“Eu pretendo ganhar esta eleição. (…) Quando você cai, você se levanta”, disse Biden durante comício eleitoral em Raleigh, na Carolina do Norte, indicando que não pretende desistir da disputa pela Casa Branca. O presidente dos EUA perdeu o primeiro debate presidencial para Donald Trump, apontam quase todos os analistas políticos. Durante a disputa televisionada, Biden apresentou voz rouca —atribuída a um resfriado—, pouco entusiasmo e hesitou em diversos momentos. Trump, por outro lado, despejou uma série de mentiras com calma e de forma assertiva, sem ser corrigido por Biden. No comício desta sexta, Biden apresentou forma diferente em relação ao debate. Falou com mais energia em discurso que durou 20 minutos, concluiu suas frases e falou de forma clara. Durante seu discurso, Biden reconheceu a questão da idade e reforçou sua posição na disputa. “Eu sei que não sou um homem jovem, para dizer o óbvio. (…) Eu não estaria concorrendo novamente se não acreditasse de todo o coração e alma que posso fazer este trabalho. Os riscos são altos demais”, disse o candidato democrata. O ex-presidente Barack Obama saiu em defesa de Biden — que foi seu vice em seus mandatos entre 2009 a 2017 –, dizendo que “noites de debate ruins acontecem”. “Noites de debate ruins acontecem. Confie em mim, eu sei. Mas esta eleição ainda é uma escolha entre alguém que lutou por pessoas comuns durante toda a sua vida e alguém que só se importa consigo mesmo. Entre alguém que diz a verdade; que sabe o que é certo e errado e falará francamente com o povo americano — e alguém que mente descaradamente para seu próprio benefício. A noite passada não mudou isso, e é por isso que há tanto em jogo em novembro”, disse Obama em publicação no X (antigo Twitter) nesta sexta. Biden e Trump trocam ofensas em 1º debate presidencial As eleições dos EUA acontecem em 5 de novembro. A convenção dos democratas, que vai confirmar Biden como candidato à reeleição, será entre 19 de agosto e 22 de agosto —daqui a menos de dois meses. Após o debate, a imprensa norte-americana citou o estado de pânico de uma série de integrantes do Partido Democrata e a preocupação se o presidente dos EUA terá capacidade de governar por mais um mandato. É possível substituir Biden? As críticas ao desempenho do presidente Biden no primeiro debate presidencial na quinta (27) fez crescer uma questão: é possível substituí-lo como candidato do Partido Democrata à presidência? Em tese, sim. É possível que o Partido Democrata substitua Biden por outro candidato. Mas uma coisa é a teoria; outra, a prática. Um dos principais problemas é que os delegados que votarão em Biden são, em tese, do próprio presidente, e não do partido — nos Estados Unidos, os pré-candidatos de cada partido disputam prévias em cada Estado e território do país, elegendo um certo número de delegados em cada um deles. Quem tiver o maior número de delegados ao final do processo se torna o candidato do partido à Presidência. Joe Biden em debate presidencial, nos Estados Unidos, em 27 de junho de 2024 — Foto: REUTERS/Brian Snyder Foi a campanha de Biden, e não o partido, quem angariou esses delegados em cada estado, que já realizaram suas primárias presidenciais. As regras democráticas determinam que os delegados que Biden ganhou continuem obrigados a apoiá-lo na próxima convenção nacional do partido, a menos que ele lhes diga que está abandonando a disputa. A brecha nessa história é que as convenções e suas regras são controladas pelos partidos políticos. O Comitê Nacional Democrata poderia se reunir antes da abertura da convenção, em 19 de agosto, e mudar essas normas, mas isso não é provável por conta de outra norma: deve ser o próprio candidato quem expresse o desejo de retirar sua candidatura. Biden pensa em desistir? Não, segundo fontes próximas a ele, que dizem que o presidente vem indicando não ter planos de desistir. Aos apoiadores, na saída do debate, afirmou: “Vamos continuar”. A porta-voz da campanha de Biden, Lauren Hitt, foi ainda mais clara na sexta-feira após o enfrentamento com Trump: “É claro que ele não vai desistir”. As regras atuais dizem: “Os delegados eleitos para a convenção nacional comprometidos com um candidato presidencial devem, em sã consciência, refletir os sentimentos daqueles que os elegeram”. Isso já aconteceu? Não, e esse é um dos problemas.