Pesquisa descobre nova espécie de ave da Caatinga originária de variações históricas do Rio São Francisco

Pesquisa descobre nova espécie de ave da Caatinga originária de variações históricas do Rio São Francisco

De acordo com o estudo, alterações no curso do Rio São Francisco e oscilações climáticas ocorridas ao longo de um milhão de anos causaram a divisão do grupo de aves em duas espécies distintas. A nova espécie foi nomeada como Sakesphoroides niedeguidonae. Além de divergências moleculares, foram descobertas também diferenças de plumagem e de canto entre os grupos analisados, evidenciando que realmente se tratava de uma nova espécie na natureza. Macho da espécie recém-descoberta (Sakesphoroides niedeguidonae) possui face preta — Foto: Pablo Cerqueira Publicado na terça-feira (18), o artigo é fruto de parceria entre o Instituto Tecnológico Vale (ITV), o Museu Paraense Emílio Goeldi e as universidades federais do Pará (UFPA) e do Rio Grande do Norte (UFRN). Um dos indivíduos coletados foi uma fêmea adulta procedente da Serra Vermelha, entorno do Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI). O estudo A pesquisa envolveu a análise de 1.079 aves, incluindo 92 exemplares preservados em museus e 987 fotografias digitais, além de 115 gravações sonoras e 58 amostras de material genético. Foram estudados ainda 568 registros de ocorrência, permitindo a estimativa da história genética e das relações de parentesco entre as linhagens. Paisagem da Caatinga, bioma onde ocorrem os indivíduos da nova espécie — Foto: Pablo Cerqueira Como resultado, a equipe descobriu dois padrões distintos no canto das aves, correlacionados com diferenças na plumagem das fêmeas, e uma variação genética de 1,8% entre os grupos. Se os indivíduos pertencessem à mesma espécie, essa variação seria próxima de zero. Conclusões De acordo com o pesquisador do Instituto Tecnológico Vale (ITV-DS) e autor do artigo, Alexandre Aleixo, os achados evidenciam a possibilidade de descrever novas espécies na Caatinga, de diferentes grupos biológicos, principalmente se houver incorporação de dados moleculares nos estudos. Pablo Cerqueira, pesquisador-bolsista do ITV e primeiro autor do artigo, destaca que esse foi o primeiro estudo a mostrar um novo padrão evolutivo para as aves da região, sinalizando que ainda há muito a ser descoberto. Além de abrir espaço para outras pesquisas, o estudo pode contribuir para a criação de estratégias de proteção para essas espécies e para o ecossistema como um todo. Paisagem da Caatinga, bioma onde ocorrem os indivíduos da nova espécie — Foto: Pablo Cerqueira “Os futuros estudos ecológicos e populacionais podem ser mais focados em cada uma das espécies, avaliando se os tamanhos populacionais estão sofrendo influência do desmatamento e se variam com o aumento de temperatura”, exemplifica Cerqueira. A partir da hipótese de diversificação da Caatinga mediada pelo rio São Francisco e das oscilações climáticas históricas, o grupo planeja continuar testando esses padrões em outras espécies com distribuição similar. “Queremos também trabalhar com genomas completos em torno dessa nova espécie e entender melhor como é a relação com a espécie irmã quando elas se encontram”, conclui Aleixo. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente

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