Após ser filtrada, a água suja ou contaminada pode ser usada para beber e cozinhar. Somados, os aparelhos têm capacidade de fornecer até 2 milhões de litros de água filtrada por dia, o suficiente para atender 1 milhão de pessoas, considerando o consumo diário de 2 litros por pessoa em situações de emergência, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A pesquisa, que tinha o objetivo de desenvolver um purificador de água portátil, de baixo custo e fácil instalação e manutenção, foi concluída em 2018 e contou com alunos e professores do Departamento de Engenharia Mecânica da universidade para desenvolvimento do protótipos e testes dos filtros (veja reportagem sobre a pesquisa). O desenvolvimento do equipamento também teve a participação da Universidade de São Paulo (USP). Purificadores de água doados para ajudar às vítimas das enchentes no RS foram desenvolvidos em parceria com a UFSCar de São Carlos — Foto: Reprodução redes sociais O desabastecimento de água tem sido uma das principais preocupações dos moradores do RS e um dos principais desafios encontrados para atender a população. A utilização dos purificadores irá agilizar o abastecimento de água, que passa pela dificuldade de transporte do produto. Ao todo, 428 dos 496 municípios do estado enfrentam problemas causados pela chuva. São quase 1,5 milhão de pessoas afetadas, sendo 232,6 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 67.563 em abrigos e 165.112 desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos). Purificadores Purificador que vai ajudar vítimas das enchentes no RS tem tecnologia desenvolvida em parceria com a UFSCar — Foto: Reprodução redes sociais Os purificadores enviados ao RS são produzidos pela PWTech (sigla para Pure Water Technology), empresa com sede em São Carlos (SP). A startup surgiu em 2019 com o propósito de levar a água potável a lugares de difícil acesso. Os aparelhos foram adquiridos por meio de uma campanha do influenciador Felipe Neto, que arrecadou mais de R$ 4,8 milhões em doações, e levados para o RS pela Força Aérea Brasileira (FAB). A PWTech doou outros 16 purificadores. Segundo a fabricante, cada equipamento tem um custo de R$ 18 mil e foi acompanhado de um kit de manutenção e um filtro de linha, totalizando R$ 22 mil. O purificador consiste em uma caixa com menos de 1 metro de largura e 43 cm de altura, e aproximadamente 18 quilos, capaz de purificar água doce contaminada de rios, lagos e açudes. Terminal de ônibus foi tomado pela água em Porto Alegre — Foto: Andre Penner/AP A tecnologia desenvolvida para a “estação de tratamento portátil” contempla um processo bastante simples: se inicia com uma cloração, passa por dois níveis de filtro particulado e acaba em uma membrana de ultrafiltração, que nada mais é do que o filtro usado em máquinas de diálise. O purificador funciona em diferentes fontes de energia e é capaz de filtrar de 5,6 mil litros a 10 mil litros de água por dia, reduzindo em até 99,5% a presença de partículas e eliminando 100% os vírus e as bactérias. Onde os purificadores já foram usados No Brasil, os equipamentos já foram destinados a áreas remotas e sem infraestrutura de saneamento básico, como a Ilha do Bororé, em São Paulo, e comunidades indígenas Yanomami, no Amazonas. Também se destina a programas na área de saúde e educação, disponibilizando água limpa para Unidades Básicas de Saúde e escolas. Os purificadores estão em mais de 20 países, em projetos e ações da ONU para crises humanitárias em regiões de conflito e sob o efeito de emergências climáticas, como Ucrânia, Faixa de Gaza, Síria, Haiti, Paquistão e Etiópia. Veja os vídeos da EPTV Central: