecida afirma que ainda convive com o trauma da queda do edifício. “Não tem como esquecer uma tragédia dessas”, relata. O pai de Cida foi registrado por uma das fotos que estão nos arquivos do acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba quando procurava a filha nos escombros. Ela trabalhava em uma pensão ao lado do prédio, que estava sendo construído na época. Maria Aparecida de Arruda tinha 12 anos quando ficou presa nos escombros do edifício que desabou em 1964 — Foto: Reprodução/EPTV Marca na história O motorista aposentado Sebastião Ribeiro Batista também lembra do desabamento. Ele tinha 14 anos quando a tragédia aconteceu e ajudou a retirar os corpos dos escombros. “Na época levou dias para tirar todos de lá, é muito triste”, relembra. A construção do prédio teve início no final da década de 1950 e remetia à arquitetura do Edifício Copan, em São Paulo (SP). O apelido Comurba surgiu em função da empresa responsável pela obra, a Companhia de Melhoramentos Urbanos. O Comurba ocupava uma área entre as ruas São José e Prudente de Morais, onde hoje estão localizados o Poupatempo e a Caixa Econômica Federal. Na época, dos 15 andares, 14 estavam prontos, mas apenas o térreo estava em funcionamento. Prédio do Comurba, em Piracicaba (SP) remetia às tradicionais linhas do Edifício Copan na capital Paulista — Foto: Reprodução/Instituto Histórico Geográfico de Piracicaba Arquivo histórico Para marcar os 60 anos da queda do prédio, algumas instituições do município recuperaram e digitalizaram mais de 270 documentos que estão expostos no Poupatempo e vão ficar disponíveis na internet. A arquivista-chefe da Câmara de Piracicaba, Giovanna Calabria, conta que o objetivo da mostra é lembrar os piracicabanos da tragédia que não teve explicação até hoje. “Muitos nem sabem que na principal praça da cidade tinha um prédio que ruiu. A exposição é um arquivo histórico, que procura lembrar e informar os moradores sobre o que aconteceu”, explica a arquivista. De acordo com o historiador Fabrício Medeiros, se todos os andares do edifício estivessem funcionando, o número de mortos seria bem maior. O historiador explica que a construção foi muito esperada na época por ser considerado um símbolo de inovação no interior paulista. Exposição relembra 60 anos da tragédia do Comurba em Piracicaba — Foto: Instituto Histórico Geográfico de Piracicaba Exposição A exposição “Comurba – 60 anos da queda” no Poupatempo de Piracicaba reúne fotos originais do edifício e e registro da tragédia. A visitação segue até 6 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados das 8h às 12h. VÍDEOS: tudo sobre Piracicaba e região
Queda do Comurba: após 60 anos, sobrevivente de desabamento em Piracicaba relembra tragédia
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