Produtores de café registram doninha-amazônica pela primeira vez na Bolívia

Um grupo de produtores de café flagrou um pequeno carnívoro extremamente raro, a doninha-da-amazônia (Neogale africana), perto de suas plantações na Bolívia, como parte de um programa de monitoramento científico cidadão. Em um artigo publicado no periódico Check List no final de junho, pesquisadores destacam que a observação representa o local mais ao sul e de maior elevação (1.400 metros acima do nível do mar) para a espécie. A publicação também destaca que o vídeo é o primeiro registro do animal vivo feito no mundo. Além disso, a espécie nunca havia sido registrada anteriormente no país. Segundo o artigo, os avistamentos foram feitos durante a manhã do dia 21 de outubro de 2023, em uma plantação de café à sombra na floresta Yungas, a cerca de 100 km da cidade de La Paz. Doninha-da-amazônia (Neogale africana) foi registrada na Bolívia — Foto: Eyner Eugenio Quispe Os autores do artigo ressaltam a importância da ciência cidadã para ampliar cada vez mais o conhecimento sobre a biodiversidade, uma vez que fotos e vídeos de animais fornecem aos cientistas e ao público em geral informações científicas valiosas. “À medida que mais e mais pessoas registram suas próprias observações com smartphones e câmeras, temos certeza de que esta não será a única contribuição cientificamente notável de cientistas cidadãos na Bolívia”, diz Nuria Bernal, autora principal do artigo. Em parceria com a WCS, produtores de café da Associação de Produtores de Café Ecológico Regional Larecaja (APCERL) puderam aumentar a produção e melhoraram a qualidade do produto simultaneamente à conservação de florestas na Amazônia e nos Andes. Espécie rara A única espécie de doninha do Brasil habita áreas de floresta densa na Bacia Amazônica e são pouquíssimas as pessoas que tiveram o privilégio de observá-la na natureza, segundo o biólogo e consultor do Terra da Gente, Luciano Lima. Animal é considerado extremamente raro devido à falta de registros — Foto: Eyner Eugenio Quispe De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), a espécie pode ser vista como candidata para uma listagem de Dados Insuficientes (DD), “porque quase nada se sabe sobre sua ecologia, ameaças e distribuição”. “No entanto, suspeita-se que ocorra em uma grande área de habitat quase intacto, o que sugere que não está atualmente em declínio a uma taxa suficiente para se qualificar para listagem”, diz a nota do portal. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente