A fala acontece em meio a pressões internacionais para que Putin volte a negociar um cessar-fogo, ideia que chegou a ser considerada em 2022, quando suas tropas invadiram a Ucrânia, mas ficou parada nas mesas de negociações naquele mesmo ano. O líder russo disse que discutiu com o presidente chinês, Xi Jinping, uma proposta feita pelo presidente francês, Emmanuel Macron, de uma trégua durante as Olimpíadas de 2024, que acontecerão na França em julho. A visita de Putin à China acontece dias depois de o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinkin, também viajar a Pequim e pedir a Xi Jinping que pressionasse o aliado russo por uma trégua. Durante a visita a Pequim, ele disse também ter conversado sobre paz com Xi Jinping, um dos seus únicos aliados atuais e o mais forte deles. No entanto, o líder russo culpou a Ucrânia pela ofensiva em Kharkiv e voltou a acusar o presidente do país, Volodymyr Zelensky, de ter sido quem emperrou as negociações de paz. “Sobre o que está ocorrendo na direção de Kharkiv, isso também é culpa deles (Ucrânia), porque eles bombardearam e continuam, infelizmente, a bombardear bairros residências na área, incluindo Belgorod (cidade russa perto da fronteira com a Ucrânia)”, acusou Putin. Quando questionado por repórteres se havia planos para tomar o controle de Kharkiv, ele disse que “atualmente, não há esse plano”. Convocação de presos na Ucrânia Nesta sexta-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou duas leis polêmicas na tentativa de aumentar suas tropas: Uma delas permite que presos condenados por crimes sirvam ao Exército e lutem na guerra. Outra aplica multas ao quem não responda a convocações das Forças Armadas. Zelensky ainda não havia se pronunciado sobre as aprovações até a última atualização desta reportagem. A convocação de presidiários para a guerra é uma das táticas que vêm sendo adotadas por Putin desde os primeiros meses de sua ofensiva na Ucrânia. Nova ofensiva russa Veja quais são os interesses da relação entre China e Rússia O cenário de estagnação que marcou a guerra da Ucrânia durante cerca de um ano ficou para trás. Aproveitando a demora da chegada de mais ajuda do Ocidente para tropas ucranianas, a Rússia conseguiu avançar sobre frentes de batalha no leste, criou novas no norte e agora se aproxima da conquista da segunda maior cidade ucraniana. O governo da Ucrânia já trabalha com o cenário de uma ofensiva russa ainda maior nas próximas semanas. Pesa o fato de que, com a falta de ajuda do Ocidente, as forças da Ucrânia estão em menor número em infantaria, blindados e munições atualmente nas frentes de batalha. Por isso, o Exército ucraniano está na defensiva ao longo da linha de frente, que tem uma extensão de cerca de 1.000 quilômetros, e tenta construir linhas de defesa mais fortes. Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, think tank dos Estados Unidos que monitora diariamente a situação nas frentes de batalha dos principais conflitos ativos no mundo, a situação na Ucrânia neste momento é a seguinte: As forças russas têm avançando principalmente nos arredores de Kharkiv, com incursões no norte e nordeste da cidade, e estão perto de conquistá-la;No leste, a posição atual da Rússia, de dominação de quase toda a região, permite que tropas do país possam escolher “múltiplas direções” para avançar em Avdiivka, em Donetsk;Fora da Ucrânia, o Kremlin tem investido em uma campanha contra países da Otan, utilizando interferências no GPS e sabotando infraestruturas logísticas militares. Além de ser a maior cidade depois da capital Kiev, Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, é também um importante centro industrial e científico da Ucrânia, além de ter se tornado um dos símbolos da resistência na guerra. As tropas da região foram as que mais resistiram a ataques russos ao longos dos mais de dois anos de guerra. Por isso, uma eventual vitória da Rússia na cidade pode também ter um peso simbólico e ser uma das importantes da guerra. Homem trabalha em construção de nova linha de defesa da Ucrânia na cidade de Kharkiv, no nordeste, em abril de 2024. — Foto: Evgeniy Maloletka/ AP