A Coreia do Sul ficou em meio a um caos político hoje (3), depois que o presidente do país decretou a lei marcial. A medida deixa de lado direitos civis e impõe leis militares. O próprio líder do partido do presidente se declarou contra a medida. Horas depois do decreto, o parlamento sul-coreano votou por derrubar a lei marcial. Essa foi a primeira vez que a lei marcial foi imposta na Coreia do Sul em mais de 40 anos. O país teve uma série de líderes autoritários ao longo da história, mas é considerado democrático desde a década de 1980. Em um discurso transmitido pela TV sem aviso prévio, o presidente Yoon Suk-yeol disse que tomou a medida para proteger a nação de ameaças de aliados da Coreia do Norte e para manter a ordem livre e constitucional. Yoon Suk-yeol, que está no poder há dois anos, não citou nenhuma ameaça específica do norte com armas nucleares e se concentrou nos adversários políticos internos. O líder da oposição, que tem maioria no parlamento, afirmou que a lei marcial era ilegal, já que com o decreto atividades políticas ficam proibidas e a mídia passa a ser controlada por militares. Mas isso não impediu que a imprensa e milhares de manifestantes se reunissem em frente ao parlamento, pedindo a revogação da lei e gritando palavras de ordem. O acesso ao prédio foi fechado e forças especiais foram enviadas para conter o protesto. Mesmo assim, os legisladores conseguiram entrar e fazer uma sessão de emergência. Votaram e aprovaram uma moção, exigindo que a lei marcial fosse suspensa. Ao anunciar o resultado, o presidente do parlamento disse que a Assembleia Nacional vai defender a democracia junto com o povo. Pela legislação sul-coreana, o presidente é obrigado a cumprir o resultado da votação. Yoon Suk-yeol fez um novo pronunciamento pela TV, dizendo aceitar a demanda do parlamento e afirmando que suspenderia a lei marcial. Logo depois da decisão, soldados que cercavam o parlamento começaram a se retirar. Mas a maior crise política do país em décadas deixou muitas marcas de destruição dentro do prédio. * Com informações da Agência Reuters.