ALERTA DE GATILHO: Este texto contém descrição de violência sexual A paciente, que também é fisioterapeuta relatou que, no dia 7 de novembro, passou por consulta com um ortopedista para tratamento de uma lesão no glúteo, e ele a orientou a receber uma eletroterapia, indicando um fisioterapeuta. Na sexta (8) pela manhã, ela contatou o fisioterapeuta indicado e, às 10h, iniciou um atendimento com ele. “Do meio para o fim [do atendimento], ele começou a deslizar a mão dele dessa lesão, e eu falava para ele: ‘não é aí a lesão, é mais para cima’. Eu pedi duas ou três vezes para ele, porque com o dedão ele mexia na minha lesão e, com os outros quatro dedos da mão, ele caminhava para o meio das minhas pernas. E eu pedia para que ele subisse”, detalha. Segundo a paciente, a investida foi escalonando. “Do meio das minhas pernas ele tentou mexer na minha vagina e eu comecei a me mexer, pedi para ele parar […] Quando eu tentei me levantar, ele puxou o meu quadril e eu sentei em cima dos meus tornozelos, tentando me levantar. Ele já veio com uma investida muito mais forte, afastou a minha calcinha e foi colocando a mão para dentro da minha vagina. Eu me levantei rapidamente, pedi para que ele parasse […] Deu para ver que ele estava excitado ali”, acrescenta. Ela disse que o fisioterapeuta ainda fez comentários após isso. “Ele olhou para mim, bem perto do meu rosto, e falou que eu era muito gata. E eu olhei para ele e disse assim: ‘Nossa, o que você está falando?’. Ele fez assim: ‘não dá, não dá para mim, você é gata demais'”. A denunciante conta que correu para sua casa e pediu ajuda ao marido. Eles retornaram à clínica, onde ela denunciou o caso ao gerente. Segundo ela, o fisioterapeuta que a atendeu admitiu o ocorrido. “Dado um determinado momento, ele assumiu que ele tinha feito isso, na minha frente, na frente do meu marido e na frente do [gerente da clínica]. E disse que ele tinha se arrependido desse elogio que ele fez pra mim, mas que eu estava exagerando, que não era pra tudo isso”, relatou. A fisioterapeuta afirmou que formalizou uma denúncia no conselho de fisioterapia, na Polícia Civil e acionou a Justiça. E afirmou que, após o ocorrido, houve uma confraternização na clínica, conforme posts feitos por funcionários da empresa em redes sociais. “Eu não sei aonde a equipe achou que estava tudo bem, fazer uma comemoração com uma pizzada e um karaokê e postar isso em rede social. A minha vida virou um inferno, porque enquanto eles estavam comendo pizza, eu estava dentro de uma delegacia e fazendo exame corporal, porque o rapaz me machucou, entendeu?”, lamentou. Olívia Fonseca, delegada da DDM de Piracicaba — Foto: Caroline Giantomaso/g1 Casos são investigados pela DDM A Polícia Civil aponta existência de três boletins de ocorrência envolvendo o suspeito. As investigações seguem por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Piracicaba (DDM). “A autoridade policial realiza oitivas e demais diligências visando o total esclarecimento dos fatos. Detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial”, informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo em nota enviada ao g1 nesta quinta-feira (14). Segundo a delegada Olívia Fonseca, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Piracicaba, após a primeira denúncia ter sido divulgada na imprensa, outras duas mulheres também se pronunciaram. “Ao tomar conhecimento da primeira denúncia, vieram até esta especializada e relataram fato similar contra o mesmo profissional. As declarações das três mulheres são coesas. O crime que está sendo apurado é o de violação sexual mediante fraude”, disse. Fisioterapeuta é afastado A clínica onde o fisioterapeuta trabalha publicou um comunicado oficial no Instagram, no último sábado (9). “Os relatos recebidos retratam uma situação inaceitável e que requer imediata averiguação. Informamos que logo após tomarmos ciência, o profissional envolvido foi afastado de suas funções e assim permanecerá até que as apurações se encerrem, quando prontamente adotaremos medidas adequadas”, apontou. A empresa acrescentou que “lamenta profundamente” e se solidariza com a paciente. “Porquanto, reafirmaremos nosso compromisso com a transparência e, acima de tudo, a ética e o respeito em todas as nossas atividades, inclusive na condução da presente questão”, finalizou. O que diz a defesa Advogado do fisioterapeuta, Willey Sucasas também emitiu uma nota a respeito do caso. “A legislação brasileira proíbe a divulgação de fatos e dados atinentes a investigações dessa natureza, especialmente quando isso consta expressamente em documentos oficiais. Portanto, em respeito a lei, bem como ao bom nome e honra das pessoas envolvidas, os advogados por enquanto não comentarão nada a respeito dos fatos. Enfatizam, todavia, terem a mais plena certeza e absoluta convicção de que no local e momento oportuno, nos autos da investigação, tudo será cabalmente esclarecido”, disse. O que diz a clínica Em nota enviada ao g1, a empresa afirma que “repudia veementemente qualquer forma de assédio e está acompanhando com total atenção e seriedade o caso relatado pela paciente, aguardando o desdobramento da investigação para que todas as medidas cabíveis possam ser tomadas”. “Ressaltamos nosso compromisso contínuo com a ética e o respeito, promovendo ações e treinamentos frequentes para toda a equipe. Nossa prioridade é garantir que nossos profissionais estejam sempre alinhados aos mais altos padrões de conduta e respeito ao paciente”, acrescentou. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região
Polícia investiga três denúncias de crime sexual contra fisioterapeuta em Piracicaba
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