‘Preciso encontrar meu filho’, diz mãe de piloto que sumiu após decolar em fazenda na Venezuela

‘Preciso encontrar meu filho’, diz mãe de piloto que sumiu após decolar em fazenda na Venezuela

A viagem de ida de Pedro – conhecido como Pedro Buta – para a Venezuela teria sido em 17 de agosto. Segundo o dono da aeronave, o empresário brasileiro do ramo da mineração Daniel Seabra de Souza, que atualmente está na Venezuela, Pedro pousou na cidade Caicara del Orinoco e ficou alguns dias na região. O último contato de Pedro Buta – como era conhecido – com a família foi no dia 1º de setembro. “O senhor Daniel Seabra afirma que passou o domingo em Caicara com o Pedro. E ele fala calmamente. Aí, na segunda-feira, o Pedro pegou o avião e sumiu. Alguém viu o Pedro pegar o avião? Como que uma pessoa pega um avião e ninguém vê, numa fazenda, que ele está decolando? Eu preciso, eu preciso encontrar meu filho.” A Polícia Federal e a Força Aérea Brasileira (FAB) apuram o desaparecimento de Pedro, que foi visto pela última vez com a aeronave que pilotava, o monomotor Bellanca Aircraft. Ao RJ2, Seabra disse que comprou o avião recentemente no Brasil e que, no mês passado, contratou o piloto para ir com o avião buscá-lo no país vizinho. “O último contato que eu tive com ele via WhatsApp foi no domingo, 1º de setembro. Até então, eu pensava que ele estava na Bahia. Porque, pensando em me proteger de preocupação, ele não havia me relatado que estava na Venezuela”, disse Maria Eugenia. Um documento, assinado por Pedro, informa que o piloto entregou a aeronave para Daniel em 17 de agosto, na Venezuela. O termo é assinado tanto por Pedro como por Daniel. “Dia 4 de setembro, nós iríamos regressar ao Brasil porque dia 6 tinha que fazer o CVA [Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade] da aeronave. No dia 1º, encontrei o Pedro pela manhã, ele me cumprimentou. Dali, eu saí para os meus afazeres e não vi mais o Pedro. Mais tarde, eu mandei mensagem para ele, ele não respondeu. Na segunda-feira, fui fazer minhas coisas, mandei mensagem, ele não respondeu. Eu falei, ‘uai, será o que está acontecendo?’ Aí, foi que eu tive a informação que nem ele nem o avião estavam lá. E que ele teria saído com um terceiro que não tem, que eu não conheço, não tem identificação de quem é esse terceiro”, disse Daniel. Daniel afirma não saber do paradeiro de Pedro, nem do avião. Embora Pedro e o avião tenham sido vistos pela última vez na Venezuela, não há registros de que a aeronave tenha obtido autorização para entrar no país de forma legal. A suspeita é que, na viagem de ida, o transponder – o dispositivo eletrônico que permite que ele seja rastreado – estivesse desligado. A desconfiança ganhou força depois que a família de Pedro recebeu uma conversa entre o piloto e o dono do avião. Por mensagens, às quais o RJ2 teve acesso, Pedro diz para o empresário Daniel Seabra: “Estou pensando aqui… Posso pousar em Rio Branco, abastecer e passar um plano para qualquer fazenda no rumo da missão. Aproximo, desligo o transponder e meto o pé para frente”. Pedro completa: “Nem pouso. Só entro no circuito, desligo o transponder e sigo”. O dono da aeronave concorda mais uma vez: “sim”. Suposta troca de mensagens entre o piloto e o dono da aeronave — Foto: Reprodução/TV Globo “Se você pegar essa conversa para cima, vai ver que é outra coisa, eu coloquei ‘sim’, ele perguntou de novo, e eu coloquei ‘sim’ lá em cima. Não é do transponder do avião. Não sei quem enviou essa mensagem, não tenho nem ideia de quem mandou”. Questionado pelo RJ2 se poderia enviar a conversa inteira para esclarecer o teor da conversa, ele nega. “Vou apresentar para a Polícia Federal”. A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o último plano de voo registrado pela aeronave foi no dia 17 de agosto, partindo de Boa Vista, em Roraima, às 8h17, com destino a uma fazenda, localizada em Amajari – cidade em Roraima que fica próximo à fronteira com a Venezuela. Ainda segundo a FAB, o sinal do avião foi perdido ao entrar em espaço aéreo sem cobertura de radar e não há registros de nova decolagem do avião. “Até o momento as informações são insuficientes para que seja possível realizar buscas utilizando meios aéreos”, diz a nota. O Ministério das Relações Exteriores afirmou que acompanha o caso por meio da Embaixada do Brasil em Caracas, capital venezuelana, que presta a assistência consular aos familiares do brasileiro e está em contato com as autoridades locais.

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