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Por que o Oasis ainda desperta tanta comoção

por admin
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BBC News Brasil “Ele é como um homem usando um garfo em um mundo de sopa.” A gloriosa frase de Noel Gallagher sobre Liam, em abril de 2009, talvez tenha sido um sinal de que a parceria notoriamente conturbada entre os irmãos poderia chegar ao fim. O rompimento aconteceu quatro meses depois, em um show particularmente mal-humorado em Paris (agosto parece ser o mês de todos os grandes momentos do Oasis). Ninguém ficou muito surpreso quando Noel finalmente saiu da banda -mesmo no auge do sucesso, o atrito fazia parte da fama deles. O Oasis era mais do que simplesmente uma banda extremamente popular, era uma novela com dois dos personagens rivais mais carismáticos do rock and roll. Um podcast recente de oito partes da BBC sobre a ascensão e queda do Oasis foi dividido não por álbuns ou turnês, mas por oito brigas famosas. No entanto, vale a pena lembrar o quão famosos eles eram. Para quem não viveu esse período ou fez de tudo para evitá-lo, o Oasis foi, em seu auge em meados dos anos 1990, quase inevitável. “(What’s the Story) Morning Glory?” foi o maior álbum britânico daquela década, vendendo cinco milhões de cópias no Reino Unido, e 22 milhões em todo o mundo. Treze anos antes do rompimento conturbado em 2009, eles estavam, em agosto de 1996, no auge do seu reinado. Em duas noites, 250 mil pessoas assistiram à banda como atração principal em Knebworth, na Inglaterra, no que foi o ponto alto do britpop. As atrações “restantes” eram simplesmente: Manic Street Preachers, The Prodigy, The Charlatans, The Chemical Brothers, Ocean Colour Scene e Cast. Em fevereiro de 1996, o Oasis tocou “Don’t Look Back in Anger” e seu lado B -um cover de “Cum on Feel the Noize”, do Slade- no Top of the Pops, se consagrando como uma das únicas bandas a tocar duas músicas em um episódio na história do programa musical da BBC. Além disso, eles apareciam quase todos os dias nos jornais. Quando Tony Blair obteve uma vitória esmagadora nas urnas em 1997, ele realizou uma recepção comemorativa no número 10 da Downing Street, sede do governo e residência oficial do premiê britânico, em Londres. A foto dele, sorrindo, apertando a mão de um Noel Gallagher igualmente sorridente se tornou a imagem que definiu aquela breve lua de mel, a Cool Britannia, uma onda de orgulho da cultura britânica no fim da década de 1990. “Eu tinha 30 anos, estava chapado de drogas, e todo mundo me dizia que éramos a melhor banda desde sabe-se lá quem”, Noel relembra. “Então o primeiro-ministro convida você para tomar uma taça de vinho. Tudo isso vira parte da onda.” Esse foi o último grito da cultura pré-internet, quando aparecer nas paradas de sucesso, na TV e nos jornais era uma garantia de que praticamente todo mundo no país, gostando ou não de você, saberia da sua existência. Noel estava certo quando disse: “Você tem que nos ver na liga dos Rolling Stones agora. Todo mundo já ouviu falar dos Stones, todo mundo sabe como eles são, todo mundo sabe o que eles fazem.” Só havia uma direção que eles poderiam seguir. Quando a banda começou a trabalhar em seu próximo álbum, “Be Here Now”, “(What’s the Story) Morning Glory?” ainda estava em quinto lugar na parada da Billboard dos EUA. Quando foi lançado em agosto de 1997, a euforia inicial diminuiu rapidamente. O que talvez seja notável é o fato de eles terem conseguido permanecer juntos por tanto tempo. Quando Noel foi questionado sobre a ideia de uma ópera sobre o Oasis, ele disse: “Não acho que dois caras tendo a mesma discussão por 16 anos, repetidamente, seja o material de uma ópera. Oasis: The Opera seria muito breve.” Mas mesmo em seus momentos mais conturbados, eles ainda eram uma força. Ao assisti-los no festival de Glastonbury, em 2004, lembro que mesmo quem havia acabado de chegar só por curiosidade sabia todas as letras. Na era do Spotify e das playlists privadas, isso não acontece exatamente da mesma forma. “Você não pode se cansar de 15 mil pessoas gritando por “Wonderwall”. É melhor que droga”, como Noel disse. Agora, 15 anos depois, o Oasis protagonizou outro grande momento em agosto, anunciando que vai voltar aos palcos em 2025 em uma turnê mundial. O público de 250 mil pessoas de Knebworth, em 1996, está agora na faixa dos 40 e 50 anos, mas muitos conseguiram passar um pouco de seu fervor para os filhos. Há muita gente com 20 e poucos anos que sabe a letra toda de “Wonderwall”. Mas até a turnê, precisamos de 12 meses sem uma grande desavença. Um fã escaldado talvez tente garantir ingressos para uma das primeiras datas. Este texto foi originalmente publicado aqui.

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