Sir Guttmann decidiu organizar eventos esportivos para seus pacientes no exato momento em que aconteciam os Jogos Olímpicos de Londres. Naquela época, 16 veteranos em cadeiras de rodas competiram em uma prova de tiro com arco e “netball”, disciplina derivada do basquete. Sem saber, o doutor Guttmann acabava de criar um novo movimento esportivo. Em 1952, foram lançados os primeiros Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, com a participação de uma equipe de veteranos holandeses, além dos britânicos. A partir de então, estes Jogos passaram a acontecer todos os anos. Dois anos depois, a competição se ampliou com a participação de 14 nações. A maioria dos participantes, todos paraplégicos, era paciente de hospitais ou centros de reabilitação cujos diretores médicos seguiram o exemplo de Stoke Mandeville, ao incluir o esporte nos seus programas. Pouco mais de uma década depois, em 1960, os 9° Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, considerados os primeiros “Jogos Paralímpicos”, foram realizados em Roma, seis dias após a conclusão dos Jogos Olímpicos. Cinco mil pessoas assistiram à cerimônia de abertura no estádio Acqua Acetosa onde estavam presentes 23 nações, com 400 atletas, todos em cadeiras de rodas. Oito modalidades estavam na programação: atletismo, basquete em cadeira de rodas, natação, tênis de mesa, tiro com arco, bilhar, lançamento de dardos paralímpico e esgrima em cadeira de rodas. Em Tóquio, em 1964, as corridas em cadeiras de rodas fizeram sua estreia com a prova de 60 metros. Na época, não existiam cadeiras esportivas. Os atletas usavam as mesmas que utilizavam em sua vida cotidiana. Os primeiros protótipos, um pouco mais estudados, mas ainda artesanais, só surgiram no início da década de 1980. O movimento paralímpico começa a existir Atleta da Austrália segura a bandeira do Brasil durante os Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016 — Foto: Leo Correa/AP Em 1972, em Heidelberg (Alemanha), antes dos Jogos Olímpicos de Munique, pela primeira vez, os chefes de delegação e treinadores se reuniram para discutir os regulamentos em vigor em cada prova, optando pela criação de subcomitês por esporte dentro do comitê organizador dos Jogos de Stoke Mandeville. Esta decisão ofereceu a cada disciplina mais autonomia no seu desenvolvimento e abriu caminho para futuras classificações de deficiência por esporte. Em Toronto (Canadá), em 1976, 261 atletas amputados e 187 atletas com deficiência visual puderam participar, além dos atletas cadeirantes. Em 22 de setembro de 1989 foi fundado o Comitê Paralímpico Internacional (IPC), um momento importante na história dos Jogos Paralímpicos. O IPC supervisiona e coordena os Jogos Paralímpicos de Verão e Inverno, bem como outras competições para atletas com diversas deficiências. O ano 2000 marcou uma virada na história dos Jogos Paralímpicos. Para os 11° Jogos Paralímpicos em Sydney, o Comitê Organizador Paralímpico compartilhou recursos com o Comitê Organizador Olímpico. Assim, os gestores e funcionários do local foram responsáveis por ambos os eventos. Cobertura da mídia Arco do Triunfo com o símbolo dos Jogos Paralímpicos, em Paris — Foto: REUTERS/Tingshu Wang Em 19 de junho de 2001, foi assinado um acordo entre o COI e o IPC para garantir e proteger a organização dos Jogos Paralímpicos. Ele confirmou que a partir dos Jogos de Pequim 2008, os Jogos Paralímpicos acontecerão sempre logo após os Jogos Olímpicos e utilizarão os mesmos locais e instalações esportivas, a mesma Vila Olímpica, a mesma cobertura de custos de taxas de inscrição e de viagem. Com isso, cada futura cidade-sede escolhida possou a ser obrigada a organizar os Jogos Olímpicos e os Paralímpicos. Em Pequim também foi confirmada a progressão da cobertura da mídia com emissões em 80 países, atingindo 3,8 bilhões de telespectadores no total. Depois, os Jogos de Londres em 2012 marcaram uma mudança para uma grande demonstração de inclusão e orgulho. O Rio em 2016 e Tóquio em 2021 ampliaram o movimento. VÍDEOS: mais assistidos do g1